Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
Facebook Jornal Evolução       (47) 99660-9995       Whatsapp Jornal Evolução (47) 99660-9995       E-mail

Parkinson: Associação busca minimizar problemas de portadores

Segunda, 15 de abril de 2013

Fundada há um ano, a Associação Norte Catarinense de Portadores de Pankinsonismo conta com 25 associados e funciona sem ajuda oficial

 

Clique para ampliar
Presidente Udo Antonio Hackbarth (em pé) é o grande mabilizador da associação (Foto Pedro Skiba/Evolução)
  

Por Pedro Alberto Skiba

São Bento - Fundada há mais de um ano em São Bento do Sul, a Associação Norte Catarinense de Portadores de Parkinsonismo, tem na sua presidência Udo Antonio Hackbarth, 57 anos, há 17 portador da moléstia.  Tem como objetivo principal proporcionar o tratamento de integração, ressocializando aquele portador que muitas vezes sentia desânimo e alimentava o preconceito de aparecer em público, o que, segundo o presidente, é um dos maiores males. A doença é inevitável e não tem cura. Mas não impede que a pessoa procure minimizar os males e conviver com outros, semelhantes ou não. As atividades promovidas pela associação visam  exatamente  permitir  um tratamento que melhore os movimentos, até devolvendo alguns, e que a pessoa deixe de lado o preconceito e sinta-se participativa e útil. Qualquer recuperação é importante, pois melhora a qualidade de vida do portador, como facilita o convívio com familiares  e cuidadores. Em São Bento do Sul são cerca de 85 pessoas portadoras de Parkinson e a associação congrega até o momento apenas 25, sendo que dois são de Rio Negrinho. “Nossas fronteiras não estão fechadas para ninguém de outros municípios.  Nosso objetivo é fortalecer a associação, proporcionar maior número de atendimentos e principalmente quebrar tabus e preconceitos que envolvem muitas famílias, que praticamente escondem seus doentes no fundo de uma cama. “Sei das dificuldades de um portador frequentar restaurante e lugar público, mas temos que fazer tudo que é possível para melhorar essa ressocialização”, diz o presidente. A associação pede uma contribuição de apenas R$ 50,00 mensais para aqueles que podem ajudar e oferece indistintamente tratamentos fisioterápicos, fonoaudiológicos, terapias ocupacionais, musicoterapia e psicologia. As reuniões, que assim podem ser chamadas, e que oferecem a gama de terapias, são realizadas todos os sábados das 8:00 às 12:00, todas assistidas por profissionais que são remunerados pela associação. Além do aspecto do tratamento especializado, outro fator determinante para a melhora dos pacientes é o convívio com outros e a possibilidade de avaliar que nem sempre seu problema é maior do que o dos outros. Udo ressalta a participação da clínica Corpo Sano, que, mediante um pequeno aluguel mensal, disponibiliza todas as suas instalações para atendimento aos associados, que além dos tratamentos com os profissionais específicos aos sábados, têm também durante a semana atividades de natação e hidroginástica às segundas-feiras, fisioterapia às quartas e quinta-feira novamente piscina.

 

As reuniões e a terapia

Para embasar esta matéria, fomos conviver com estes portadores e assistir uma das reuniões - no último sábado. É interessante observar, desde a chegada, a alegria estampada no rosto destes pacientes que vão entrando de mansinho, apoiados e conduzidos, mas como criança alegria transbordante como se fossem jovens alunos chegando à escola. Neste momento esquecem a dor, o desconforto, as dificuldades e reconciliam-se com elas mesmo.  Entram e são carinhosamente recebidos pelos profissionais que ali estão, não apenas pelo ganho monetário, mas que demonstram também uma grande alegria por verificar a evolução do tratamento a cada semana. 

