O maior polo moveleiro do estado enfrenta a crise provocada pela mudança na política cambial, redireciona os produtos e se recupera, mas assiste a ultrapassagem de outro segmento industrial na participação do PIB regional.

A indústria moveleira do Planalto Norte tem mais de um século de existência. Mas passou por uma crise sem precedentes e agora tenta se readequar. São Bento do Sul se tornou o maior exportador nacional de móveis.

Em 2005, 80% do faturamento (R$ 887 milhões) vinha da exportação. Mas a mudança na política cambial retirou a competitividade das empresas, fazendo as vendas externas caírem ano após ano. Empresas tradicionais fecharam suas portas.

Só a partir de 2007, o setor iniciou um processo de retomada do mercado interno. O selo Biomóvel foi lançado para diferenciar e agregar valor aos móveis produzidos no polo. Em 2009, os resultados foram mais expressivos.

A projeção de faturamento do setor alcançou R$ 815,5 milhões, 21% superior ao resultado do ano anterior. As vendas específicas para o mercado interno cresceram 98% e passaram a representar 58% do faturamento.

A consolidação do retorno ao mercado brasileiro aconteceu em 2011, com a realização da mais recente edição da Móvel Brasil.

— O setor deve estar presente nos dois mercados, pois a diversificação aumenta a segurança dos negócios — diz o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul, Fernando Gassner.

A projeção de faturamento do setor alcançou R$ 844 milhões em 2011 e o volume representou aumento de 3,5% em relação a 2010. A expansão no mercado interno, em 2011, teve crescimento de 56%, quando 71% da produção foi para o varejo brasileiro.

Com a retomada, as cidades de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre continuam formando um dos maiores e mais importantes complexos moveleiros mundiais. São 411 indústrias que empregam diretamente mais de 9,2 mil trabalhadores.

Tuper promove a inversão

O ano de 2010 revelou a inversão dos setores que mais pesam na economia de São Bento do Sul. O setor moveleiro caiu para a terceira posição, representando 15,9%. O setor metalmecânico passou a liderar, com 16,7% de participação, seguido do comércio com 16,5%.

A empresa Tuper é a grande responsável por essa inversão. Com faturamento estimado em R$ 1,3 bilhão neste ano, um aumento de 31% em relação a 2011, a companhia é líder em vários segmentos no fornecimento de tubos e perfis de aço para os setores da construção, química e petroquímica, energia, além de escapamentos  automotivos. O resultado de 2012 deve superar o crescimento médio alcançado nos últimos 10 anos, de 22%.

Este ano, entrou em operação a oitava unidade de negócios da empresa, a Tuper Óleo e Gás, em São Bento do Sul,  investimento que exigiu R$ 198 milhões, de um total de R$ 357 milhões nos últimos dois anos.

Aos 41 anos de atividade, a Tuper se transformou na quinta maior processadora de aço do Brasil. Com sede em São Bento do Sul tem outra unidade em Xanxerê, no Oeste de SC.

Tuper em números

Total de funcionários: 2,5 mil
Capacidade produtiva: 480 mil toneladas de aço por ano
Centros de distribuição e filiais: 25
Faturamento 2011: R$ 1,033 bilhão
Crescimento médio: 22% nos últimos 10 anos 
Investimentos: R$ 357 milhões nos últimos 2 anos