
O homem que criou a Newsweek (que deixará de ser impressa neste ano, adotando um formato completamente digital como noticiado na última semana) em 1933, passou seus últimos dias em solo catarinense, em uma vida bem discreta. Tanto que são mínimos os registros do homem que morreu em 1979. O que resta são as recordações dos familiares de sua esposa, a agrolandense Mary Irmagard Martyn, também falecida (veja algumas fotos abaixo desta matéria).
O alfaiate Afonso Stahnke, de 69 anos, o irmão mais novo de Irmand (Mary foi o nome que recebeu junto com o sobrenome de Martyn, depois de casada) conta que o empresário conheceu a mulher amada em São Paulo na década de 1950, onde ela trabalhava de enfermeira. Mais de 20 anos depois, foram para Balneário Camboriú, onde moraram por um bom tempo, e seguiram para Agrolândia, onde passaram seus últimos dias.
– Como ele era bem mais idoso do que a minha irmã, acho que o Tomy (diminutivo usado de forma carinhosa por Stahnke) quis trazê-la para perto dos familiares antes que ele mesmo morresse. Mas aconteceu de ela sofrer um câncer e ir antes dele – lembra Stahnke.
Morte teria ocorrido por problemas respiratórios
Mary morreu em 1973 aos 53 anos e Martyn no ano de 1979, aos 83 anos. Segundo a família, o americano morreu por complicações respiratórias. O aposentado Ingo Bauer, 68 anos, tinha uma banda de música com Stahnke e costumava visitar a casa do ilustre imigrante. A marca que ficou foi o seu perfil reservado.
– Parece que ele passou pela guerra. Depois veio para o Brasil e se apaixonou por uma agrolandense em São Paulo e vieram para cá. Lembro-me que não era de conversar. Ele ficava jogando paciência.
No cemitério da cidade de 9.323 habitantes, até quem trabalha no local conheceu a história recentemente. O dono de uma marmoraria, que constrói sepulturas há 12 anos, Leandro Nain Will, de 30 anos, soube que ali estava enterrado o empresário só depois que um agrolandense que morava nos Estados Unidos postou um vídeo no Youtube.
– Não era um assunto comentado na cidade. Depois do vídeo, daí que passamos a notar que aquela lápide enorme era desse homem que fundou alguma coisa, acho que um jornal – diz Will, ainda meio desinformado.
O comerciante Oseias Zilsen foi quem percebeu há três anos o letreiro dizendo que ali descalçava o fundador da NewsWeek e começou a buscar informações. Conversou com os vizinhos, fotografou o túmulo e enviou para o irmão Edson Zilsen, que naquele período estava nos EUA. Em uma visita à cidade natal, Edson fez o vídeo sobre o túmulo de Martyn e postou no YouTube.
– Meu mano disse que esse era o homem que criou uma das revistas mais importantes dos Estados Unidos. Aqui não conseguimos aprofundar muito sobre sua história porque ele era muito resguardado e a família dele não guardou muitos registros – observa Oseias.
Para o comerciante, mesmo Martyn sendo um homem discreto, parece que quis que alguém no futuro soubesse que ali em Agrolândia estavam seus restos mortais.
Como conta o cunhado do americano, o letreiro mostrando que aquele túmulo é do fundador da Newsweek foi mandado fazer pelo próprio Martyn, que descansa ao lado da amada esposa.
