O prefeito eleito de Rio Negrinho, Alcides Grohskopf, recebeu 15.006 votos, ou 59,96% dos válidos. O atual prefeito, Osni Schroeder, seu adversário, ficou com 10.022 votos (40,04% dos válidos). Alcides já esteve à frente da prefeitura após a eleição extemporânea realizada em 2007, por conta de imbróglios político-eleitorais que ocorreram no município. Nesta semana, ele recepcionou o Evolução no gabinete do PMDB para a presente entrevista, durante a qual tratou de diferentes assuntos, como a campanha propriamente dita, a aliança com outros partidos, a transição de governo, a maioria na Câmara de Vereadores e o relacionamento com os governos estadual e federal. Alcides também destaca o principal ponto de sua administração, que será, segundo ele, a geração de emprego e renda.
Houve momentos difíceis na campanha, porque nosso adversário procurou desviar a atenção do eleitor através de críticas e difamações. Orientamos às pessoas que estavam na linha de frente da nossa campanha para que tomassem cuidado e que levassem apenas as nossas propostas (Foto Elvis Lozeiko/Evolução)
EVOLUÇÃO – Estamos em Rio Negrinho, no diretório do PMDB, conversando nesta ocasião com o prefeito eleito, Alcides Grohskopf – ele que retorna ao comando do Poder Executivo depois de já ter atuado por vinte e um meses após a chamada “eleição extemporânea”, que aconteceu em março de 2007, por conta de todos aqueles imbróglios político-eleitorais que aconteceram aqui no município. Tudo bem, prefeito, como está? Obrigado por nos receber.
ALCIDES GROSKOPF – É um prazer ceder esta entrevista ao jornal Evolução. Em 2007, vencemos aquela eleição extemporânea em uma semana de campanha. Fizemos um bom trabalho – foram vinte e um meses. Entreguei a prefeitura em 31 de dezembro de 2008 com a consciência tranquila e com o dever cumprido. Acabamos perdendo a eleição na época, até porque o PMDB estava fazendo um fechamento de doze anos de administração, com o Mauro (Mariani), com o Almir (Kalbusch, in memorian), com o Abel (Schroeder) e comigo. Ou seja, houve um desgaste natural. Acabamos ficando fora nesses quatro anos (2008-2012). Agora está aí o resultado. Conseguimos esse resultado positivo em 7 de outubro, com 15.006 votos, portanto com 4.984 votos de vantagem sobre o nosso adversário (o atual prefeito Osni Schroeder/PSD). Um fato positivo é que fizemos uma campanha voltada ao nosso Plano de Governo, com propostas para a população de Rio Negrinho, oferecendo opções e alternativas de uma administração diferenciada para os próximos quatro anos. A população, o nosso eleitor, entendeu que nossa proposta foi a melhor, tanto é que obtivemos sucesso em todas as urnas.
EVOLUÇÃO – O senhor venceu em todas as urnas?
ALCIDES GROHSKOPF – Sim. Saí do interior com 80% dos votos. No Centro, na parte urbana, também vencemos em todas as urnas. Isso demonstra que a população analisou muito bem e, logicamente, nos deu a resposta. Agora vamos procurar administrar Rio Negrinho da melhor maneira.
EVOLUÇÃO – Quinze mil votos! Um número sugestivo, não é?
ALCIDES GROHSKOPF – Coisa do destino, não é? Realmente foi um trabalho muito bom de toda a nossa militância, dos nossos filiados, da nossa coligação. Tenho que enaltecer a nossa coligação. No dia 7 de setembro de 2011, um ano antes das eleições, como presidente do PMDB, junto às lideranças dos partidos, iniciamos uma conversa. O PDT, do vice Aldo Packer, nos trouxe uma proposta. Aliás, no início foram o PDT e o PT. A partir daí, deflagrou-se esse trabalho – e outros partidos passaram a fazer parte da aliança, como o PSC, o PTdoB, o PCdoB, o Democratas e o PV. Quando chegamos à convenção, já estava tudo muito bem conversado. O próprio candidato a vice já estava escolhido.
EVOLUÇÃO – O senhor falava agora há pouco, com o gravador desligado, que a campanha começou um pouco morna e depois deslanchou. É isso mesmo?
