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A nova geração à frente do mercado fashion joinvilense


 

Elas nem chegaram aos 30 anos, mas já comandam seu próprio negócio ou marca de sucesso no mundo da moda

A nova geração à frente do mercado fashion joinvilense Rodrigo Philipps/Agencia RBS
Camila concilia a administração da Bobstore com a carreira de advogada Foto: Rodrigo Philipps / Agencia RBS

Na  manhã em que a reportagem chegou à loja de Thais Marques, ela tinha acabado de resolver um problema com o encanador. Lidar com vazamentos não era, definitivamente, algo que ela imaginava ter que fazer quando decidiu trabalhar com moda. Ana Paula Domingues instalava tomadas na confecção da própria grife e Camila Zanotto dá um jeito na troca de lâmpadas da loja que administra. Ao lado de Danielle Schramm, elas deixam de lado a figura ilusória das mocinhas da moda de Joinville e capitaneiam as próprias empresas e grifes antes mesmo de chegar aos 30 anos.

— Quando vejo uma menina da faculdade de moda de roupinha rosa e cabeça sonhando com desfiles e glamour, já não boto muita confiança. Você tem que saber que não vai ter ninguém fazendo nada para você —, avisa Paula.

As quatro representam um momento decisivo na moda de Joinville — além delas, outras jovens mulheres também estão criando, administrando e levando o nome da cidade para outros Estados e países, mas nenhuma delas estava no mapa das grifes há dez anos. Afinal, há uma década, elas ainda sonhavam com o futuro enquanto cursavam o colégio e a faculdade e customizavam as próprias roupas.

O sucesso dessas jovens, às vezes, espanta quem as conhece e todas passaram pela mesma situação: serem questionadas sobre a idade e a experiência.

— Várias pessoas achavam que eu era mais velha ou mais experiente, como se não pudesse administrar uma loja sendo jovem —, avalia Camila.

Para Thais, a ousadia dos jovens define este perfil: ao entrar no mercado de trabalho, você confia que o tempo te permite errar e, se for preciso, recomeçar.


Dona da própria grife


Depois de criar a própria grife, Paula Domingues vai atuar como consultora de moda

Quando era criança, Ana Paula Domingues surpreendeu a mãe com um pedido diferente: queria fazer um curso de corte e costura. Na época, a professora de piano tentou fazê-la esquecer a história - ser costureira não era o que sonhava para a filha do meio.

Anos depois, ela se daria conta de que Paula já traçava seu destino naquela época: hoje, a jovem de 29 anos é dona da própria grife, a Paula Domingues, além de atuar como consultora de imagem para empresas. Das linhas e agulhas, ela pode ficar mais distante, mas nos moldes e na criação, Paula criou uma carreira de sucesso.

Há quatro anos, havia acabado de se formar quando tomou uma decisão corajosa. Determinada a dedicar-se ao próprio empreendimento, ficou sabendo da produção da novela 'Caminho das Índias', que seria exibida no horário das 21 horas pela Rede Globo, e telefonou para a emissora para oferecer seu trabalho na criação de figurinos.

— Pensei: alguém tem que vestir essa turma, por que não tentar?

A coordenação do setor pediu que Paula enviasse fotos, croquis, qualquer coisa que representasse seu estilo, mas, em início de carreira, ela não tinha nada. O jeito foi colocar na mala as roupas prontas e partir para o Rio de Janeiro para mostrar no Projac. Conseguiu o trabalho e vestiu as personagens interpretadas por Vera Fischer, Thaila Ayala e Christiane Torloni.

— Demorou para cair a ficha, eu assistia à novela com elas usando o que eu tinha feito e não podia acreditar —, lembra.

Em pouco tempo, as apresentadoras de telejornais e de programas de variedades estavam vestindo peças que saíam de um ateliê joinvilense, com o nome de uma garota que ainda estava longe de fazer 30 anos.

— Ter meu trabalho reconhecido na novela foi bom e foi ruim. Teve muita visualização, mas durante um tempo eu só conseguia trabalhar para a Globo. Tinha jornalistas que queriam encomendar roupas para o ano inteiro!.

Para o futuro, Paula não faz mais planos. Afinal, tudo o que planejou ao receber o diploma de estilista aconteceu de outra forma. Mas ela está fechando o ateliê de criação para dedicar-se ao trabalho de consultoria em moda. Aos novatos — posto que ela assumia há apenas cinco anos — fica o conselho:

— Eu vivo tudo à flor da pele. Quando se é jovem, você não pode ter medo —, afirma. 


Sem medo de arriscar


Thais foi de porta em porta vender suas roupas e há mais de um ano abriu as portas de sua própria loja

Aos 26 anos recém-completados em janeiro, Thais Marques tem uma trajetória característica de quem não quer ficar parada. Depois de se formar em administração, a jovem começou a trabalhar na empresa do pai, mas sentia que não era ali o seu caminho.

— Fiz o curso pensando que era o que devia ser feito, que eu deveria assumir a empresa no futuro e devia começar agora —, conta ela.