Florair Viginovski é uma das 25 associadas. Com 72 anos, sentiu os primeiros sinais da doença  nas últimas eleições para o Governo do Estado, quando ainda morava no interior de Mafra - observou que começou a tremer na hora em que foi votar e que uma das mesárias perguntou se ela estava nervosa. Diz ela que dali para frente as frequências aumentaram. Mudou-se para São Bento do Sul e desde a fundação da associação está participando do tratamento e diz sentir-se bem melhor. Um dos trabalhos a que está sendo submetida na clínica é o de fortalecimento dos músculos, conforme registro fotográfico, pois ela sequer conseguia segurar talheres ou descascar uma fruta, o que em curto tempo já foi recuperado. Segundo Neide Radol, terapeuta-ocupacional que trabalha com Florair, hoje ainda o maior problema dela é o tremor e os exercícios visam melhorar a questão para que ela consiga coordenar e ter um harmonia melhor de movimentos. O trabalho é feito de acordo com a necessidade de cada um e visa também integrar a família para que os exercícios sejam feitos também em casa, cujo apoio é imprescindível. Ela alerta também que se o paciente não tiver um tratamento adequado, a situação só tende a se agravar mais.

 

Clique para ampliar
(Fotos Pedro Skiba/Evolução)
 

Udo Antonio Hackbarth,  fundador  e presidente da associação, 57 anos de idade, desde os quarenta convivendo com a doença. Ele relembra que tudo começou com a rigidez dos músculos de um lado - “foi tudo muito pesado e na hora”. Viciou-se em remédios e nestes anos que passaram foi só piorando, afirma. “Eu tomava mais de um mil comprimidos por mês, e tive muito trabalho para passar essa fase e problemas gástricos, tendo que enfrentar um tratamento para desintoxicação”. Atualmente está começando a medicação, novamente do zero, cerca de 180 comprimidos ao mês, e sentindo-se muito melhor. A ideia da fundação da associação partiu dele e da esposa, diante da necessidade de ir para Curitiba toda segunda-feira para fazer fisioterapia na Associação de Parkinson do Paraná. “Devido ao cansaço e ao desgaste de transporte, nos prontificamos a fundar uma associação aqui e também facilitar a vida dos outros portadores, que não tinham condições deste tratamento fora de São Bento”. Udo conta que a maior dificuldade é levar os portadores para as reuniões e tratamento. “A gente, quando adquire a doença, não se sente bem, tem vergonha. Muitas vezes a família não quer mais nem te tirar de casa.  Fizemos várias visitas tentando convencer os familiares de portadores para frequentarem nossas reuniões e a resposta foi: ‘Não! Deixa ele deitadinho aqui em casa, que não incomoda’. Então é falta de conscientização e excesso de preconceito. Sei que é difícil você ver uma pessoa com  o mal de Parkinson em um supermercado, restaurante. Derruba as coisas, fica travada e acaba se sentindo pior. Eu, graças a Deus, já superei esta fase. O mal é meu. O problema é que as famílias têm vergonha do próprio familiar, escondem o doente”, relata. Seis profissionais assistem aos associados, inclusive um vindo de Curitiba, também todos remunerados pela entidade. O maior problema ainda enfrentado é o preconceito dos familiares, o transporte para as atividades e tratamento, e ainda não possuir nenhuma subvenção do Poder Público. “Nós nos revezamos, buscamos em casa, levamos de volta, e ainda prestamos também assistência odontológica”.  Udo esclarece que já foi conversar com o presidente da Câmara, vereador Cesar Godoy, para uma alteração na lei, pois devido ao pouco tempo de existência da associação não é permitido que receba ajuda oficial. Tenta-se também através da prefeitura viabilizar o transporte destes pacientes para aumentar a participação e o atendimento. O presidente convida quem quiser contribuir e conhecer o trabalho da associação a fazer uma visita na clínica Corpo Sano aos sábados, das 8:00 às 12:00. “O mais importante é nos indicar ou trazer os pacientes para tratamento. Podem ligar para (47) 9900-5811, para tentarmos melhorar a qualidade de vida deles. O financeiro é importante mas temos empresas e pessoas físicas que estão nos ajudando. Na última edição do Evolução publicamos nosso balancete mostrando tudo que recebemos e onde foi aplicado”, concluiu Udo.

