Após a porta arrombada, vem o cadeado. A tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi o estopim que faltava para desencadear pronunciamentos políticos, palpiteiros entendidos e alardeadas providências das autoridades, até então omissas e coniventes. A comoção da tragédia faz com que o bom senso e a cautela sejam atropelados, em
nome da defesa da vida. A vitrine foi escancarada para o sensacionalismo. A imprensa, sedenta por notícias, corre atrás dos cadáveres como abutres em busca de carniça. São necessários critérios com bom senso e legislação desburocratizada para que o jeitinho não prevaleça – e nem a ilegalidade. Vivemos numa cidade em que prédios residenciais e habitados não possuem o Habite-se – lojas comerciais, bancos e até prédios públicos sem acesso para deficientes.
Calçadas, além de não reformadas, continuam a ser construídas sem nenhuma fiscalização, com obstáculos e degraus e nem mesmo obedecendo medidas padrão (vide rua João Baum, recém asfaltada). Os riscos estão em todos os lugares, escolas públicas, sociedades. Vigilância Sanitária é um faz de conta (veja catadores que depositam o lixo em seus quintais). Bombeiros sem poder de polícia para embargar obras. Ruas mal planejadas, verdadeiros becos sem saída – sequer um caminhão de bombeiros consegue entrar e manobrar. Muita, mas muita coisa funcionando irregularmente e na base do favor político. Que a hipocrisia não vença o bom senso
e que o assunto, após tanto barulho, não acabe caindo no esquecimento.