Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 5º Domingo do Tempo da Páscoa, o Evangelho de João, apresenta o ‘agora’ que é o início da ‘hora’ da glorificação do Filho do Homem, na qual é expulso o chefe deste mundo e finalmente conhecemos, EU-SOU. O momento em que as trevas dominam a luz é o mesmo em que a luz entra nas trevas. É a salvação! É por isso que a traição de Judas é a glorificação do Filho do Homem como Filho de Deus e, ao mesmo tempo, a glorificação do próprio Deus, que nele, em Jesus, o Filho do Homem, se revela como amor. A traição perpetrada por, ‘um dos Doze’ faz todo discípulo missionário sair tanto da presunção de salvar-se quanto da angustia de perder-se. A traição faz compreender que a salvação é um amor que não é negado nem se quer a quem o nega. Deus me ama e ama todo ser humano mais que a si mesmo, porque é Deus! Esta é a ‘maravilha’ realizada por Aquele que torna a pedra descartada a pedra angular. O assassinato do Filho é o pior mal que podemos fazer; Deus, porém, faz dele o máximo bem que nos pode oferecer: o dom do próprio Filho aos filhos perdidos. O Senhor, dando a vida a quem a tira dele, se revela por aquilo que é. É uma verdade o que José do Egito dizia aos seus irmãos: “Vós planejastes fazer o mal contra mim. Deus, porém, converteu-o em bem: quis exaltar-me para dar vida a um povo numeroso, como hoje estais vendo”. A traição de Judas parece a falência da obra de Jesus. João, porém, apresenta-a como cumprimento das Escrituras. O plano de amor de Deus se realiza não a despeito de, mas através das resistências dos seres humanos. As nossas resistências, em última análise, não faz senão “cumprir aquilo que atua mão e a tua vontade haviam estabelecido que acontecesse”. Põem em evidencia, de fato, o amor ‘perfeito’ e indubitável de Deus por nós. Judas Iscariotes não é ‘um dos Doze’, ou seja, não só um discípulo missionário histórico e um membro do ciclo mais íntimo dos discípulos missionários. Judas representa todo ser humano, inclusive os judeus e os discípulos missionários. Não é à toa que se chama ‘Judas’, nome que evoca ‘judeus’, e que seu pai se chama ‘Simão’, nome de Simão Pedro! O que o simbolismo de João quer dizer com isso? Que todos somos pecadores, que todos somos privados da glória de Deus e justificados gratuitamente pela graça. Neste sentido, Judas entra na fila dos que disputam o título de “discípulo missionário amado”. É justamente nesta cena em que refere a traição de Judas que se menciona pela primeira vez o “discípulo missionário amado”. É aqui que Jesus revela plenamente o seu amor. Assim como Jesus está voltado para o seio do Pai, este discípulo missionário está recostado no seio e depois reclinado no peito de Jesus. Para nós, geralmente, este discípulo missionário poderia ser João, Lázaro, Natanael, mas, de modo algum, Judas. Para Jesus, porém, o discípulo missionário amado, porém, é certamente Judas. Quanto não queria Jesus que ele, que se prepara para traí-lo, estivesse aconchegado em seu seio e reclinado em seu peito! A narração tem uma intenção precisa: fazer passar o Judas que está em nós da traição que medra em nosso peito ao beijo que já brota no coração de Jesus. A nossa identificação com Judas nos permite reconhecer e expulsar aquele mal, idêntico ao seu, mas tão bem camuflado, que mora em cada um de nós. O Evangelho não foi escrito para fotografar o passado, mas para mudar o presente do Leitor! A esta altura, o texto dá um salto e nos defronta com o mandamento do amor. Por que esse salto? Justamente para nos dizer que é mediante o amor que os discípulos missionários podem encontrar o seu Senhor. O ser humano vive onde ama, está onde está seu coração.
29/04/13 – Seg: At 14,5-8 – Sl 113b – Jo 14,21-26
30/04/13 – Ter: At 14,19-28 – Sl 144 – Jo 14,27-31a
01/05/13 – Qua: Gn 1,26-2,3 – Sl 89 – Mt 13,54-58
02/05/13 – Qui: At 15,7-21 – Sl 95 – Jo 15,9-11
03/05/13 – Sex: 1Cor 15,1-8 – Sl 18 – Jo 14,6-14
04/05/13 – Sáb: At 16,1-10 – Sl 99 – Jo 15,18-21
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