A temporada de verão se aproxima e preocupa empresários da orla central de Balneário Piçarras. Desde o ano passado, eles aguardam pelas obras de reconstrução da orla, destruída em função de uma sequência de ressacas que atingiu a cidade desde setembro de 2011. O problema é que somente a dragagem da areia poderá minimizar o avanço do mar e esta etapa ainda nem começou.
A máquina que vai trabalhar na operação está em Portugal e a prefeitura calcula que chegue ao município em meados de novembro. A partir daí, a previsão é de conclusão da obra em 30 dias.
Mas quem depende da praia para trabalhar duvida que seja possível colher os frutos da reconstrução já nesta temporada. O gerente do hotel Imperador, Vilmar Chostak, 46 anos, conta que desde que o mar dominou a faixa de areia e a erosão fez desabar a calçada diante do hotel, o movimento caiu bastante.
A alternativa encontrada para tentar não perder clientes foi baixar as tarifas. Além disso, a administração pensa até em promover transfers para praias próximas.
- Tivemos que reduzir os ganhos e vamos investir tudo para não perder espaço - destaca.
Chostak conta que o hotel sempre recebeu muitos turistas da Argentina e desde a temporada passada houve uma resistência das empresas de turismo daquele país.
- O argentino gosta de praia e cama. Tendo sol ele fica na praia o dia todo. Aqui eles são obrigados a ir para outros lugares.
Para o gerente, ainda não houve vontade política para fazer a obra de reconstrução da praia deslanchar. Assim, ele não acredita que a dragagem fique pronta antes do fim desta temporada.
Estela Kopsch trabalha há oito anos na cafeteria Doce Sul e também está descrente quanto aos resultados positivos do verão. Desde que a ressaca destruiu parte da orla, o comércio passou a abrir duas horas mais tarde devido ao movimento fraco durante as manhãs.
- Antes colocávamos mesas e servíamos as pessoas na areia, elas não precisavam sair da praia para vir aqui - conta, mostrando fotos da época em que a faixa de areia possibilitava banhos de sol.
A prefeitura justifica a demora para ao início da dragagem com a dificuldade para obtenção de verba. Apesar de existirem pedidos desde 2009, só no início deste ano o governo federal cedeu aos apelos e liberou R$ 9,9 milhões para a obra.
- Em 2009 e 2010 a prioridade do governo federal eram as enchentes, até porque as ressacas não deixaram vítimas, apesar do prejuízo econômico - explica o assessor de imprensa da prefeitura de Balneário Piçarras, Leandro de Souza.
Molhes ajudam a conter a areia
Nesta quinta-feira, a família Becker, de Joinville, caminhava por um dos molhes construídos como parte da reestruturação da praia. Da última vez que estiveram na cidade, em 2006, os dois molhes não existiam. Mas as condições da orla central também chamaram a atenção dos joinvillenses.
- Isso aqui foi construído por causa da ressaca? Pois é, eu vi que naquela parte não tem mais areia - disse Edgar Becker, 29.
Também conhecidos como quebra-mar, os molhes foram feitos para reduzir a retirada de areia pelas correntes marinhas. Elas levam areia do Sul para o Norte, assim, as estruturas em forma de T atuam como uma contenção.
As obras foram custeadas com verba estadual (R$ 1,5 milhão) e municipal (R$ 500 mil). Elas começaram em dezembro do ano passado e terminaram no segundo semestre deste ano.