O tema “sustentabilidade” já nem pode mais ser caracterizado como um assunto “atual”, uma vez que se discute isto desde o início dos anos 80. Mas, infelizmente, nestes quase 30 anos de abordagem do assunto, muito pouca coisa foi realizada na busca pela racionalidade no uso de recursos – naturais ou não. O termo sustentabilidade aplicado à causa ambiental representa basicamente o uso consciente de recursos, de forma a satisfazer plenamente as necessidades dos usuários e mantendo, entretanto, as condições para que as gerações futuras também o façam. Desta maneira, nossas atividades não deveriam interferir prejudicialmente nos ciclos de renovação da natureza e nem destruir estes recursos de forma a privar as gerações futuras de sua assistência.
Atualmente, o setor da construção civil tem sido considerado um dos grandes vilões do meio ambiente. E não é para menos, uma vez que afeta o meio ambiente de forma agressiva por diversas vezes! De maneira geral, pode-se dizer que o material utilizado na construção é ecologicamente agressivo (a fabricação do cimento, por exemplo, libera aproximadamente 1 tonelada de CO2 para cada tonelada de cimento produzido); o processo gera quantidade significativa de resíduos e desperdícios de materiais e a utilização de edifícios com problemas bioclimáticos geram excesso de gasto energético (com iluminação ou ar condicionado, por exemplo).
Mas um projeto sustentável vai além de telhados verdes ou reuso de água da chuva. Conforme os estudiosos da área, um empreendimento sustentável precisa ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Para ser, portanto, sustentável, a construção deve minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos sobre todas as suas etapas (projeto, obra, entrega e manutenção). Como exemplo, é preciso que o empreendimento tenha capacidade de aproveitar os recursos naturais de forma passiva, como aproveitar o máximo da iluminação natural, promover ventilação ou captar energia solar buscando, com isso, racionalizar o uso de energia elétrica com a redução no uso de ar-condicionado em ambientes naturalmente climatizados, redução na utilização de iluminação artificial com ambientes bem iluminados naturalmente e aquecimento solar da água ao invés do uso de chuveiros elétricos. A instalação de sistemas e tecnologias que permitam redução no consumo de água, como reaproveitamento de água da chuva ou regulação térmica e acústica com a utilização de materiais inteligentes também ajudam a criar ambientes naturalmente saudáveis. Uma construção sustentável ainda utiliza materiais e tecnologias biocompatíveis (que não agridem o meio ambiente), minimiza o desperdício de materiais e busca soluções para seus resíduos.
E é buscando uma nova maneira de compreender a construção, bem como buscando um aprimoramento constante, que compartilho com nossos clientes e amigos a alegria de estar participando da III turma do Curso de Especialização em Construções Sustentáveis, oferecido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR - antigo CEFET). Ao longo de todo este ano, trarei algumas vezes a vocês assuntos relativos a este tema, compartilhando estas novas experiências.