Florianópolis - Durante reunião com integrantes do Parlamento Europeu para as Relações com os Países do Mercosul, realizada nesta terça-feira (30), em Florianópolis, a Federação das Indústrias (FIESC) manifestou preocupação com o fim do Sistema Geral de Preferências (SGP), que assegura redução da tarifa alfandegária de produtos brasileiros na Europa. O acesso diferenciado ao mercado europeu, com tarifa zero, está programado para se
encerrar em 2014 e as empresas brasileiras precisam estar atentas a isso, pois seus produtos ficarão mais caros, e, assim, menos competitivos na Europa. O encontro, conduzido pelo diretor da FIESC, Cid Erwing Lang, também teve a presença dos deputados federal e estadual Edinho Bez e Reno Caramori, respectivamente.
O presidente do Parlamento para as relações com o Mercosul, Luís Yañez-Barnuevo García, afirmou que a questão é complexa e que hoje o bloco olha para o Brasil como um sócio e um aliado estratégico. "Isso não é retórico. A escolha de sócios estratégicos demostra a atenção dada pelo bloco. O Brasil é uma potencia atual que tem papel importante na sociedade internacional. Questões multilaterais são muito importantes trabalhar em conjunto", disse.
"É uma relação salutar que Santa Catarina tem com a Europa. A FIESC é a entidade no sistema Indústria que tem mais projetos com o programa da União Europeia Al Invest. Embora a Europa esteja vivendo um momento de grande desafio no plano econômico, o encontro foi muito importante para Santa Catarina e para o Brasil porque o Parlamento Europeu tem papel decisivo na aprovação ou rejeição de uma série de assuntos estratégicos, como o acordo de cooperação Mercosul e União Europeia", diz o diretor de relações industriais e institucionais da FIESC, Henry Quaresma.
As negociações para um acordo de livre-comércio entre os dois blocos foram retomadas em 2010, depois de seis anos de interrupção. Conforme informações do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), desde então as conversas têm se concentrado na elaboração do marco normativo, etapa em que são definidos acesso a mercados, defesa comercial, concorrência, investimentos, etc.
O vice-presidente da delegação, Jean Pierre Audy, disse que o Brasil tem indústrias de qualidade e um sistema políticos sólido, mas na opinião dele, a imagem do Mercosul está "degradada". "O Uruguai continua sendo um paraíso fiscal, a Argentina expropriou empresas europeias (inclusive uma empresa petroleira da Espanha), e o Brasil suspendeu os direitos de voto do Paraguai, o que nos coloca interrogações quanto à solidez do bloco", argumentou ele, destacando que para se fechar um acordo é necessária a confiança mútua e a concordância dos cidadãos.
"O acordo seria positivo para todos os envolvidos. O Brasil já não é mais pobre. Emergiu e tem protagonismo na economia global. Tem inúmeros problemas, mas também temos na Europa. Especialmente no que tange à distribuição de riquezas de forma mais justa. O acordo vai criar vantagens, por isso, acreditamos nele", defendeu Pierre, que representa a França na comitiva.
A vinda da delegação europeia a Santa Catarina é um desdobramento da missão ao continente chefiada pelo presidente da FIESC, Glauco José Côrte, em julho, quando a entidade esteve na Comissão Europeia e no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Balança comercial: Apesar da crise na Europa, as exportações catarinenses ao bloco somaram US$ 2,28 bilhões em 2011. O valor representa 25% de tudo o que o Estado embarcou no período. Os principais produtos foram carne de frango, fumo e blocos de cilindros e cabeçotes para motores.
No ano passado, as importações do Estado vindas da União Europeia somaram US$ 1,97 bilhão. O número representa 13,3% de todas as compras externas de Santa Catarina no período.