Florianópolis - Santa Catarina venceu mais uma etapa, a última que dependia dos esforços do Governo estadual, para conseguir a liberação da exportação da carne suína catarinense para o Japão. Nesta quinta-feira, 8, o governador Raimundo Colombo liderou uma comitiva brasileira nas conversas com o vice-ministro para assuntos internacionais do Ministério da Agricultura do Japão, Masanori Sato. "Já vencemos oito de dez etapas. As duas últimas agora precisam ser tomadas por parte do Japão. Estamos bem otimistas", disse o governador, que foi acompanhado pelo embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, no encontro realizado em Tóquio.
Das duas etapas que restam, uma é a apresentação de uma lista de exigências sanitárias, por parte do Japão, para os frigoríficos que irão exportar a carne para o país asiático. A outra é a mudança de uma parte da legislação agropecuária. Hoje o Japão só pode importar de países livres de febre aftosa sem vacinação. Mesmo Santa Catarina sendo reconhecida com esse status de excelência sanitária - conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal em maio de 2007 - ainda depende que a legislação permita a importação de alimentos de um estado específico de um país. "Estamos muito próximos. Já fizemos todo o dever de casa. Agora aguardamos as próximas manifestações do Governo japonês", disse o secretário da Agricultura, João Rodrigues.
O vice-ministro informou que um relatório técnico independente deu um parecer favorável recomendando a importação da carne suína catarinense. "Uma das nossas preocupações constantes é obter fontes seguras de alimentos", disse. Nesse sentido, Santa Catarina se tornaria parte de um seleto grupo que pode exportar esse tipo de carne para o Japão. Hoje, o Estado já é, dentro do Brasil, o que mais exporta frango para o país.
Para acelerar a conclusão do processo, que já leva cinco anos de negociação, o governador Raimundo Colombo ofereceu mais uma garantia aos japoneses. Toda a carne exportada deve vir de suínos 100% catarinenses, ou seja, que desde o nascimento até o abate do animal que fornecerá o alimento o processo seja todo feito em território catarinense. A ampliação do número de fornecedores também foi defendida como importante para aumentar a segurança no fornecimento de alimentos para o país.
Prioridade nacional
O secretário de Relações Internacionais de Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, também integrou a comitiva e destacou a importância de incluir mais um produto a nas relações comerciais entre os dois países. "O Brasil é o terceiro maior produtor de alimento do mundo. O Japão é o terceiro maior comprador desse tipo de produto. Mas, em compensação, o comércio bilateral ainda é muito pequeno. Aumentarmos esse número é essencial", afirmou.
Ele também destacou o reconhecimento que Santa Catarina recebeu como Estado livre de febre aftosa sem vacinação. "É um exemplo que gostaríamos de ver em outros estados do Brasil também", disse.
Retomada das exportações
O início das exportações para o Japão garantiriam também aos produtores do Estado uma maior segurança. O Japão é o maior importador de carne suína do mundo. Importa anualmente 1,2 milhão de toneladas dessa carne, cerca de US$ 5 bilhões anualmente. Por já ter representantes comerciais no país, por causa da venda de carne de frango, a expectativa é que os frigoríficos do Estado consigam uma fatia significativa desse mercado em pouco tempo após a aprovação.
A aprovação permitiria também a retomada das exportações catarinenses a níveis históricos. Em 2012, Santa Catarina continua sendo o maior exportador do país, com 159 mil toneladas. Mas antes do embargo da Rússia à carne suína brasileira, o Estado já chegou a exportar 280 mil toneladas anualmente. O país retomou as importações da carne catarinense em 2010, mas os números ainda não conseguiram recuperar aquele patamar.
Os países que mais importaram esse produto catarinense em 2011 foram Rússia (24,6%), Hong Kong (18,6%), Ucrânia (12%) e Argentina (10%). Com um rebanho de 7,2 milhões de cabeças, Santa Catarina tem a mais desenvolvida suinocultura do país. Além de possuir o melhor nível de produtividade, tanto nas criações como nas indústrias processadoras de carne suína. A produção no ano passado foi de 730 mil toneladas de carne suína.
O passaporte
Em janeiro de 2012 se consolidou um processo que iniciou em 2010. O USDA (Departamente de Agricultura dos Estados Unidos) habilitou alguns frigoríficos de Santa Catarina para exportação da carne suína "in natura". Como o país é um grande produtor de carne suína, o reconhecimento não gerou um aumento significativo nas vendas, mas está servindo como passaporte na busca pela liberação de entrada em mercados altamente competitivos, como a Coréia do Sul, a União Europeia e, inclusive, o Japão.