 

Clique para ampliar
Udo Antonio Hackbarth e o voluntário Osmar Mühlbauer (Foto Pedro Skiba/Evolução)
 

Diego Fernando Alves, fisioteraupeta, estava em seu primeiro dia de atividade junto à associação. Ainda bastante jovem, disse estar se sentindo muito bem em poder prestar atendimento a esta clientela e saber que pode estar ajudando na melhora da qualidade de vida destas pessoas. “Nosso objetivo é não deixar a doença evoluir”. No momento Diego trabalhava com  a senhora  Selma, uma das associadas com maior grau da doença, mas que, para a alegria da equipe, quando lá estávamos caminhou de uma sala para outra, coisa que até seu próprio filho duvidava. É uma evolução muito grande, comentavam. “A gente se diverte e aprende muito com eles”, disse Diego.

 

Clique para ampliar
 

Silvana Lermen, fonoaudióloga, e presta trabalho junto à associação, e disse que além do aspecto profissional, trabalhar com estes pacientes é uma realização e uma satisfação pessoal. “É um trabalho gratificante em que alio minha experiência profissional de mais de 20 anos a poder ajudar estas pessoas que precisam de uma atenção especializada. Meu trabalho aqui está focado na parte de deglutição, mastigação, fala, exercícios respiratórios, associado para evitar as intercorrências quando tem engasgos, incordenação entre mastigação, deglutição e respiração. A musculatura não paralisa num lugar só, e nem de uma forma única. Cada paciente é único. Muitos apresentam problema de fala”. Silvana ressalta a importância do acompanhamento e da participação dos familiares para continuidade dos exercícios em casa. “Aqui temos um tempo com o paciente, mas ele precisa da continuidade durante a semana. Sinto muito a falta de acompanhamento dos familiares de um  modo geral. Ele depende destes cuidados”.

 

Clique para ampliar
(Foto Pedro Skiba/Evolução)
 

Osmar Mühlbauer, voluntário que está ao lado dos portadores de Parkinson. Osmar, que recupera-se de um AVC, dá mais uma demonstração de solidariedade e cidadania. Ele, que acompanha os trabalhos da associação, participou de nossa conversa e fez questão de registrar que esteve internado no Sarah Kubistcheck em Brasília, tratando de sua recuperação, e uma das exigências daquele é hospital é o paciente estar acompanhado de um familiar para que aprenda também os procedimentos e atue como coadjuvante no tratamento. Aprender sobre a doença, como lidar com esta situação, como poder contribuir. Osmar, que está em franca recuperação, disse não ter nenhum motivo parta reclamar da vida. “Acho que foi uma grande oportunidade de repensar muita coisa, e a convite do nosso presidente vim aqui para ajudar com a maior boa vontade - na verdade, quem está sendo ajudado sou eu. Conviver com estas pessoas é sempre um aprendizado. Nosso grande desafio é sensibilizar as pessoas a virem fazer parte aqui da associação, participarem deste convívio e testemunhar que a cada reunião as pessoas saem daqui melhor que quando chegaram. Não só pelas terapias, mas pela convivência, esse clima positivo, essa energia. Essa troca de forças ajuda a todos na sua evolução. Nós não somos uma ilha, nós precisamos das pessoas próximas, e elas de nós. Quero agradecer aqueles que já contribuem com a associação e aos profissionais que aqui se dedicam e a parceria com a Corpo Sano”.

 

Clique para ampliar
(Fotos Pedro Skiba/Evolução)
 

Alvino Becker, 84 anos, corpo ereto, muito boa aparência, e uma estrutura física invejável. Portador desde os 75 anos. “Fui travado durante um exercício de natação. Acho o trabalho aqui muito bom, e aconselho que quem sentir o problema, que comece a fazer exercício”. Diante de nossa manifestação pela sua disposição e performance, ele que estava na sessão de musicoterapia,  contou: “Faço academia, natação, caminho e todos os exercícios possíveis”.

