Rubens Blaszkowski, 52 anos, campo-alegrense, empresário do ramo supermercadista, foi eleito prefeito de Campo Alegre com 4.299 votos (54,69% dos válidos), contra 3.282 de Renato Bahr/PMDB (41,76%) e 279 votos de Robson Duvoisin/PSDB (3,55% dos válidos). Rubens Blaszkowski foi eleito pelo Democratas (DEM), contando com apoio dos partidos PP, PDT, PMN, PSB e PSD. Nesta semana ele recepcionou a Reportagem deste jornal para conceder a entrevista que segue.
EVOLUÇÃO – Quem conversa conosco nesta semana é o prefeito eleito de Campo Alegre, nascido aqui mesmo no município. Muito obrigado por nos receber para esta entrevista. Gostaríamos de saber, inicialmente, como começou sua carreira política.
RUBENS BLASZKOWSKI – É um prazer conceder essa entrevista ao jornal Evolução. Minha carreira política começou já há um tempo, embora meu foco principal não seja a política – o meu foco principal é o comércio. A política é por paixão, devido a uma necessidade de se doar para a comunidade, para as pessoas. Já faz doze anos que estou filiado ao DEM, através do então vereador Olívio Odia.
EVOLUÇÃO – Mas o senhor já disputou alguma outra campanha?
RUBENS BLASZKOWSKI – Perdi a eleição de 2008 por cento e oito votos. Aquilo me deixou mais inteligente nos trâmites políticos. Agora, no pleito de 2012, obtive sucesso, sendo eleito pelo povo de Campo Alegre.
EVOLUÇÃO – A diferença foi mínima em 2008...
RUBENS BLASZKOWSKI – É. Foram apenas cento e oito votos. Foi uma campanha bastante disputada. Perdi para o atual prefeito, o Vilmar (Grosskopf, PMDB). Agora disputei contra o senhor Renato (Bahr, também do PMDB, ex-prefeito e candidato em 2012). Ele já foi prefeito duas vezes, com larga experiência na política. Era o melhor nome que o PMDB tinha para disputar a eleição comigo. Porém, as pessoas de Campo Alegre queriam mudança – e votaram pela renovação.
EVOLUÇÃO – O senhor acha que o fato de a população querer esta mudança é a principal diferença em relação à campanha de 2008?
RUBENS BLASZKOWSKI – Sim. O povo quer coisas novas, quer um governo mais imponente em ações, um governo mais agressivo em suas atitudes. Não desmerecendo ninguém, mas o segmento atual do governo está mais voltado às estradas. O que pretendemos é focar muito na Educação, na Saúde – que não são problemas apenas de Campo Alegre, mas do Estado e do País.
EVOLUÇÃO – Ainda em relação à eleição anterior, o que o senhor aprendeu na prática? Algum eventual erro corrigido? Algum acerto que o senhor melhorou?
RUBENS BLASZKOWSKI – Na eleição passada tínhamos coligação com o PR, o Partido da República, que no último dia não apareceu na convenção. O PR acabou convencido a participar da coligação com o PMDB. Este foi um dos motivos por perdermos a eleição. Agora, nesta eleição, a chapa foi composta por seis partidos: o Democratas, o PP, o PSB, o PSD, o PTB e o PMN.
EVOLUÇÃO – Então essa junção de forças políticas acabou influenciando a eleição?
RUBENS BLASZKOWSKI – Sim, isso nos deixou fortes e com uma nominata de candidatos a vereador com vinte e oito nomes. O principal foco da vitória, porém, foi a mudança. O mandato de doze anos do PMDB acabou desgastado também. Isso também nos beneficiou muito.
EVOLUÇÃO – E os candidatos a vereador acabam sendo os principais cabos eleitorais...
RUBENS BLASZKOWSKI – Sem dúvida. Os candidatos buscam votos para si, mas também para o prefeito.
EVOLUÇÃO – E a campanha propriamente dita em Campo Alegre? Como foi? Sabemos que a eleição municipal é aquela mais próxima da população, ou seja, a comunidade conhece bem os candidatos a prefeito, conhece os candidatos a vereador – e, às vezes, os ânimos ficam um pouco mais acirrados.
