Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste, 1º Domingo do Tempo da Quaresma, o Evangelho de Lucas, mostra que na tradição que vai de Jesus aos Evangelhos, a narração das tentações serve para ilustrar o messianismo de Jesus, mostrando como ele se recusa a assumir o poder político, a fazer um milagre que obrigasse seus ouvintes a crerem nele e a seguir um caminho que evitasse a cruz para trazer o Reino. O ministério de Jesus foi todo tentação, do início ao fim. Já nos próprios Evangelhos, o relato das tentações tem um valor programático mais amplo, mostrando o significado salvífico do mistério de Jesus à luz da totalidade da história da salvação. Depois do batismo que corresponde a passagem do Mar Vermelho, Jesus percorre no deserto o caminho de Israel; enquanto todo o povo sucumbiu às tentações e morreu, Jesus supera-as e abre passagem a terra prometida, para o Reinado de Deus. Ainda que Jesus tenha sido tentado ao longo de toda a sua existência, as tentações tem uma conexão toda particular com o batismo. O batismo sinaliza e contem a opção fundamental de Jesus: a solidariedade com os irmãos, em obediência ao Pai. As tentações mostram, sob a forma de luta contra a opção contrária, os custos desta escolha. A escolha contraria consiste em buscar o poder de qualquer tipo e a qualquer custo, sempre, é claro, ‘para fazer o bem’! O problema é que o poder colide com a solidariedade com os irmãos e com a obediência ao Pai. O Evangelho das tentações nos mostra quanto pecamos ‘para fazer o bem’, de modo que vendo nossas quedas, nos levantemos. Se erramos o alvo, temos que fazer um sério discernimento e a escolha certa: entre ser e ter; entre poder e servir; entre aparecer e desaparecer. A escolha vital custa toda vida: podemos cair e, com frequência, caímos. Cada evangelista encara as tentações sob uma ótica particular. Marcos mostra Jesus como novo Adão. Mateus, como novo Israel. Lucas, na sua vitória pascal sobre o inimigo, ‘satanás’. Esta vitória se dá nos exorcismos, nos milagres e na paixão. Revela-se o Filho em quem o Pai se compraz: é o Filho obediente à sua palavra, que, com a obediência, venceu o mal e criou na história um espaço livre do poder do mal, no qual todos os homens podem ser salvos. Se, para Israel, as tentações foram espaço de perdição, para Jesus, as mesmas tentações tornam-se promessa de salvação graças àquele que as venceu. O domínio de satanás sobre os homens foi vencido por Jesus. Em Jesus, a pessoa de fé passa como que através de uma porta estreita e entra no ‘aqui e agora’ da salvação. Ele não venceu só no passado; pela força do Espírito, ele vence ainda hoje, na fé dos discípulos missionários que o ouvem para serem salvos. As tentações são o tecido do dia a dia da vida cristã: são a luta necessário contra o mal e os custos que o bem acarreta. Ruins em si, têm, porém, um lado positivo: são um sinal de que ‘estamos’ no mundo, mas não ‘somos’ do mundo, pois ‘pertencemos’ ao Senhor Jesus. O poder único inicial do demônio é roubar a Palavra. Mas, se o espantamos, como se espantam as pombas amargosas, e obedecemos, como fez Jesus, a Palavra penetra na terra da nossa vida e produz frutos de salvação. É justamente por isso que, depois, ele tenta por da tribulação, para que Jesus, e nós, esmoreçamos e caiamos na falta de confiança. Quando não consegue esmorecer a pessoa, tenta sufocar a Palavra, alimentando preocupações com a riqueza e os prazeres, que são seus cúmplices no jogo da sedução visando a empurrar o ser humano para a desobediência.
18/02/13 – Seg: Lv 19,1-2.11-18 – Sl 18 – Mt 25,31-46
19/02/13 – Ter: Is 55,10-11 – Sl 33 – Mt 6,7-15
20/02/13 – Qua: Jn 3,1-10 – Sl 50 – Lc 11,29-32
21/02/13 – Qui: Est 4,17n.p-r.aa.gg.hh – Sl 137 – Mt 7,7-12
22/02/13 – Sex: 1Pd 5,1-4 – Sl 22 – Mt 16,13-19
23/02/13 – Sáb: Dt 26,16-19 – Sl 118 – Mt 5,43-48
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