 

Clique para ampliar
(Foto Pedro Skiba/Evolução)
 

Gerson Jaime Cavalieri, musicoterapeuta, mais um dos profissionais que se dedica a atender os pacientes da associação. Ele que mora em Curitiba, se desloca para cá todos o sábados. Explica que seu trabalho consiste na reabilitação, para melhorar a autoestima, respiração e várias partes do corpo, inclusive física. Conta que atendeu pacientes daqui lá em Curitiba e após a fundação da associação passou a atender aqui. Trabalha na área há oito anos. Ressaltou o trabalho da associação, a importância da imprensa. “A ignorância e a falta de informação ainda são os maiores obstáculos, aliados ao preconceito. Soube de um caso que uma família mantinha o seu doente preso em uma cama, literalmente amarrado porque não sabiam o que fazer. Sabemos que o paciente não vai sarar da doença, mas pode ter uma qualidade de vida bem melhor e que também facilita para os que com ela convivem. Se você não tratar cada vez vai piorar mais. Estas pessoas precisam ser ressocializadas, evitar a depressão. Aqui é uma série de atividades e trabalhamos unidos para trazer o paciente para cima. Hoje nossa referência é a dona Selma, um incentivo para todos”.

Maristela Barati Osmarini, fisioterapeuta que trabalhava com Osmar Mühlbaeur, aproveitou a oportunidade para uma sessão. Disse que trabalhar com  ele é uma beleza. Não reclama. Maristela também elogiou a performance do seu Becker e disse ser gratificante poder trabalhar com estas pessoas. “Poder estar ajudando e de alguma forma melhorando a qualidade de vida deles é mostrar também um  pouco de solidariedade e cidadania”. (P.S)

 

Doença de Parkinson ou mal de Parkinson

Descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1817, é caracterizada por uma desordem progressiva do movimento devido à disfunção dos neurônios secretores de dopamina nos gânglios da base, que controlam e ajustam a transmissão dos comandos conscientes vindos do córtex cerebral para os músculos do corpo humano. Não somente os neurônios dopaminérgicos estão envolvidos, mas outras estruturas produtoras de serotonina, noradrenalina e acetilcolina estão envolvidos na gênese da doença. O nome “Parkinson” apenas foi sugerido para nomear a doença pelo grande neurologista francês Jean-Martin Charcot, como homenagem a James Parkinson.

A doença de Parkinson é idiopática, ou seja é uma doença primária de causa obscura. Há degeneração e morte celular dos neurónios produtores de dopamina. É portanto uma doença degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. É uma das doenças neurológicas mais frequentes visto que sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos por cem mil habitantes, acometendo, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de idade.

É possível que a doença de Parkinson esteja ligada a defeitos sutis nas enzimas envolvidas na degradação das proteínas alfanucleína e/ou parkina (no Parkinsonismo genético o defeito é no próprio gene da alfanucleína ou parkina e é mais grave). Esses defeitos levariam à acumulação de inclusões dessas proteínas ao longo da vida (sob a forma dos corpos de Lewy visiveis ao microscópico), e traduziriam-se na morte dos neurónios que expressam essas proteínas (apenas os dopaminérgicos) ou na sua disfunção durante a velhice. O parkinsonismo caracteriza-se, portanto, pela disfunção ou morte dos neurónios produtores da dopamina no sistema nervoso central. O local primordial de degeneração celular no parkinsonismo é a substância negra, presente na base do mesencéfalo.

Embora seja mais comum em idosos, a doença também pode aparecer em jovens. Um britânico de 23 anos já foi diagnosticado com Parkinson e seus sintomas iniciaram com um pequeno tremor na mão aos 19 anos de idade.

 

Clique para ampliar
James Parkinson, médico que deu nome à doença (Foto Ilustrativa/Divulgação)
  

Epidemiologia

O parkinson é mais comum em países desenvolvidos pois estes possuem mais idosos. E com o envelhecimento da população aumenta cada vez mais o número de casos no mundo todo.

