Enquanto mais uma encomenda de alevinos acontece, Secretaria de Agricultura de São Bento levanta a possibilidade de a região ter uma processadora de peixes futuramente
Quem deseja encomendar alevinos pode fazê-lo até o próximo dia 25 na Secretaria de Agricultura de São Bento do Sul (fone 3635-4234). Podem ser adquiridos filhotes de carpas, jundiás, matrinxãs, dourados, pintados, pacus, lambaris, bagres e tilápias. A secretaria busca os alevinos em Rio dos Cedros, Santa Catarina, e repassa aos interessados a preço de custo, inclusive sem cobrar o frete da viagem. A entrega será feita na própria secretaria, três dias depois. Segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Roberto Albuquerque, a piscicultura é apenas um dos instrumentos que podem fazer com que o homem permaneça no campo, evitando o êxodo rural. “Quanto mais diversificada for a agricultura, maior a chance de sucesso”, diz ele. No caso de quem trabalha com peixes, frisa o secretário, uma agregação de valor seria o ideal. Albuquerque inclusive cita que os municípios deveriam “pensar regionalmente” uma indústria de processamento de peixes. Ou seja, em vez de o produtor vender o peixe in natura, poderia vendê-lo como caldo, por exemplo. “Com isso, agregaríamos valor”, explica. Porém, até agora não há nada em termos mais concretos neste sentido – não existe um projeto propriamente dito para tal.
UM NICHO DE MERCADO
“O peixe está em alta”, acrescenta. “É um alimento saudável”, analisa (leia mais em “Fonte de Saúde”). Mais do que questões nutricionais, o tema envolve aspectos econômicos. “Trata-se de um nicho de mercado”, comenta o secretário. Apenas para se ter ideia de quanto o processamento pode agregar valor, até pouco tempo, enquanto o quilo pescado da truta cultivada no interior de Campo Alegre estava em R$ 10,00, uma embalagem de 300 gramas do mesmo peixe, defumado, custa mais de R$ 20,00 em Joinville – ou algo em torno de R$ 70,00 o quilo. Para se criar uma indústria de processamento na região, Roberto Albuquerque enfatiza a questão regional. “Teria que ser uma associação ou uma cooperativa”, diz. No governo federal, exemplifica, há possibilidades de se trabalhar essa questão. “Se houver bons projetos e pessoas envolvidas, os recursos vêm”, atesta. No caso das encomendas de alevinos em São Bento, as mesmas não são destinadas apenas a produtores, mas à população em geral. Alguns dos interessados utilizam os peixes para revenda a estabelecimentos do tipo pesque-pague; outros para consumo próprio.
O PREÇO ATRAPALHA, ACREDITA O SECRETÁRIO
O próprio secretário de Agricultura se diz um apreciador de peixes. “Sou fã da cozinha japonesa”, exemplifica. Cita como pratos o sashimi de salmão ou de tilápia. “Gosto de um peixe na brasa também”, afirma, mencionando a pescada e o dourado. O caldo de peixe é outro exemplo citado por Albuquerque. Quando vai ao litoral catarinense, costuma sair pescar peixe-espada em alto mar. Porém, afirma que não é um expert na área: “Gosto mais de comer do que pescar”. Um dos entraves para se consumir peixe em São Bento do Sul, acredita, diz respeito à questão dos custos. Enquanto o quilo do filé de tilápia produzido por aqui mesmo está na faixa dos R$ 20,00, pelo panga – peixe importado do Vietnã – o consumidor paga R$ 10,00.
Daí, acrescenta o secretário, a necessidade de se pensar em um desenvolvimento do setor em São Bento e região. Entre as possibilidades que maiores investimentos poderiam resultar, estaria a possibilidade inclusive de se fornecer peixes e produtos derivados à merenda escolar. Outro ponto levantado por Albuquerque aponta para a necessidade de um Mercado Público Municipal são-bentense – para ele, preferencialmente onde hoje encontra-se a rodoviária, que o Plano Diretor recomenda que seja retirada do Centro.
FONTE DE SAÚDE
O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda o consumo de peixe fresco pelo menos duas vezes por semana. “Comer pescado frequentemente previne doenças cardiovasculares, diminui o nível de colesterol e a ansiedade, além de ativar a memória”, explica a cartilha. A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, reforça a importância das ações que incentivam o consumo de pescado. “Apesar de toda a riqueza de nossa costa marítima e da imensidão de rios – o que permitiria uma distribuição grande de pescados – o consumo de peixe no País ainda é considerado baixo. Precisamos promover hábitos saudáveis na população e o peixe se caracteriza como um alimento muito saudável”, observa a coordenadora. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-09, o consumo anual de peixe do brasileiro é de 9 kg de pescado por habitante ao ano. A meta do Ministério da Saúde é aumentar o número para 12 kg de pescado habitante/ano, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O ministério também informa que, enquanto na região sul o consumo domiciliar (em casa) de peixe é de 1,6 kg per capita ao ano, no norte o número sobe para 17,5 kg per capita ao ano.