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Ele viu o monomotor cair no mar

Domingo, 04 de novembro de 2012

 

Aposentado conta detalhes do acidente que resultou na morte de médico e empresário em Balneário Camboriú

 
Ele viu o monomotor cair no mar  Marcos Porto/Agencia RBS
Assim que a asa bateu no mar, o monomotor caiu e afundou em segundos, diz José Carlos Caldas Foto: Marcos Porto / Agencia RBS
A madrugada de domingo foi difícil para José Carlos Caldas, 62 anos. O sono não apareceu. Na cabeça lembranças dos momentos vividos na manhã de sábado Praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú. O aposentado, morador de Itajaí, presenciou o momento da queda da aeronave conduzida pelo médico Júlio César Mandelli, 58 anos, que morreu no local do acidente. O empresário Claudir Gheller, 53, também era passageiro do monomotor e não resistiu à força do mar. O único sobrevivente é um menino de 11 anos, filho de Gheller, que sofreu ferimentos leves e passa bem. 

- Eles passaram em direção a Balneário Camboriú e pouco depois retornaram. Estavam cerca de 30 metros distantes de mim. A aeronave veio beirando o costão de Taquarinhas com o motor falhando. Assim que a asa bateu no mar, o monomotor caiu e afundou em segundos - lembra o aposentado.

Caldas viu a criança sendo arremessada da aeronave e gritou socorro para o filho e o genro, que também pescavam nas proximidades. O menino chegou a nadar por alguns metros, até que um galão flutuando foi jogado no mar para o garoto segurar. O filho e o genro do aposentado entraram na água e puxaram a criança até a faixa de areia. Gheller e Mandelli ainda tentaram nadar, mas a força das ondas impediu os dois de saírem do mar. 

- Só quem viu o agito que estava o mar, assim como eu, pode dizer que foi um milagre esse menino ter sobrevivido. Mesmo dentro da água, ele pediu para que ajudassem o pai. É difícil eu falar sobre isso, fico muito comovido. Tenho um neto de 11 anos também e imagino a dor dessa criança agora. Fazia muito tempo que eu não vinha para Taquarinhas. Tento entender o que me fez parar aqui justamente neste dia - diz, com a voz embargada e lágrimas nos olhos. 

Neste domingo de manhã, o aposentado voltou até o local do acidente e observou de longe o trabalho dos mergulhadores em busca dos destroços do monomotor. Olhando para o mar, Caldas revelou que deseja, um dia, rever o menino que ajudou a salvar. O movimento nas estradas fez o corpo de Bombeiros chegar ao local do acidente pelo mar, por meio de jet skis. Piloto e passageiro foram levados até a areia, onde os socorristas ainda tentaram reanimá-los. Foi o filho de Caldas quem telefonou pedindo socorro, pouco depois das 10h de sábado. 

- Quando nós os resgatamos, eles já estavam inconscientes. A retirada dos corpos da água foi bem difícil, pois eles estavam próximos das pedras e o mar muito revolto - relata o tenente do Corpo de Bombeiros, Wilson Ribeiro.

Morador de Camboriú, José Silvério Filho, 50 anos, aproveitava a Praia de Taquarinhas com a família na hora do acidente. O serralheiro conta que a queda foi tão rápida, que eles nem chegaram a ver a aeronave. Só tiveram ciência do que estava acontecendo quando enxergaram o menino sendo resgatado. 

- Eu cheguei a ajudar os bombeiros a retirar os corpos da água. Foi um momento marcante, porque nunca havia passado por isso. Até agora eu busco entender como essa criança sobreviveu, e sem ferimentos_ fala Silvério Filho.

Em pouco tempo, o acidente reuniu dezenas de pessoas no local. Da Avenida Rodesindo Pavan, a Interpraias, moradores e turistas impressionados observavam o movimento. 

- Eu vi o menino sendo levado pelos bombeiros. Ele estava bem, não chorava, mas aparentava estar bem assustado - conta a professora e moradora de Itapema, Ana Isabel Pereira Pedro, 26.

Vítimas eram de Videira

O médico ginecologista Júlio César Mandelli levava o amigo Claudir Gheller e o filho para um passeio ao Litoral no momento do acidente, onde passavam o feriado prolongado. A bordo do monomotor, eles saíram do Aeroclube de Itapema em direção a cidade de Balneário Camboriú. Durante o fim de semana, ninguém do aeroclube quis se pronunciar sobre o caso. Por telefone, informaram apenas que o piloto era habilitado e que o monomotor tinha plenas condições de voo.

O corpo do Mandelli, que possuía consultórios em Videira e Balneário Camboriú, foi cremado neste domingo na cidade. Gheller foi sepultado no município de Videira, onde morava com a família e era dono de uma transportadora.

Um laudo sobre fatores que levaram à queda da aeronave no mar da Praia de Taquarinhas será feito pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) e depois encaminhado para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Não há prazo para o documento ser concluído. 

- Ainda é cedo para se apontar qualquer tipo de fator de risco. A única coisa que se pode afirmar, por enquanto, é que essa aeronave era experimental - diz o tenente-coronel aviador Marcos dos Santos Silva, chefe do Seripa no Sul do Brasil.

Aeronave continua submersa

Ainda na tarde de sábado, mergulhadores contratados pelo Aeroclube de Itapema iniciaram os trabalhos de retirada dos destroços da aeronave do mar de Taquarinhas. Uma equipe de Porto Belo fez buscas até o início da noite, mas nada foi encontrado. A ação foi suspensa e retomada na manhã deste domingo.

Nove pessoas, entre mergulhadores e pilotos de embarcações, trabalharam nas buscas por cerca de sete horas. Toda a área próxima do costão da praia foi vistoriada, mas não houve sucesso. 

- As fortes ondas e turbidez da água atrapalharam bastante as buscas. Não encontramos qualquer tipo de destroços. Acreditamos que a aeronave está presa entre as pedras ou foi levada para outro local pela força da água - diz Maresia Silva, supervisor do resgate do monomotor.

Maresia ainda não sabe se os trabalhos serão reestabelecidos nesta segunda-feira. Ele conta que terá uma reunião com o Aeroclube de Itapema para definir os próximos passos das buscas.


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