ALCIDES GROHSKOPF – O PMDB tem uma grande história. Esse é um trabalho iniciado quando o Mauro Mariani foi prefeito. Eu fiz parte do governo, na época. Depois vieram o Almir, o Abel e eu, que fiz aquele “mandato tampão”, por conta de todas aquelas situações políticas e as cassações. Então, logicamente, o PMDB tem uma história de muito trabalho e desenvolvimento em prol de Rio Negrinho. Quando se tratava, dentro do partido, sobre as lideranças que poderiam ser candidatos – no caso, Abel e eu –, diante de uma pesquisa acabamos escolhendo o meu nome. Ou seja, o partido indicou meu nome como cabeça de chapa para uma coligação com outros partidos. Iniciamos uma campanha muito bem planejada. Durante os noventa dias de campanha, tem que haver esse bom planejamento – e a campanha tem que ser crescente. Não se pode iniciar uma campanha já colocando em prática tudo aquilo que se imagina para os noventa dias. Assim, começamos com cautela e com pé no chão. Nossos sessenta e oito candidatos a vereador estavam muito bem estruturados também. Os candidatos a vereador são os principais cabos eleitorais. O PMDB é forte nessa questão: a militância. Quando a nossa militância é chamada, ela comparece mesmo! Fizemos uma campanha sem críticas ao adversário. Não nos preocupamos com o adversário, embora soubéssemos que teríamos a máquina administrativa pela frente. Fizemos uma campanha de porta em porta, de bairro em bairro, visitando as casas. O principal objetivo foi apresentar o nosso Plano de Governo.
EVOLUÇÃO – Em São Bento houve uma campanha praticamente inédita. Não houve aquela troca de farpas, aquela coisa mais quente. O que houve foi a apresentação de propostas, realmente – porque é isso que o povo quer. Em Rio Negrinho também foi assim ou houve alguns períodos mais ácidos durante a campanha?
ALCIDES GROHSKOPF – Houve alguns momentos mais difíceis. Eu, particularmente, parto do princípio de que uma campanha política tem que ser baseada em propostas, oferecendo à comunidade o que você pode fazer dentro de uma administração. De maneira alguma partimos para críticas. Porém, sofremos muitas calúnias, muita difamação – tentaram denegrir minha imagem. Foi uma série de coisas que partiu do nosso adversário, mas nós não nos preocupamos com isso. Claro que houve momentos difíceis na campanha, porque nosso adversário procurou desviar a atenção do eleitor através de críticas e difamações. Orientamos às pessoas que estavam na linha de frente da nossa campanha para que tomassem cuidado e que levassem apenas as nossas propostas.
EVOLUÇÃO – E agora? Em que fase estão os trabalhos após as eleições? Já começou a transição?
ALCIDES GROHSKOPF – Ainda não. Sou muito pé no chão. O primeiro passo era a campanha e, logicamente, vencer a eleição. A segunda fase, agora em outubro, é voltada à prestação de contas. Deixei claro a todos os partidos que não trataríamos de nomeações neste momento. Com relação à transição, ainda não houve manifestação por parte do prefeito nem de nossa parte. Mas, na semana que vem, com certeza vamos procurar agendar com o atual prefeito para discutirmos a transição, porque ela é importante. Em 2008, baixei uma Portaria e de imediato abrimos as portas da prefeitura, para que o prefeito eleito pudesse ter acesso.
EVOLUÇÃO – O senhor espera o mesmo tratamento?
ALCIDES GROHSKOPF – Espero o mesmo tratamento! De maneira nenhuma criamos dificuldades em 2008. Espero que haja essa retribuição. Não se pode pensar neste ou naquele prefeito, não! Estamos falando de uma sociedade inteira, até porque algumas situações requerem maior atenção. No início de janeiro, por exemplo, as creches, os Centros de Educação Infantil, já começam a trabalhar. A questão da Saúde não pode esperar também, mesmo porque os processos licitatórios demandam certo tempo. Eu, na época, em relação a questões como combustíveis e merenda, procuramos deixar licitadas já em dezembro. Tenho certeza que o atual prefeito é sensível à questão – e, por isso, vamos conversar semana que vem. Depois da prestação de contas e da transição, virá, naturalmente, a composição da equipe.
EVOLUÇÃO – Sempre que há mudança na administração, fala-se que o primeiro ano é para “arrumar a casa”. É isso mesmo?
ALCIDES GROHSKOPF – Quando se assume em 1º de janeiro, é natural que deva existir essa adaptação com os secretários e inclusive para que o prefeito possa tomar conhecimento de todas as situações. No primeiro ano vamos nos basear na elaboração de projetos. Temos aqui nosso embaixador, o deputado federal Mauro Mariani, que, com certeza, vai alocar recursos na emenda parlamentar para o ano que vem. Com relação à esfera federal, temos boas perspectivas. Então, no primeiro ano, vamos arrumar a casa neste sentido.
