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Os sinais do Parkinson e as formas comprovadas de prevenir a doença

Sexta, 12 de abril de 2013


Pesquisas já mostram que depressão e insônia são os primeiros indícios do problema cerebral e indicam que o café pode ser aliado na prevenção

Fernanda Aranda



 

O alerta veio uma tristeza profunda. Há cinco anos, Marina Lazzarini caminhava e percebeu que o braço esquerdo não acompanhava o balançar natural das pisadas e que a perna direita estava mais lenta. Do nada, a letra na escrita ficou minúscula e a depressão tirou da aposentada, na época com 60 anos, até a vontade de sair de casa. Quatro meses depois, após três médicos titubearem, o quarto diagnosticou: Parkinson .

Divulgação

Marina descobriu ter Parkinson há 5 anos. Além dos medicamentos, ela faz dos exercícios e da arte uma forma de amenizar os sintomas da doença

A doença cerebral que, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afeta 200 mil brasileiros ainda não tem a origem muito bem estabelecida pela medicina. Mas entre os leigos os sintomas mais lembrados são os tremores e a rigidez dos músculos. Estes sinais, porém, não são únicos e surgem já em fase mais avançada do problema.

Os médicos agora estão empenhados em divulgar os indícios mais precoces do Parkinson e também o que a ciência já sabe sobre como preveni-lo. Assim como o caso de Marina, o professor de neurologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas de São Paulo, Egberto Barbosa, diz que a depressão é uma das mensagens de alerta.

“Em uma fase muito inicial, os primeiros sintomas do Parkinson são os transtornos de humor (entre eles a depressão), a perda do olfato e as alterações no sono, como exemplo a insônia”, diz Barbosa.

“Em uma outra fase, logo na sequência, a região do cérebro que produz a dopamina, é alterada. Com isso, aparecem os tremores e a rigidez nos músculos e a dificuldade na coordenação motora.”

Piano e medicamentos

Marina Lazzarini, com o apoio dos 5 filhos, afirma que teve sorte, pois conseguiu um diagnóstico rápido, que não apenas controlou os sintomas mas permitiu que ela não abandonasse uma paixão: tocar piano.

“Sou pianista e graças ao tratamento posso dedilhar música clássica diz”, conta Marina.

“Apesar de ter esperado quatro meses para uma médica dizer o que eu tinha, o meu caso foi rápido. Na Associação Brasil Parkinson, que passei a frequentar, conheci pessoas que passaram anos e anos sem saber o que tinham. Isso fez com que elas convivessem com sequelas mais graves.”

O Parkinson, por enquanto, é uma doença sem cura e o grande benefício dos medicamentos, explica Egberto Barbosa, é amenizar os sintomas. Uma das hipóteses é de que a doença tenha origem genética, mas também seja influenciada por fatores ambientais, como exposição a agrotóxicos e níveis de ácido úrico baixos no organismo.

“Também há uma relação com o processo de envelhecimento natural, já que o passar dos anos promove alterações nos neurônios que podem resultar na doença”, explica o médico.

Café e exercício

Pesquisando as origens do problema cerebral, a ciência já trouxe evidências contundentes sobre os riscos de desenvolver a doença. As pesquisas mostram que as atividades físicas, por exemplo, desencadeiam a produção de substâncias no organismo que dão vitalidade aos neurônios e por isso protegem o cérebro.

A alimentação também ganha destaque, em especial a rica em antioxidantes, como os legumes, as frutas e os peixes.

 







Outra boa notícia é que o café também mostrou um efeito protetor, de acordo com uma análise publicada na revista científica Neurology. Neurocientistas do Canadá observaram esse efeito protetor após avaliar 60 pacientes com Parkinson. Metade bebeu três xícaras de café por dia e a outra não. Ao final do estudo, os bebedores de café tiveram melhoras nos sintomas.

“A cafeína é a provável responsável por este efeito benéfico. Já existem outros indícios também que o consumo de café é preventivo e diminui o risco do Parkinson mesmo em quem ainda não tem a doença”, complementa o coordenador do Hospital das Clínicas.

Marina Lazzarini não é muito fã de café, mas dos exercícios ela não abre mão.

“Hoje faço dança na associação e também participo do coral. Cantar é um ótimo remédio porque um dos efeitos do Parkinson também é nas cordas vocais, dificultando a fala”, diz ela citando informações respaldadas pelos médicos.

Cantando, dançando e sem esquecer o piano, Marina é um dos exemplos do quanto “só as atividades físicas e artísticas podem fazer”, costuma dizer o presidente da Associação Brasil Parkinson, Samuel Grossman.



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