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Pais denunciam agência de modelos de Jaraguá do Sul

Sexta, 15 de fevereiro de 2013

 

Desde a semana passada, dez boletins de ocorrência já foram registrados contra a agência

 
 
 
 
Pais denunciam agência de modelos de Jaraguá do Sul Diorgenes Pandini/Agencia RBS
Mais de 10 pais já procuraram a delegacia para registrar boletim de ocorrência contra a agência Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS
Daiane Zanghelini

 

A suposta promessa de ver o filho virar modelo e fazer sucesso no mundo da moda virou um problema para algumas famílias da região. Desde a semana passada, pelo menos dez boletins de ocorrência foram registrados na delegacia de Jaraguá do Sul contra uma agência de modelos da cidade.

Os pais contam que foram abordados nas ruas ou em shoppings por olheiros que insistiam que as crianças fossem levadas à agência. Depois, eram convencidos a deixar os filhos fazerem fotos e a pagar pelo serviço, iludidos com a promessa de uma oportunidade na área. Mas as crianças nunca foram chamadas para nenhum trabalho.

Um inquérito foi aberto para investigar o caso. De acordo com a delegada Lívia da Motta, há relatos de que a agência teria prometido contratar crianças mediante a realização de algumas fotos, utilizando nomes de marcas de roupas famosas no Estado.

— Se ficar provado que houve promessa de trabalho e que as empresas não deram certeza de que iriam contratar modelos dessa agência, então, existe uma fraude. Quem vende uma coisa que não tem pratica o crime de estelionato —, explica.

A pena, neste caso, varia de um a cinco anos de prisão.

Para saber como as abordagens aconteciam, a delegada deve ouvir, a partir da semana que vem, os pais, o dono e os funcionários da agência, alguns adolescentes que fizeram as fotos e as marcas citadas nos boletins de ocorrência (BOs). Lívia diz que a agência pode cobrar pelas imagens, desde que fique claro que o serviço não está vinculado à garantia de trabalho. E se houver comprovação de que o nome das empresas eram usados indevidamente para atrair os pais, as marcas podem entrar com uma ação de indenização contra a agência.

— Ele pode vender a foto e dizer que vai apresentar para a empresa, mas não garantir que o modelo será contratado —, explica.

Lívia deve fazer um levantamento nesta sexta-feira para saber quantos BOs foram feitos contra a agência na última semana. Ela explica que delegados diferentes ficaram responsáveis pelos registros e que muitos pais teriam procurado a delegacia nos últimos dias. De acordo com ela, até o momento ficou constatado que o preço das fotos foi cobrado conforme o valor que os pais poderiam pagar no momento em que procuravam a agência.

Treinamento

Uma ex-funcionária da agência, que tinha a tarefa de abordar os pais em locais públicos, conta que foi orientada, durante o treinamento, a convencer os pais de que a criança arrumaria trabalho. Segundo ela, a estratégia era utilizada para que os funcionários atingissem uma meta de R$ 1 mil por dia com as fotos das crianças. A delegada disse que deve ouvir a ex-funcionária a partir da próxima semana.

— O pessoal que treinava mandava a gente falar das marcas. Não era para se esquecer de dizer para os pais para irem lá (na agência) urgentemente, porque a gente precisa ver a criança e na outra semana já teria trabalho —, relembra a funcionária.

Na agência, os pais eram informados que uma empresa da região estava em busca de modelos com o perfil da criança para catálogos, desfiles e outdoors. De acordo com ela, a promessa era de que, dependendo da marca e do trabalho contratados, os modelos ganhariam cachês que variavam de R$ 100 a R$ 2,5 mil.

Ela conta que teria sido desligada da empresa após um mês de trabalho, com a justificativa de que não teria alcançado a meta estipulada.

"Disseram que, com certeza, chamariam o meu filho"

Uma das mães que registraram boletim de ocorrência conta que foi abordada por um olheiro da agência em um supermercado, no começo de 2012, quando fazia compras com os filhos, um menino que hoje tem 12 anos e uma menina de três. Ela diz que, diante dos elogios que o rapaz fez para os filhos, decidiu passar na agência. Lá, um funcionário insistiu para fazer fotos das duas crianças e informou que seria cobrado cerca de R$ 250 por cinco fotos.

— Eu disse que não tinha o dinheiro e que minha filha já era modelo. Então, pediram para fazer só do menino, mas eu falei que estava só com R$ 180 e que eu ia usar para pagar umas contas. Foi aí que falaram: 'menina, você vai perder essa oportunidade? Ele tem trabalho já para semana que vem'. Fizemos as fotos, mas até hoje ele não foi chamado para fazer nada. Até hoje ele me pergunta quando vai fazer o trabalho —, diz.

Situação semelhante é relatada por outra mãe. O filho dela, de dez anos, foi abordado por um olheiro na escola no começo do ano passado.

— Fui com meu filho na agência no mesmo dia. Um funcionário disse que ele era lindo e que havia ótimas opções de trabalho —, diz.

Ela conta que quis desistir de fazer as fotos ao ser informada que o pacote com 40 fotos saía R$ 1,2 mil, mas negociou o valor porque o menino ficou triste. Acabou pagando R$ 600 por 25 fotos.

— O funcionário citou grandes empresas têxteis da região, afirmando que eram clientes da agência, e que, com certeza, chamariam meu filho —, comenta.

Segundo ela, o menino ganhou apenas um CD com as fotos, mas não conseguiu nenhum trabalho.

Dono da agência nega as acusações

O dono da agência Jr Leffer, de Jaraguá do Sul, Orides Junior Leffer de Liz, diz que as denúncias contra a empresa são falsas. Ele nega ter feito promessa de trabalho aos pais das crianças e que os funcionários teriam explicado que as imagens seriam para o composite, um álbum com fotos de apresentação oferecido às empresas que estão em busca de modelos. Em relação às marcas citadas pelos pais, afirmou que já prestou serviço para as empresas, mas que atualmente não trabalha mais com elas e que não está usando os nomes indevidamente.

O agenciador destaca que o contrato de uso de imagem assinado pelos pais não prevê nenhum trabalho e que outras agências estariam tentando prejudicá-lo usando a ex-funcionária. Ele também garante que os funcionários não são instruídos a prometer a participação das crianças em campanhas para atrair os pais.

— Todos os funcionários da agência são profissionais treinados. Essas denúncias são  caluniosas e tudo será esclarecido na Justiça —, defende-se.



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