EVOLUÇÃO – E trabalhar com o orçamento do governo atual!
ALCIDES GROHSKOPF – Exatamente. O orçamento do ano que vem está sendo elaborado pela atual administração, pelo Executivo e pelo Legislativo. Vamos nos adaptar a este orçamento, que não fomos nós que elaboramos. No primeiro ano serão feitas as adaptações que devem ser feitas, deve ser dado um foco do que queremos, em relação a todas as secretarias e ao que temos no Plano de Governo.
EVOLUÇÃO – Baseado no que o senhor ouviu durante a campanha e em consonância com seu Plano de Governo, quais serão os principais pontos da sua administração?
ALCIDES GROHSKOPF – Batendo de porta em porta, ouvimos da comunidade duas situações. Em primeiro lugar: geração de emprego ou renda. Esse é um grande desafio aqui em Rio Negrinho. Muitas pessoas saíram de Rio Negrinho em busca de emprego. O segundo ponto que mais aflige nossa população é a saúde. Muitas pessoas estão com muitas dificuldades para conseguir tratamentos e uma série de coisas. São pontos que temos que trabalhar com muita coragem e muita firmeza, provocando mudanças positivas neste sentido.
EVOLUÇÃO – Sobre a Câmara de Vereadores, como ficou a composição?
ALCIDES GROHSKOPF – Fizemos a maioria. Rio Negrinho tem nove cadeiras. Em nossa aliança, fizemos seis vereadores – quatro do PMDB e dois do PDT. De qualquer forma, acredito e confio na Câmara como um todo. Essa maioria nos dá uma tranquilidade, mas não tenho maiores preocupações com os demais vereadores, porque o objetivo é trabalhar para a comunidade. Vamos fazer com que a Câmara receba aqueles projetos que são para o bem da comunidade. Tenho certeza que Executivo e Legislativo vão trabalhar em benefício da nossa população.
EVOLUÇÃO – O senhor está tranquilo também em relação ao relacionamento com o governo do Estado?
ALCIDES GROHSKOPF – Com certeza. No governo do Estado temos o vice-governador Eduardo Pinho Moreira. Temos um deputado estadual da região, o Antonio Aguiar. Com certeza, logo no início do mandato vamos procurar agendar uma conversa com o governador (Raimundo Colombo/PSD), levando os anseios de Rio Negrinho e de sua população. Definitivamente, temos que levar de Rio Negrinho a questão da SC-422 (rodovia estadual que liga ao distrito de Volta Grande). Que o governo nos diga o que há. As obras estão paralisadas há dois anos. Há essas sinalizações sobre licitações, mas as coisas não acontecem. Essa obra é muito importante para Rio Negrinho. O município se desenvolveu a partir daquela divisa. Daqui até Volta Grande temos toda uma região para desenvolver. A SC-422 é importante para levar este desenvolvimento, até porque daqui a pouco teremos que criar parques industriais mais para o interior.
EVOLUÇÃO – O prefeito, hoje, não é mais aquele homem sentado no gabinete, com portas fechadas. Pelo próprio exemplo de São Bento, vemos o prefeito Magno Bollmann fazendo várias viagens a Brasília. O seu partido, por exemplo, tem o vice-presidente da República. Tem também o “embaixador” Mauro Mariani, tem o senador Luiz Henrique da Silveira. Ou seja, o senhor terá as portas abertas na capital federal...
ALCIDES GROHSKOPF – Tem ainda o (senador) Casildo Maldaner, temos as lideranças dos outros partidos. E, claro, temos a presidente Dilma (Rousseff/PT) e a pessoa do vice-presidente da República, o Michel Temer, que é do PMDB. A nossa preocupação maior, no momento, é elaborar projetos. Não adianta ir à capital federal de mãos vazias, achando que as coisas acontecem por si só. Com certeza não seremos um prefeito de gabinete fechado. É do meu princípio estar em contato com a comunidade no dia a dia.
EVOLUÇÃO – Muito bem, conversamos com o prefeito eleito de Rio Negrinho, Alcides Grohskopf. Algo mais para deixar registrado nesta entrevista?
ALCIDES GROHSKOPF – Queremos agradecer por este espaço cedido pelo jornal Evolução. Aproveitamos para convidar a todos para a nossa posse e queremos dizer que teremos as portas da prefeitura abertas. E, logicamente, quando formos a São Bento também faremos uma visita ao jornal Evolução.