RUBENS BLASZKOWSKI – Esta de 2012 foi a mais disputada, a mais valorizada em ações. Nós, por exemplo, fizemos vinte e oito encontros nas comunidades e em pequenos comícios. Do outro lado, defendendo o PMDB, estavam o deputado (federal) Mauro Mariani, o senador Luiz Henrique (da Silveira) e o deputado (estadual) Antonio Aguiar, que estiveram aqui várias vezes buscando votos. Eles lutaram muito para se manter no poder – e nós lutamos muito buscando a mudança. Foi uma eleição muito disputada.
EVOLUÇÃO – No voto a voto?
RUBENS BLASZKOWSKI – No voto a voto, de casa em casa, de porta em porta. Fomos recebidos muito bem pela população. Praticamente não houve rejeição na comunidade. As pessoas sempre nos atenderam bem.
EVOLUÇÃO – Em São Bento tivemos uma campanha inédita este ano, com apresentação de propostas à população, sem aquela coisa de ataques de um candidato contra outro. Em Campo Alegre também foi assim?
RUBENS BLASZKOWSKI – Não. Em Campo Alegre não foi assim. Eu fiz uma eleição apresentando propostas e projetos. O outro lado partiu para a agressão, partiu para a difamação. Chegaram a confeccionar um informativo calunioso contra minha pessoa. Não sabemos quem é o remetente ainda. Esse informativo falava do meu passado. Quer dizer, deixaram as propostas de lado e partiram para a agressão pessoal. Começaram a falar da minha vida pessoal – e algumas coisas até eram verdade, como o “caso do gás”, com a notificação que tive há onze anos. Isso é coisa que já passou, porém – e a população já sabia disso. Foi a questão do gás que não tinha registro na ANP (Agência Nacional do Petróleo). Outro candidato também não tinha esse registro – e eu procurei não denunciá-lo. Eles, porém, usaram isso durante a campanha para me difamar.
EVOLUÇÃO – O senhor não respondeu da mesma forma?
RUBENS BLASZKOWSKI – Fiz uma retratação mais agressiva na rádio. Não passou disso. Veja: também houve o problema de saúde do senhor Renato, na véspera da eleição. Claro que não usamos aquilo para nos beneficiarmos. Procuramos respeitar a questão pessoal. Assim, graças a Deus, obtivemos sucesso nas urnas.
EVOLUÇÃO – E a população não quer mais saber dessas coisas, não é? O eleitorado parece que está cada vez amadurecendo mais.
RUBENS BLASZKOWSKI – A população não quer agressividade, confronto; quer propostas, quer ação, quer dedicação.
EVOLUÇÃO – Bom, agora a campanha acabou, o resultado já está consagrado e vem aí a diplomação. A transição de governo já teve início?
RUBENS BLASZKOWSKI – Tem uma equipe trabalhando na transição, mas o Poder Executivo ainda não nos permitiu... Eu, Rubens Blaszkowski, ainda não fui falar pessoalmente com o prefeito. Porém, sabemos que houve uma indisponibilidade por parte do Executivo Municipal. Temos uma equipe trabalhando na tão famosa Festa da Ovelha, que acontece já em março. Quase não haverá tempo hábil em janeiro para pensar na contratação de bandas, na confecção de folders, etc. Assim, estamos fazendo por conta própria. Também já temos a nomeação de alguns secretários.
EVOLUÇÃO – Então o senhor já tem alguns nomes definidos?
RUBENS BLASZKOWSKI – O secretário de Finanças é o José Carlos Vieira. O chefe de Gabinete é o Jéferson Cunha. O secretário de Turismo é o Ernesto (Larsen). Queremos compor, ainda este ano, a Saúde e a Educação. No caso da Educação, os professores e os diretores já iniciam no começo do ano – precisamos saber a questão das creches, por exemplo. Na Saúde, no dia 2 janeiro, as pessoas podem ficar doentes, alguém pode vir buscar remédios, alguém precisará fazer hemodiálise, fazer quimioterapia. Essa é a parte que mais me preocupa. Com a transição, se ocorrer de não acontecer, quem vai perder é a população.
EVOLUÇÃO – O senhor está dizendo, nas entrelinhas, que o atual governo está dificultando a transição?
RUBENS BLASZKOWSKI – Certeza que é isso. Se eu fosse o atual governo, eu abriria as portas para a nova administração. É preciso se inteirar dos fatos – a população não pode perder com isso. Se não conseguirmos administrar essa questão, quem vai perder é a população. Em uma entrevista, o atual prefeito disse que não está aí para ensinar a administrar Campo Alegre. Também nem é isso que eu quero! Eu quero apenas que ele permita que eu conheça a empresa chamada prefeitura. Que eles deem acessibilidade à minha equipe com a transição. Ele disse que dará esse acesso somente após a diplomação (ou seja, após 18 de dezembro). Mas daí já fica muito próximo do fim de ano.