Nos Estados Unidos, a prevalência da Doença de Parkinson é de 160 por 100.000 pessoas, embora esteja aumentando. Há mais de um milhão de sofredores só nesse país. Noutros países desenvolvidos a incidência é semelhante. A idade pico de incidência é por volta dos 60 anos, mas pode surgir em qualquer altura dos 35 aos 85 anos.

O Mal de Parkinson é uma doença que ocorre quando certos neurônios morrem ou perdem a capacidade. O indivíduo portador de Parkinson pode apresentar tremores, rigidez dos músculos, dificuldade de caminhar, dificuldade de se equilibrar e de engolir. Como esses neurônios morrem lentamente, esses sintomas são progressivos no decorrer de anos.

No Brasil apenas 10% dos pacientes com parkinson desenvolvem demência enquanto em outros países os números variam entre 20 e 40%.

 

Manifestações clínicas

A Doença de Parkinson é caracterizada clinicamente pela combinação de três sinais clássicos: tremor de repouso, bradicinesia e rigidez. Além disso, o paciente pode apresentar também: acinesia, micrografia, expressões como máscara, instabilidade postural, alterações na marcha e postura encurvada para a frente. O sintoma mais importante a ser observado é a bradicinesia.

Os sintomas normalmente começam nas extremidades superiores e são normalmente unilaterais devido à assimetria da degeneração inicial no cérebro.

A clínica é dominada pelos tremores musculares. Estes iniciam-se geralmente em uma mão, depois na perna do mesmo lado e depois nos outros membros. Tende a ser mais forte em membros em descanso, como ao segurar objetos, e durante períodos estressantes e é menos notável em movimentos mais amplos. Há na maioria dos casos mas nem sempre outros sintomas como rigidez dos músculos, lentidão de movimentos, e instabilidade postural (dificuldade em manter-se em pé). Há dificuldade em iniciar e parar a marcha e as mudanças de direção são custosas com numerosos pequenos passos.

O doente apresenta uma expressão fechada tipo máscara sem demonstar emoção, e uma voz monotônica, devido ao deficiente controle sobre os músculos da face e laringe. A sua escrita tende a ter em pequeno tamanho (micrografia). Outros sintomas incluem deterioração da fluência da fala (gagueira), depressão e ansiedade, dificuldades de aprendizagem, insônias, perda do sentido do olfato.

O diagnóstico é feito pela clínica e testes musculares e de reflexos. Normalmente não há alterações nas Tomografia computadorizada cerebral, eletroencefalograma ou na composição do líquido cefalorraquidiano. Técnicas da medicina nuclear como SPECTs e PETs podem ser úteis para avaliar o metabolismo dos neurónios dos núcleos basais.

Por outro lado, os sintomas cognitivos, embora comumente presentes na DP, continuam a ser negligenciados no seu diagnóstico e tratamento. Existem evidências de distúrbios nos domínios emocional, cognitivo e psicossocial, destacando-se: depressão, ansiedade; prejuízos cognitivos e olfativos; e, em particular, a demência na DP.

A incidência de demência na DP é seis vezes maior do que na população geral, e a prevalência varia entre 10% a 50%. Caracteriza-se por redução ou falta de iniciativa para atividades espontâneas; incapacidade de desenvolver estratégias eficientes para a resolução de problemas; lentificação dos processos mnemônicos e de processamento global da informação; prejuízo da percepção visuoespacial; dificuldades de conceitualização e dificuldade na geração de listas de palavras. O reconhecimento precoce desses sintomas e seu tratamento são fatores cruciais para uma melhor abordagem clínica da DP.

 

Tratamento Psicológico

90% das pessoas com parkinson sofrem também com algum outro transtorno psiquiátrico em algum momento. Dependendo do caso esses transtornos podem tanto ter colaborado para o desenvolvimento quanto serem consequência da doença ou mesmo não terem relação direta, essas três possibilidades tem embasamento científico. Mas independente de serem causa, consequência ou coincidentes, os distúrbios cognitivos, transtornos de humor e transtornos de ansiedade frequentes causam grandes prejuízos na qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. O transtorno mais comum foi a depressão nervosa, identificada em 32% dos casos, e responsável por agravar os problemas motores, de sono, alimentares e de dores.

