Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste, 6º Domingo da Páscoa, o Evangelho de João, traz o discurso sobre o amor. Jesus repete três vezes a mesma coisa. “Se vocês me amam, observa os meus mandamentos”. Amar o Senhor é o centro do judaísmo, do cristianismo e do islamismo: “Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força”. Agora, depois que viram como Jesus os ama com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças, tendo-se tornado seu servo e dado por eles, os discípulos missionários estão em condições de amá-lo. Quer dizer, de corresponder ao seu amor: o nosso amor por Ele é resposta ao seu amor por nós, que quer que sejamos semelhante a Ele; daí aquele ‘portanto’! Ele, de fato, é fiel e nos ama de amor eterno. Amar, porém, não é uma ideia cerebrina ou um vago sentimento ou uma paixão irrefreável. O amor assume expressão concreta da prática dos mandamentos. Amar é acolher e viver a Sua palavra. O pano de fundo do discurso de despedida de Jesus é o tema da Aliança. Os vários componentes da Aliança estão aí: amor e observância da Palavra, presença e imanência reciproca dos aliados, dom do Espírito e de um coração novo, conforme as promessas. Não há muito que explicar, pois tudo isso faz parte de nossa vida no que tem de mais comum e quotidiano. Em toda relação positiva entre as pessoas, esses ingredientes se fazem presentes: amar e ser amado, respeitar a palavra dada, conviver, ver a pessoa amada, viver e conhecer, abrir o coração e falar, recordar e sonhar, alegria e paz. Esses elementos todos não estão soltos, mas andam juntos, como os trilhos de um trem, ou como os membros de um corpo: quem ama respeita a palavra do amado, vive com, o vê, vive sua vida, conhece-o. O coração de tudo, porém, é o amor. O verbo ‘amar’ aparece 10 vezes no texto. É como a sua urdidura. É a relação do discípulo missionário com o Pai, com Jesus e com os outros discípulos missionários. Pelo dom do Espírito, Deus não está mais distante, está ‘conosco’. Está ‘junto’ a nós. Está ‘em’ nós. É o fruto do amor de Jesus: a comunhão com ele, o Filho, nos põe em relação com o Pai e nos faz viver do seu amor. Depois de tê-lo dito no início do capítulo: “Não se perturbe o vosso coração”, Jesus repete: “Não fiquem perturbados”. A partida de Jesus não deixa e não deve deixar um vazio cheio de medo e falta de coragem. A ida de Jesus, porque inaugura um novo modo de presença é o princípio do seu ser em nós com o seu amor. É a sua herança, o seu testamento. Jesus parte, mas envia do Pai o seu Espírito. É o Espírito Santo, o Consolador, o Advogado, que ensinará e recordará todas as coisas. É o Espírito de amor, cujo fruto é a sua paz e a sua alegria. A sua partida não é a partida da morte, mas um vir a nós com a sua presença de amor, presença que vence o mal e revela o verdadeiro rosto do Pai. ‘Paz’. A paz é o dom que contém todos os outros. É a recompensa de quem procurou e encontrou o que buscava. Jesus deixa a paz messiânica, plenitude de toda bênção. Essa paz nasce do amor e floresce na alegria. Não é a ‘paz do mundo’. A paz do mundo é o intervalo entre duas guerras. É a ‘pax romana’, fruto do poder das armas. É a paz dos estoicos, que não se perturba com ninguém e com nada. É a ‘pax perniciosa’, que vive do egoísmo próprio ou alheio. A paz de Jesus tem raízes divinas. Nasce de um amor mais forte que a morte. Vive no Crucificado Ressuscitado, que nos torna concidadãos dos santos e familiares de Deus.
06/05/13 – Seg: At 16,11-15 – Sl 149 – Jo 15,26-16,4a
07/05/13 – Ter: At 16,22-34 – Sl 137 – Jo 16,5-11
08/05/13 – Qua: At 17,15.22-18,1 – Sl 148 – Jo 16,12-15
09/05/13 – Qui: At 18,1-8 – Sl 97 – Jo 16,16-20
10/05/13 – Sex: At 18,9-18 – Sl 46 – Jo 16,20-23a
11/05/13 – Sáb: At 18,23-28 – Sl 46 – Jo 16,23b-28