Afirmação foi feita pelo membro do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves, durante evento do Movimento a Indústria pela Educação promovido pelo Sistema FIESC nesta quarta-feira (21) em Jaraguá do Sul
Jaraguá do Sul - A falta de professores qualificados é um dos fatores que contribuem para a má qualidade da educação no Brasil. O alerta foi feito nesta quarta-feira (21), em Jaraguá do Sul, pelo membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves, durante o segundo encontro da série que o Sistema FIESC promove até dezembro para levar a todas as regiões do Estado o Movimento a Indústria pela Educação. "A qualidade na educação básica só vai melhorar quando tivermos profissionais realmente qualificados. Hoje 61% dos professores de física não são formados na área e 41% dos docentes de química também não", afirmou o especialista.
Segundo ele, para que o país realmente vença essa lacuna, é necessário desenvolver e qualificar esses profissionais, além de incentivar a classe. "A base de qualquer profissional parte de um bom professor, por isso precisamos melhorar a qualidade da sua formação. Além disso, é preciso resgatar a valorização da carreira do magistério. Fazer com que o jovem no Brasil queira ser professor, porque um país sem professor não tem futuro", ressaltou Neves, acrescentandoainda que antes de atrair os jovens, o Brasil precisa ter uma política consistente do ponto de vista salarial, ter boas condições de trabalho e mudar radicalmente a formação inicial do professor.
Nevesfalou também que hoje o Brasil tem uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. "O desafio étrazer a escola e o professor para o século XXI. E ações como esse Movimento é um grande catalizador para que a sociedade desperte cada vez mais para a importância da educação para o desenvolvimento humano e do país", disse.
O Movimento a Indústria pela Educação pretende ampliar a oferta de programas de educação do Sistema FIESC e incentivar empresas de Santa Catarina a destinar maior atenção a ações voltadas para a área. Além disso, prevê investimento de R$ 330 milhões em ações educacionais pelas entidades que compõem o Sistema FIESC - SESI, SENAI e IEL. Com a mobilização da classe empresarial e da sociedade, as entidades esperam registar quase 800 mil matrículas nos próximos três anos.
"Para alcançar essas metas, precisamos conscientizar os empresários da importância de se investir em educação. Sem qualificação nós não vamos ser competitivos, e por isso esse Movimento vêm mostrar alternativas para as indústrias da nossa região", afirmou o vice-presidente da FIESC para o Vale do Itapocu, Célio Bayer, durante o encontro.
No final do evento, diversas empresas de Jaraguá do Sul e região assinaram o termo de adesão ao Movimento, se comprometendo a apoiar ações de educação relacionadas a seus trabalhadores.
"Acreditamos que a educação é um dos caminhos para melhorar a competitividade das empresas. A partir da adesão ao Movimento vamos dar maior ênfase nas atividades para seguir elevando o nível de escolaridade dos nossos colaboradores", afirmou a gerente administrativa da Menegotti, Marines Conte.
A Menegotti, indústria de máquinas para construção, de Jaraguá do Sul, atualmente capacita cerca de 140 industriários por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do SESI. A indústria também possui parceria com o IEL para inserir os jovens talentos no mercado de trabalho.
Outra indústria que não dispensa esforços para promover a educação é a WEG Equipamentos, também de Jaraguá do Sul. A empresa ampliou este ano um convênio com o SENAI para realizar cursos de aprendizagem industrial no CentroWeg. A empresa também estimula os colaboradores a voltarem aos estudos. Em parceria com o SESI, a WEG oferece gratuitamente cursos de ensino fundamental e médio, por meio do EJA. Cerca de 250 industriários participam da iniciativa.
"Não há como aumentar a produtividade do nosso colaborador sem oportunizar conhecimento. Desta forma, é necessário dar uma base de educação para poder completar com formação profissional. Há muito tempo contamos com o Sistema FIESC para nos ajudar", disse o diretor de Recursos Humanos da WEG, Hilton José da Weiga Faria.
A importância da educação
Para que a indústria catarinense possa crescer no ritmo esperado até 2015, será preciso contar com um contingente de 461,5 mil trabalhadores com formação profissional adequada. A estimativa é do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e consta na pesquisa Mapa do Trabalho Industrial 2012. Essa necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações.
Em Santa Catarina, cerca de 400 mil trabalhadores das indústrias não têm escolaridade básica completa. Esse quadro faz com que o país ocupe a 77ª posição no ranking elaborado pela Organização Internacional do Trabalho sobre produtividade dos trabalhadores. Além disso, prejudica a capacidade das empresas de inserir novas tecnologias, aumentar sua produtividade e inovar.
A forma como a educação pode contribuir para a mudança desse quadro e o aumento da competitividade das empresas será o tema de debate da série de eventos regionais, que irão ocorrer ainda em Blumenau, Criciúma, Chapecó, Lages e São José.
Mais informações sobre o Movimento estão disponíveis no site www.fiescnet.com.br/aindustriapelaeducacao
Confira a programação dos próximos eventos:
22/11 - Blumenau: Tabajara Tênis Clube (Rua Alwin Schrader, 415, Centro)
28/11 - Criciúma: Centro de Eventos Germano Rigo (Rod. Luiz Rosso, 2500 - Primeira Linha)
29/11 - Chapecó: Salão Nobre do Lang Palace Hotel (Rua Sete de Setembro, 150 D, Centro)
03/12 - Lages: Serrano Tênis Clube (Av. Dom Pedro II, 579, Coral)
04/12 - São José: Unidade SENAI São José (Rod. BR 101 - Km 211 - Área Industrial)