Após 266 dias de prisão, o bicheiro Carlinhos Cachoeira recebeu na terça-feira um revés com efeito colateral positivo.
Condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto, o contraventor ganhou aval para deixar a Penitenciária da Papuda – o que se confirmou às 0h05min da madrugada da quarta-feira.
Na saída do presídio, esperavam pelo contraventor os advogados e a mulher dele,Andressa Mendonça.
A Justiça do Distrito Federal condenou Cachoeira pelos crimes de formação de quadrilha, exploração de jogos e tráfico de influência no processo da Operação Saint-Michel, da Polícia Civil do DF. Mas a juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília, também afirmou não ver mais sentido para manter o réu preso.
Sem vagas no semiaberto, Cachoeira deve ir da Papuda direto para prisão domiciliar emGoiânia. Segundo denúncia do Ministério Público, apresentada em maio, Cachoeira e mais sete pessoas, entre elas os ex-diretores da Delta Heraldo Puccini e Cláudio Abreu se associaram para fraudar licitação para o sistema de bilhetagem eletrônica no DF. O objetivo seria conseguir a contratação da empreiteira para operar o serviço, que poderia render R$ 60 milhões por mês.
Por causa desse processo, Cachoeira permanecia na Papuda. A Saint-Michel foi um desdobramento da Monte Carlo, deflagrada em fevereiro. As investigações da Monte Carlo acabaram gerando a CPI do Cachoeira, que deverá ser encerrada nesta semana com a leitura de seu relatório final.
O tribunal iria julgar um pedido de liberdade da defesa de Cachoeira, mas a juíza Ana Cláudia antecipou a sentença. Ela condenou o bicheiro a dois anos de reclusão por formação de quadrilha e a três anos por tráfico de influência, além de 50 dias-multa.
"O grau de reprovabilidade da conduta do réu é elevado na medida em que não se inibe em desrespeitar o patrimônio público para enriquecimento próprio", diz trecho da sentença assinada por ela. O bicheiro recorrerá.
Cláudio Abreu foi condenado a três anos e seis meses, mesma pena aplicada a Heraldo Puccini. Para eles, a juíza estabeleceu o regime inicial aberto. Apontado como braço direito de Cachoeira, Gleyb Cruz recebeu pena de quatro anos e três meses em regime semiaberto e também foi liberado da cadeia. O contador do esquema, Geovani Pereira da Silva, único foragido até agora, pegou três anos e seis meses de reclusão.