A batalha pelo direito de ficar com a menina de oito anos, nascida em Criciúma, cruzou o oceano e foi parar na Europa. Enquanto as famílias trocam acusações, a mãe da pequena, hoje sob os cuidados do pai na Inglaterra, aguarda grávida em uma prisão em Londres o julgamento da justiça britânica, que a acusa de ter raptado a filha.
::: Entenda o que dizem a avó materna e o pai
O quarto cor-de-rosa de Rafaely Guiguer Vieira, oito anos, continua arrumado na casa da avó materna, em Balneário Rincão, Sul de Santa Catarina. As tiaras de estrela e plumas, a boneca favorita, os desenhos e livros, como o da Rapunzel, e a imagem de Nossa Senhora Aparecida seguem lá. E é diante da santa que a avó reza pelo retorno da neta ao Brasil e pela libertação da filha, de 29 anos, presa em Londres, na Inglaterra, acusada de ter raptado Rafaely.
(Foto: Flávio Neves / Agência RBS)
A angústia da avó, a técnica em enfermagem Magda Stela Souza, começou às 23h do dia 2 de novembro passado, após uma ligação sobre a filha, a esteticista e modelo Fernanda Guiguer Souza. Ela acabara de ser presa, em Londres, por ter pego a filha Rafaely sem o consentimento do pai da menina.
Depois de dois meses tentando sem sucesso buscar Rafaely na casa do ex-marido, o instrutor de musculação, ex-jogador de futebol profissional e morador de Londres, Rafael Isidro Vieira, 30 anos, Fernanda tomou uma atitude que Magda descreve como “desespero de mãe”. Pelo ato, Fernanda e o noivo, Wagner Santos, respondem a processo na justiça britânica. A acusação: rapto.
Fernanda, bela jovem de olhos azuis, divide a cela na Halloway Prison com mais seis detentas. Foi lá, na cadeia, que a modelo descobriu estar grávida de quatro meses.
Sem notícias recentes da defesa concedida pelo estado britânico à filha e ao noivo, nem do Consulado do Brasil em Londres, Magda vive meses de sofrimento causado pela pressão alta, noites mal dormidas e exposição da família na mídia. Soma-se a isso o envio de documentos para a Inglaterra e os gastos que ela mal pode pagar, como os 13 mil euros cobrados por uma advogada na Itália, contratada por Fernanda ainda antes da acusação de rapto.
– É nos braços do meu marido que eu choro. Meu pai, que já teve duas paradas cardíacas, sofre quieto. Meu coração está despedaçado com a saudade da Rafaely e da Fernanda, presa do outro lado do oceano. Minha filha às vezes tem 20 segundos para falar comigo ao telefone. Ela só chora e pede que Deus a ajude – conta Magda, que costura em crochê o enxoval do próximo bebê de Fernanda.