No entanto, foi no dia a dia de coordenadora financeira que ela percebeu que seu interesse por moda podia ser um aliado em um novo empreendimento. Como planejava a roupa de trabalho para criar combinações condizentes com a função e também com a própria idade, Thais entendeu que seria mais feliz trabalhando com moda.

O primeiro projeto foi cursar design de moda e estilismo e abrir uma confecção em parceria com a mãe e a tia para criar a marca Panno Fashion. Quando o empreendimento não decolou, Thais não se abateu: deixou a vida de empresária para virar, nas próprias palavras, uma 'sacoleira' da própria marca.

— Foi assim que consegui clientela. As pessoas me perguntam quem montou a loja pra mim, mas não tenho vergonha de dizer que fui de porta em porta vender meu produto —, diz.

Há um ano e cinco meses, Thais abriu a Le Boutique, inspirada na própria experiência.

— É uma moda diferenciada, não focamos nas 'roupas de balada' e sim no estilo que uma mulher pode usar para trabalhar e depois sair para um happy hour. A gente vive uma vida tão corrida, que acho que muitas mulheres desistem de sair porque, supostamente, precisariam voltar para casa para se arrumar —, comenta.

A rotina de Thais inclui um momento bem pessoal dividido com as clientes: antes de abrir a loja, ela monta um figurino, faz uma foto e compartilha nas redes sociais, no projeto Look do Dia.

— É impressionante como isso conquistou as meninas e, às vezes, há clientes que querem aquele look inteiro porque viram na foto. É diferente de ver num manequim, que tem um corpo perfeito — afinal, ela não é uma mulher real —, argumenta.


Liberdade para criar


Daniela enxergou um nicho no mercado quando abriu o seu negócio

A carreira da estilista Danielle Schramm começou de um jeito inusitado. Um dia, o dono da loja Levi's em Joinville a viu usar uma calça da marca que ele até então não tinha visto em lugar nenhum: era totalmente customizada por Danielle, transformando o jeans em uma imitação de couro feita com tie-dye. Fascinado, a convidou para trabalhar personalizando as calças da Levi's — ela tinha 16 anos e ainda estava no segundo ano do ensino médio.

— Fiquei com muito medo porque só fazia customização em calças que comprava em brechós, mas várias pessoas começaram a fazer os pedidos —, lembra ela, agora aos 29 anos e com uma carreira consolidada na moda.

Danielle é proprietária da marca Das & Co, que trabalha com criação de vestidos de festa e de uniformes diferenciados para empresas da região. É um foco que, até então, não havia começado em Joinville e melhora a autoestima de funcionários e o ambiente de trabalho.

— Há empresas que mudam todos os anos. A decisão é tomada junto com os funcionários, que enviam propostas, pesquisam o modelo que gostam e, no final, fazemos um desfile —, afirma ela, que também tem uma linha de vestidos de festa com modelos exclusivos, da qual ela faz questão de participar da criação, do molde e do acabamento.

A atividade começou ainda na faculdade, da mesma forma que as calças estilizadas da adolescência.

— Antes mesmo de me formar, eu já sabia que era isso que eu queria fazer. Estagiei em confecções e lojas para conhecer e tive certeza de que o eu queria era criar —, conta Daniele.

Advogada e empreendedora



Todos os anos, a Bobstore faz uma pesquisa para identificar o perfil das clientes das lojas, que estão espalhadas por 39 cidades do Brasil. Nela, observaram o perfil de 28 a 45 anos, principalmente focado no das mulheres entre 30 e 40. A proprietária da franquia joinvilense da grife, Camila Zanotto, ironicamente, não se encaixa no perfil: ainda faltam alguns meses para que ela complete 28 anos. Quando abriu a loja na cidade, ao lado do marido Carlos Boing (de 29 anos), Camila tinha 26 anos e recém-concluído a faculdade de direito.

— Foi uma loucura: minha formatura foi em fevereiro, abrimos a loja em março e casamos em abril —, lembra ela.

A ideia de investir na franquia veio da família do marido, mas é de Camila o rosto que representa a loja - afinal, é o gosto da mulher que define as escolhas na butique e, ainda que ela esteja 'fora da idade' padrão das clientes, a jovem empresária encontrou no desafio a oportunidade de amadurecer. Até porque administrar uma loja não é  a única atividade dela, que ainda concilia o trabalho com a atuação como advogada. E, para tudo isso, haja organização para dar conta do escritório, da loja e da própria casa.

— É diferente quando é um negócio teu. Até então, eu conhecia as meninas que estudaram comigo, do grupo de ginástica rítmica. Agora, passei a conhecer mulheres mais velhas e a ter mais noções de empreendedorismo —, salienta Camila.

Ela assiste, ao mesmo tempo, a outras jovens que vivem o mesmo momento e atuam como franqueadas de Sorocaba com a mesa idade que ela, uma amiga de Caçador que busca mercado em Joinville e, principalmente, na família: os cunhados Renato e Rafael e a cunhada Carla, todos com idades que variam dos 25 aos 31 anos, também são jovens empreendedores com negócios bem perto da loja que ela administra com o marido.



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