EVOLUÇÃO – O senhor falou sobre a Festa da Ovelha. Já ouvimos comentários, inclusive em São Bento do Sul, que o evento não será realizado ano que vem. Procede essa informação?
RUBENS BLASZKOWSKI – O evento vai ser realizado – e com muita qualidade. Se não tiver ovelha, vai ser com frango mesmo (risos). Mas vai ser realizado!
EVOLUÇÃO – Em últimos casos, vira a Festa do Frango? (risos).
RUBENS BLASZKOWSKI – Estou apenas ironizando a conversa. Já estamos trabalhando na Festa da Ovelha, que vai acontecer, sim. Não sabemos qual será o sucesso da festa. Vai depender também do tempo bom. O evento, porém, acontece com certeza.
EVOLUÇÃO – O senhor também comentou que está definido o secretário de Turismo. Campo Alegre tem realmente toda essa vocação turística que ouvimos por aí? Ontem (segunda-feira 12) alguém comparou Campo Alegre com Campos do Jordão. Existe todo esse potencial mesmo?
RUBENS BLASZKOWSKI – Campo Alegre tem potencial turístico. Temos as cachoeiras, temos as araucárias, temos um dos melhores climas da região... Porém, existe muito a ser feito. O turismo em Campo Alegre, entretanto, caminha a passos lentos, embora seja considerada uma cidade turística. Não temos uma estrutura, com hotéis e pousadas, para recebermos os turistas. Queremos desenvolver essa questão, melhorar isso.
EVOLUÇÃO – Ainda falando politicamente, como ficou a composição da Câmara de Vereadores? Como estará a tal da governabilidade a partir de 2013?
RUBENS BLASZKOWSKI – Temos cinco vereadores eleitos pela coligação, contra quatro da oposição – a partir de 2013. Então, temos a maioria. A partir do momento em que uma equipe de vereadores começa a dificultar o trabalho, fazendo a população perder, esses vereadores estarão cavando a própria cova, com o respaldo negativo da população. Da mesma forma vale algum projeto de qualidade enviado para o Executivo: o Executivo deve atendê-lo se isso beneficiar a população. A eleição já acabou – agora é trabalho!
EVOLUÇÃO – Como o senhor vê o futuro relacionamento com o governo do Estado e com o governo federal?
RUBENS BLASZKOWSKI – O governo do Estado está conosco, com o (governador) Raimundo Colombo, que inclusive nos apoiou na campanha. Ele é meu conhecido. Conversei várias vezes com ele. Ele mudou do Democratas, que é meu partido, para o PSD. Não é por isso que seremos inimigos. Tenho certeza que ele nos ajudará muito para fazermos um governo agressivo.
EVOLUÇÃO – E Brasília?
RUBENS BLASZKOWSKI – Lá em Brasília já é uma questão mais delicada. Quem está no comando é o PT, junto com o PMDB. Logo, não teremos benefícios especiais. Porém, temos algumas pessoas que nos representam, como o deputado federal João Rodrigues (DEM), que nos apoiou na campanha.
EVOLUÇÃO – A receita de Campo Alegre não é das maiores, até por ser um município de pequeno porte. De repente projetos em nível estadual ou em nível federal podem ajudar no desenvolvimento do município, certo?
RUBENS BLASZKOWSKI – Para o orçamento de 2013 serão R$ 24 milhões. Questões maiores, como o saneamento, por exemplo, têm que ser feitas com recursos de fora. Com recursos próprios não será possível executar isso. Vamos trabalhar muito a questão dos projetos, desde o início. Não queremos fazer um governo politiqueiro – e sim um governo de boa política.
EVOLUÇÃO – Muito bem. Conversamos com o prefeito eleito de Campo Alegre, Rubens Blaszkowski, que gentilmente nos recebeu aqui em seu estabelecimento comercial para esta entrevista. Mais alguma consideração?
RUBENS BLASZKOWSKI – Quero agradecer primeiro a Deus. Quero agradecer à minha família, que me apoiou e se dedicou. Também quero agradecer às pessoas de Campo Alegre, que terão, sim, um governo agressivo.