Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
04/11/12 Dom: Ap 7,2-4.9-14 – Sl 23 – 1Jo 3,1-3 – Mt 5,1-12a
Neste, 31º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus é próprio da Celebração Litúrgica de Todos os Santos. Jesus como Moisés, sobe à montanha e, sentado, como mestre, comunica a ‘Nova Lei’ aos discípulos missionários, semente do povo de Deus que ele veio renovar. Jesus declara ‘felizes’ aqueles que nós consideramos ‘infelizes’. É uma revolução total, a sua revolução, o reinado de Deus que ele anuncia aproximar-se de nós. O Sermão da Montanha estende-se por três capítulos. É a ‘constituição’ do Reino: declara seus cidadãos, estipula sua condição, apresenta seus critérios. Um exegeta, o jesuíta italiano Silvano Fausti, apresenta sete chaves de leitura para entrarmos na riqueza desses capítulos. 1ª Cristológica: São uma autobiografia de Jesus, revelando sua face de Filho; 2ª Teológica: Mostram que Deus é seu Pai, igual e diferente dele; 3ª Antropológica: Pintam o rosto do homem realizado, feito à imagem do Pai; 4ª Soteriológica: Salvam-nos da mentira e do fracasso definitivo; 5ª Eclesiológica: Desenham as linhas da comunidade dos filhos que vivem como irmãos; 6ª Escatológica: Desvelam a verdade última da realidade; 7ª Moral: Convidam-nos a ‘agir’ de acordo com o que ‘somos’, vivendo a nossa identidade de filhos no Filho. Alguns estudiosos dizem que o Sermão da Montanha é uma catequese batismal. Na Igreja antiga, Mateus era considerado o ‘Evangelho do Catequista’. Aqui temos a ‘regra de vida’ dos filhos e filhas que renascem no Filho, pela fé e pelo batismo. Não se trata de uma nova lei, mais implacável que a antiga. Trata-se de um coração novo, aquele prometido pelos profetas. O que Jesus afirma aqui é o que ele vive em todo tempo e lugar, e comunica a todos os que se dispõem a segui-lo na condição de discípulos missionários. As palavras de Jesus não são Lei, que julga, condena e mata, mas Evangelho. Não são exigências tanto mais elevadas quanto mais impossíveis, mas o dom de seu próprio Espírito, que, transformando nosso coração, nos torna filhos e irmãos. Não só. Jesus não só diz; ele faz o que diz. Mais ainda. Ele nos dá o que nos diz. Na verdade, Mt 4,23 a Mt 9,35 forma uma grande inclusão. Na prática, isso significa que o Sermão da Montanha e a narração dos nove milagres e um exorcismo formam uma unidade. A palavra dos capítulos 5 a 7 tem poder de renovar-nos, como mostram plasticamente os capítulos 8 e 9: purifica a nossa vida, dá-nos a fé, torna-nos capazes de servir, liberta-nos do medo, do mal, do pecado, da doença e da morte, torna-nos capazes de ver e de anunciar o Reino de Deus! As bem-aventuranças uma nova moral? Sim e não. Não, no sentido do moralismo, que transforma o evangelho em lei e a lei em canga. Sim, no sentido que temos, no Sermão da Montanha, um ‘indicativo’, a nova vida do reino, transformado em ‘imperativo’, a novidade de vida exigida dos discípulos missionários. O Filho que se tornou um de nós nos fez sermos o que somos: filhos chamados a viver como irmãos. Este é o único dever do ser humano: tornar-se o que é. Senão, decai ao que não é. Passa a viver como os animais, leva uma vida vegetativa, ou vira pedra na vidraça dos outros! As bem-aventuranças são, só para os discípulos missionários? Para eles em primeiro lugar; mas para as multidões, quer dizer, para todos também. São para todo ser humano que procura a verdade do seu ser e a autenticidade da sua existência. O discípulo missionário não é senão a cifra do homem verdadeiro!
05/11/12 – Seg: Fl 2,1-4 – Sl 130 – Lc 14,12-14
06/11/12 – Ter: Fl 2,5-11 – Sl 21 – Lc 14,15-24
07/11/12 – Qua: Fl 2,12-18 – Sl 26 – Lc 14,25-33
08/11/12 – Qui: Fl 3,3-8a – Sl 104 – Lc 15,1-10
09/11/12 – Sex: Ez 47,1-2.8-9.12 – Sl 45 – 1Cor 3,9c-11.16-17 – Jo 2,13-22
10/11/12 – Sáb: Fl 4,10-19 – Sl 111 – Lc 16,9-15
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