Diversos medicamentos psiquiátricos, inclusive o anti-depressivo mais usado (fluoxetina), podem agravar os sintomas do Parkinson, ressaltam a importância do acompanhamento feito por psicológos para melhorar a qualidade de vida do paciente e especialmente de seus cuidadores. Várias grandes cidades possuem serviços de saúde voltados para o idoso e que incluem serviços de apoio psicológico ao portador de parkinson e seus cuidadores como a Associação Brasil Parkinson, a ABRAZ e a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson.

Como antidepressivos pioram a funcionalidade do paciente uma opção é a estimulação magnética transcraniana (EMT) porém ela é cara e de difícil acesso. Uma opção semelhante e mais acessível é a eletroconvulsoterapia.

 

Clique para ampliar
Fotografia de 1892 de um paciente com Parkinson (Foto Ilustrativa/Divulgação)
  

Tratamento Fisioterapêutico

O tratamento fisioterapêutico atua em todas as fases do Parkinson, para melhorar as forças musculares, coordenação motora e equilíbrio. O paciente com Parkinson, geralmente está sujeito a infecções respiratórias, que ocorrem mais com os pacientes acamados. Nestes casos a fisioterapia atua na manutenção da higiene brônquica, estímulo a tosse, exercícios respiratórios reexpansivos. Em casos mais graves, em que há comprometimento da musculatura respiratória, é indicado o tratamento com aparelhos de ventilação mecânica e respiradores mecânicos não invasivos, visando a otimização da ventilação pulmonar, com consequente melhora do desconforto respiratório.

Evidências clínicas dos efeitos do exercício físico ou reabilitação para indivíduos com DP são geralmente associadas às intervenções com probabilidade de exercer impacto sobre escalas clínicas – estadiamento de Hoehn e Yahr, UPDRS (Unified Parkinson’s Disease Rating Scale) – ou limitações funcionais – marcha, subir/descer escadas, levantar da cama/cadeira, prevenção de quedas (CRIZZLE e NEWHOUSE, 2006). O treinamento de resistência muscular localizada e equilíbrio aumentaram a força muscular, a postura e a orientação espacial de pacientes com DP (HIRSCH et al., 2003). O treinamento em esteira ergométrica (MIYAI et al, 2002), a fisioterapia (NIEWBOER et al., 2001) e esportes adaptados (KURODA et al., 1992) diminuíram a gravidade da doença pela escala UPDRS. Pacientes com DP que praticam exercícios apresentaram menores índices de mortalidade do que os sedentários (REUTER et al., 1997).

Em vários estudos clínicos foi observada ligeira predominância do sexo masculino, porém existem algumas questões sobre a forma de seleção dos pacientes. Em trabalhos que calcularam a prevalência e incidência da doença de Parkinson , não foi demonstrada diferença significativa em relação ao sexo quanto ao risco de contrair a doença. O aumento da esperança de vida não modificou de forma importante o número de parkinsonianos, permanecendo a prevalência da doença bastante estável desde o início do século.

 

A alimentação na Doença de Parkinson

Conforme referido anteriormente, a doença de Parkinson é caracterizada por degeneração de neurônios pigmentados da substância negra, localizados nos gânglios da base cerebral, e os sintomas resultantes refletem a depleção do neurotransmissor dopamina. Se o processo é desencadeado por algo no meio ambiente, por uma falha genética ou pela combinação de ambos não está claro, embora um defeito no cromossomo 4 tenha sido recentemente apontado como uma causa em alguns casos.

De evolução lenta e quase sempre progressiva, a doença de Parkinson apresenta, nos indivíduos, sintomas clínicos que incluem tremor, rigidez, acinesia, lentidão de movimentos (bradicinesia) e alteração da postura. Sintomas não motores podem aparecer também. Estes incluem sudorese excessiva ou outros distúrbios do sistema nervoso involuntário e problemas psíquicos como depressão e, em estágios mais avançados, demência. Segundo COHEN (1994), 15 a 25% dos idosos, em geral, que apresentam depressão, desenvolvem sintomas psiquiátricos que podem comprometer o estado nutricional.

