O anúncio da vinda da BMW para Santa Catarina é a ponte de um iceberg de outras grandes indústrias para Araquari e todo o Norte do Estado. A oferta de empregos para a cidade deve chegar a 5 mil postos em até dois anos, com possibilidade de reentrada no mercado para parte dos profissionais do setor automotivo que estão desempregados. Na cidade de 25 mil habitantes e 386 Km2, a sexta-feira foi de comemorar pela notícia e projetar como deve ser a Araquari dos próximos anos.
— O que acontecerá aqui pode ser comparado ao que houve na região de Curitiba, que eu uso como referência. Araquari e as cidades vizinhas devem crescer muito, inclusive com a atração de outras empresas para atender as necessidades que vão surgir com a instalação da BMW — avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico de Araquari, Clenilton Carlos Pereira.
No embalo da montadora alemã, a cidade se prepara para receber outros grandes investimentos, de acordo com o secretário, que cita uma indústria chilena de biodiesel e uma outra grande empresa que deve se transferir de Joinville para a cidade e outras pequenas empresas. O total de vagas de trabalho criadas com estas iniciativas, na avaliação de Clenilton, deve chegar a 5 mil.
A vinda de outras empresas, inclusive, deve ocorrer mais facilmente depois que for oficializada a instalação de uma unidade da montadora alemã na avaliação do secretário. Isso porque o rigor da sondagem que a BMW fez pode ser usado como parâmetro para outros investidores internacionais.
A análise de Clenilton é compartilhada pelo professor da Escola de Negócios Sustentare, Ricardo Della Santina, que vem acompanhando as cidades do Norte do Estado desde 2009.
— Tanto Araquari quanto as cidades vizinhas ganham visibilidade mundial ao ter uma empresa como esta, que tem uma boa imagem e valores culturais de qualidade agregados à marca, o que permite que outros investimentos volumosos, como o da BMW, sejam feitos no entorno — explica Santina.
O professor da escola, que fica em Joinville, ainda pondera quais as possíveis consequências para a economia na cidade depois que a montadora passar a ter endereço catarinense para a primeira unidade no país.
Na lista está o aumento na distribuição de renda da população, que deve crescer 25% por conta do grande número de contratações, um orçamento público, que hoje gira em torno de R$ 50 milhões anuais, até 10% maior e a consequente ampliação no poder de investimento na cidade, e a oferta maior de empregos, com a chegada de pequenos comércios e prestadores de serviços.
É exatamente a possibilidade de expandir em proporções geométricas a quantidade de empregos indiretos que faz Evangelista dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Mecânica de Joinville e região, ficar otimista com os próximos anos.
— Ter a BMW aqui beneficia todos os trabalhadores da região porque amplia a quantidade de vagas para a categoria e ainda possibilita que alguns dos ex-funcionários de empresas como a Busscar possam ter recolocação no mercado, como os engenheiros, pintores, montadores e trabalhadores de solda e chapeamento — aponta o sindicalista.
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