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Piscicultura: Peixe sim, por que não?

Segunda, 11 de fevereiro de 2013

Enquanto mais uma encomenda de alevinos acontece, Secretaria de Agricultura de São Bento levanta a possibilidade de a região ter uma processadora de peixes futuramente

 

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Apesar da grande quantidade de rios e do imenso litoral à disposição, brasileiro come menos peixe do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (Foto Elvis Lozeiko/Evolução)
  

Quem deseja encomendar alevinos pode fazê-lo até o próximo dia 25 na Secretaria de Agricultura de São Bento do Sul (fone 3635-4234). Podem ser adquiridos filhotes de carpas, jundiás, matrinxãs, dourados, pintados, pacus, lambaris, bagres e tilápias. A secretaria busca os alevinos em Rio dos Cedros, Santa Catarina, e repassa aos interessados a preço de custo, inclusive sem cobrar o frete da viagem. A entrega será feita na própria secretaria, três dias depois. Segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Roberto Albuquerque, a piscicultura é apenas um dos instrumentos que podem fazer com que o homem permaneça no campo, evitando o êxodo rural. “Quanto mais diversificada for a agricultura, maior a chance de sucesso”, diz ele. No caso de quem trabalha com peixes, frisa o secretário, uma agregação de valor seria o ideal. Albuquerque inclusive cita que os municípios deveriam “pensar regionalmente” uma indústria de processamento de peixes. Ou seja, em vez de o produtor vender o peixe in natura, poderia vendê-lo como caldo, por exemplo. “Com isso, agregaríamos valor”, explica. Porém, até agora não há nada em termos mais concretos neste sentido – não existe um projeto propriamente dito para tal.

 

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Pacu na brasa: uma das inúmeras receitas para preparar o alimento (Foto Divulgação/Ilustrativa)
  

UM NICHO DE MERCADO

“O peixe está em alta”, acrescenta. “É um alimento saudável”, analisa (leia mais em “Fonte de Saúde”). Mais do que questões nutricionais, o tema envolve aspectos econômicos. “Trata-se de um nicho de mercado”, comenta o secretário. Apenas para se ter ideia de quanto o processamento pode agregar valor, até pouco tempo, enquanto o quilo pescado da truta cultivada no interior de Campo Alegre estava em R$ 10,00, uma embalagem de 300 gramas do mesmo peixe, defumado, custa mais de R$ 20,00 em Joinville – ou algo em torno de R$ 70,00 o quilo. Para se criar uma indústria de processamento na região, Roberto Albuquerque enfatiza a questão regional. “Teria que ser uma associação ou uma cooperativa”, diz. No governo federal, exemplifica, há possibilidades de se trabalhar essa questão. “Se houver bons projetos e pessoas envolvidas, os recursos vêm”, atesta.         No caso das encomendas de alevinos em São Bento, as mesmas não são destinadas apenas a produtores, mas à população em geral. Alguns dos interessados utilizam os peixes para revenda a estabelecimentos do tipo pesque-pague; outros para consumo próprio.

 

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O secretário Roberto Albuquerque: “Se houver bons projetos e pessoas envolvidas, os recursos vêm” (Foto Elvis Lozeiko/Evolução)
  

O PREÇO ATRAPALHA, ACREDITA O SECRETÁRIO

O próprio secretário de Agricultura se diz um apreciador de peixes. “Sou fã da cozinha japonesa”, exemplifica. Cita como pratos o sashimi de salmão ou de tilápia. “Gosto de um peixe na brasa também”, afirma, mencionando a pescada e o dourado. O caldo de peixe é outro exemplo citado por Albuquerque. Quando vai ao litoral catarinense, costuma sair pescar peixe-espada em alto mar. Porém, afirma que não é um expert na área: “Gosto mais de comer do que pescar”. Um dos entraves para se consumir peixe em São Bento do Sul, acredita, diz respeito à questão dos custos. Enquanto o quilo do filé de tilápia produzido por aqui mesmo está na faixa dos R$ 20,00, pelo panga – peixe importado do Vietnã – o consumidor paga R$ 10,00.

Daí, acrescenta o secretário, a necessidade de se pensar em um desenvolvimento do setor em São Bento e região. Entre as possibilidades que maiores investimentos poderiam resultar, estaria a possibilidade inclusive de se fornecer peixes e produtos derivados à merenda escolar. Outro ponto levantado por Albuquerque aponta para a necessidade de um Mercado Público Municipal são-bentense – para ele, preferencialmente onde hoje encontra-se a rodoviária, que o Plano Diretor recomenda que seja retirada do Centro.

  

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Na próxima remessa, serão entregues alevinos de diferentes espécies, como o jundiá (Foto Divulgação)
 

FONTE DE SAÚDE

O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda o consumo de peixe fresco pelo menos duas vezes por semana. “Comer pescado frequentemente previne doenças cardiovasculares, diminui o nível de colesterol e a ansiedade, além de ativar a memória”, explica a cartilha. A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, reforça a importância das ações que incentivam o consumo de pescado. “Apesar de toda a riqueza de nossa costa marítima e da imensidão de rios – o que permitiria uma distribuição grande de pescados – o consumo de peixe no País ainda é considerado baixo. Precisamos promover hábitos saudáveis na população e o peixe se caracteriza como um alimento muito saudável”, observa a coordenadora. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-09, o consumo anual de peixe do brasileiro é de 9 kg de pescado por habitante ao ano. A meta do Ministério da Saúde é aumentar o número para 12 kg de pescado habitante/ano, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O ministério também informa que, enquanto na região sul o consumo domiciliar (em casa) de peixe é de 1,6 kg per capita ao ano, no norte o número sobe para 17,5 kg per capita ao ano. 



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