A acinesia e os distúrbios correlatos, já mencionados, interferem decisivamente nos atos motores básicos como a marcha, a fala e nas atividades que requerem a conjugação de atos motores como o vestir-se, a higiene corporal e a alimentação. À medida que a doença evolui, o paciente vai se tornando mais lento e mais enrijecido. A rigidez das extremidades e o controle da posição da cabeça e do tronco podem interferir com a capacidade do paciente de cuidar de si mesmo, inclusive quanto à alimentação. O ato de se alimentar torna-se mais lento e os movimentos simultâneos, tais como, aqueles necessários para manusear os talheres, mostram-se difíceis. Esses sintomas levam muitas vezes o parkinsoniano a um grau considerável de dependência em relação a seus familiares. Além desses, o paciente apresenta também dificuldade de deglutição, da motricidade gástrica e esofagiana, constipação intestinal, problemas vasomotores, da regulação arterial, edemas, dificuldade de regulação da temperatura corporal, perturbações do sono e perda de peso.

 

A doença de Parkinson e o uso de agrotóxicos

São crescentes as indicações de correlação entre o uso de agrotóxicos e o aumento no risco de desenvolvimento da doença da Parkinson. Nos Estados Unidos a doença de Parkinson é mais comum entre homens do meio rural do que em outros grupos demográficos, o que pode ser explicado pela maior possibilidade de exposição aos agrotóxicos. Estudo realizado por pesquisadores do University of Texas Southwestern Medical Center e publicado pela revista Archives of Neurology, sugere que pessoas com doença de Parkinson possuem níveis mais elevados do inseticida ß-hexaclorociclohexano (ß-HCH) no sangue do que as pessoas saudáveis. O inseticida foi encontrado em 76% das pessoas com Parkinson (contra m 40% das pessoas saudáveis do grupo de controle e 30% das pessoas com doença de Alzheimer).

Os pesquisadores testaram o sangue dos participantes para 15 conhecidos agrotóxicos organoclorados. Estes agrotóxicos, dentre os quais o conhecido DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), foram amplamente utilizados nos EUA desde a década de 1950 até os anos 1970 e persistem no ambiente durante anos. No organismo, essas substâncias se dissolvem em gorduras, podendo causar danos no sistema nervoso. Embora o estudo aponte para uma relação direta entre o inseticida HCH (hexaclorociclohexano) e a doença de Parkinson, os pesquisadores acreditam que outros pesticidas e contaminantes ambientais podem estar entre as causas do desenvolvimento da doença.

Outra pesquisa recente (Nitratos podem ser acionadores ambientais de Alzheimer, diabetes e doença de Parkinson) sugere uma associação entre os nitratos presentes em nosso meio ambiente e o aumento das mortes por doenças insulino-resistentes, incluindo doença de Alzheimer, a diabetes mellitus, a doença de Parkinson e a esteatose hepática não-alcoólica.

 

Prognóstico

O curso é progressivo ao longo de 10 a 25 anos após o surgimento dos sintomas. O agravamento contínuo dos sintomas, para além da importância da dopamina para o humor, levam a alterações radicais na vida do doente, e à depressão profunda freqüentemente.

A síndrome de Parkinson não é fatal mas fragiliza e predispõe o doente a outras patologias, como pneumonia de aspiração (o fraco controle muscular leva a deglutição da comida para os pulmões) e outras infecções devido à imobilidade. (Fonte Wikipédia)



Comente






Conteúdo relacionado





Inicial  |  Parceiros  |  Notícias  |  Colunistas  |  Sobre nós  |  Contato  | 

Contato
Fone: (47) 99660-9995
Celular / Whatsapp: (47) 99660-9995
E-mail: paskibagmail.com



© Copyright 2025 - Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
by SAMUCA