Elsa Amaral da Silva já trabalhou em um posto de combustível na Capital. Fazia a troca de óleo, abastecia os carros e recebia os valores dos pagamentos dos motoristas. Hoje, aos 40 anos, atua como instrutora de trânsito e se prepara para ser diretora de ensino de uma autoescola. Em ambos os cargos, o gosto pelos veículos a acompanhava. Prova disso é que a instrutora passa até 12 horas dentro de um automóvel nos dias de trabalho.
– Eu poderia dar aula teórica também, mas prefiro estar na rua, ficar sempre em movimento. As mulheres têm mais paciência para o trabalho, são mais delicadas – acredita Elsa da Silva.
Horácio Figueira, consultor de Engenharia de Trânsito da empresa Hora H Pesquisa, Engenharia e Marketing, concorda com a instrutora de trânsito. Segundo ele, as mulheres refletem melhor sobre suas ações, o que auxilia no momento de dirigir um veículo. Em 2007, Figueira realizou uma pesquisa inédita em São Paulo sobre o número de infrações que os motoristas cometem por quilometragem e por tempo. Da amostra de 628 veículos, 67% eram conduzidos por mulheres. Ainda assim, elas foram as que cometeram menos infrações.
Seguradoras veem menos riscos entre as mulheres
– As seguradoras (de veículos) já têm essa estatística. As mulheres são as que mais dão seta (sinal usado no carro para indicar uma mudança de direção), mais usam cinto de segurança e pouco ultrapassam o semáforo vermelho. Minha única dúvida é sobre a infração relacionada ao uso de celular no volante. Porém, vejo com ótimos olhos as mulheres nos ensinando a dirigir – afirma Figueira.
Nas corretoras de seguros, uma simulação de contrato comprova a diferença de preços praticados para homens e mulheres. Uma pessoa da mesma idade e com o mesmo automóvel pagará menos por uma apólice se for do sexo feminino. A diferença varia de acordo com a seguradora de veículos, mas pode chegar a R$ 300.
Bruno Pires, corretor de seguros da C'Davila, de Florianópolis, afirma que atualmente homens até cinco anos mais velhos do que as mulheres gastam mais com o seguro automotivo.
– As seguradoras fazem estatísticas de acidentes e furtos com base nos próprios clientes. É engraçado que a gente fala que a mulher bate mais o carro, mas, na verdade, ela se envolve em acidentes de menor porte na comparação aos homens.
A instrutora Alessandra Machado de Sousa garante que nunca se envolveu em acidente no trânsito – e olha que o carro é quase a sua casa. Há seis anos, ela trocou as salas de aula pelo ensino em movimento nas ruas da Capital, e se tornou a única mulher entre os 15 instrutores da autoescola em que trabalha.
– Eu amo o que faço. As experiências que trocamos com os alunos durante as aulas são bem legais, e a gente também acaba sendo um psicólogo para eles – diz.