Florianópolis - O carvão mineral poderá participar do leilão de geração de energia no segundo semestre deste ano, mas vai disputar com outras fontes que compõem o a matriz energética do Brasil e precisará ter preço competitivo, afirmou nesta sexta-feira (22) o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Ele participou da reunião de diretoria da Federação das Indústrias (FIESC). "Se estamos hoje num país que busca diminuir os custos de energia, é importante dar competitividade para novas fontes, como é o caso da biomassa e do carvão mineral", afirmou, destacando que o mineral deve participar do leilão em que será contratada energia a ser entregue em cinco anos, tecnicamente chamado de leilão A-5.
Zimmermann explicou que foi aberto espaço para o insumo nos leilões porque não se concretizou um projeto de energia térmica (a óleo) que estava previsto. No entanto, ele ressaltou que o Brasil assumiu o compromisso de reduzir a emissão degases de efeito estufadurante convenção em Copenhagen. Como o projeto das térmicas não foi implantado e a emissão de gases do projeto foi contabilizada no acordo firmado na Dinamarca, abriu espaço para o setor carbonífero participar do leilão. "O que se abriu foi uma janela no sentido de poder voltar a usar plantas de carvão, com novas tecnologias e aproveitando o que há de melhor no mundo", afirmou o secretário.
O coordenador do Comitê de Carvão da FIESC, Cláudio Zilli, afirma que o anúncio vai favorecer os investimentos, principalmente na região Sul do Estado. "Há anos lutamos para que tenhamos a representatividade que merecemos. Acho que temos espaço e reserva para crescer. É possível praticar valores mais competitivos, desde que o setor receba incentivos", salientou ele.
O carvão é responsável por 30% da energia primária no mundo e 42% da geração de energia elétrica. A produção mundial total é de 7,7 bilhões de toneladas. Os maiores produtores mundiais são a China, Estados Unidos, Índia, Austrália, Indonésia, Rússia, África do Sul e Alemanha. Santa Catarina tem 9,6% das reservas nacionais de carvão. Das 13 empresas que exploram a atividade no Brasil, dez estão no Estado. Dos 4,5 mil empregos gerados pelo setor em nível nacional, 4 mil estão em Santa Catarina.
Hoje, 1,3% da energia elétrica do Brasil é gerada a carvão. Na África do Sul esse percentual é de 93%, na Polônia de 90%, na China de 79%, na Austrália de 76% e na Alemanha de 44%. "Aqui o setor tem caminhado de lado em função da falta de mercado para a geração de energia elétrica", disse Zilli, referindo-se à produção catarinense, que em 1990 foi de 7,48 milhões de toneladas e no ano passado de 6,6 milhões (montantes brutos).
O coordenador do Comitê lembrou que 75% do gás de efeito estufa têm origem na agricultura e no desmatamento, enquanto as usinas termelétricas a carvão são responsáveis por menos de 2%. Ele destacou ainda que há 5,7 mil hectares impactados pela atividade, no entanto, 4,5 mil hectares foram assumidos pelas empresas privadas, sendo que 1.050 hectares já foram recuperados. Até 2020, está prevista a recuperação de mais 3,5 mil hectares. Foram investidos cerca de R$ 70 milhões desde 2003.