O relógio marca 18h15min de sexta-feira. Depois de uma dolorosa espera, a família de Joel da Silva aguarda a chegada do corpo à Capela do Bairro São Vicente, em Itajaí. A poucos quilômetros dali, em Balneário Camboriú, a mulher dele, Daisy Christiane de Souza, era internada para dar à luz a primeira filha do casal.
O bebê nasceu por volta das 20h na Maternidade Santa Luzia. Tanto a mãe quanto a criança passam bem.
A cesariana já estava marcada e chegou a ser adiada por algumas horas para que a mulher tivesse tempo de se despedir do marido, mas não houve tempo. A morte repentina de Joel na BR-376, na tarde de quinta-feira, tirou dele o prazer de ver o rosto da filha recém-nascida.
Aos 36 anos, o empresário, dono de uma loja de suprimentos de informática no Bairro São João, em Itajaí, seria pai de uma menina pela segunda vez. O parto, agendado para sexta-feira, era esperado com ansiedade pelo pai, que fez questão de montar o enxoval e cuidou pessoalmente de cada detalhe da decoração do quarto do bebê – uma surpresa para a mulher, Daisy.
– Ele não queria que ela visse, só quando saísse do hospital – conta Ivoli Berkenbrock Duarte, prima de Joel.
O casal, que se conheceu pela internet, estava junto há quatro anos, e havia acabado de comprar um apartamento em Itajaí. A nova moradia estava recebendo mobília e seria lar da família assim que o mãe e bebê deixassem a maternidade.
– Joel estava muito feliz – resume o amigo Nilton Gonçalves.
Foi a ansiedade do empresário pela vida nova que o levou à sua última viagem. A ideia dele era comprar o que faltava, no Paraguai, e voltar a tempo de gravar em vídeo o parto da filha.
– Ele saiu de Itajaí para trazer coisas para o enxoval. O carro estava cheio de brinquedinhos – diz emocionado o irmão, Noé da Silva.
Joel viajava na companhia de Rodrigo Antunes de Jesus, 29 anos, Paulo Sérgio Niehus, 41, e Urubatan Barbosa, 70. Era a primeira vez que os quatro viajavam juntos.
Quando foram atingidos pelo caminhão, em meio a um congestionamento na Serra do Mar, os quatro voltavam para casa.
Na sexta-feira, os quatro velórios simultâneos comoveram Itajaí. Tio e sobrinho, Rodrigo e Paulo Sérgio foram velados na mesma capela, no Cemitério da Fazenda