Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
07/10/12 Dom: Gn 2,18-24 – Sl 127 – Hb 2,9-11 – Mc 10,2-16
Neste 27º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos, é composto por duas partes: sobre o matrimônio e sobre os ‘pequenos’. O centro da primeira passagem evangélica são as palavras genesíacas de Jesus: “não são dois, mas uma só carne”. Homem e mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus, que é amor, comunhão. Justamente enquanto homem e mulher, os dois são relação com o outro, dom e acolhida recíproca, e formam uma só vida no único amor. Sendo assim, o casamento reflete a Trindade, companhia perfeita, vitória sobre a solidão. “Este mistério é grande!”. Além disso, a relação homem e mulher é símbolo da relação Deus-homem. Deus é o esposo do ser humano, que ele ama com amor eterno. O ser humano é esposa de Deus, que, mesmo infiel, não é abandonado por Deus. A Bíblia é a história deste amor incrível, cuja prova extrema é a morte de Jesus na cruz por aqueles que o rejeitam e traem. Nós nos tornamos ‘alguém’, um ser único e insubstituível, na medida em que nos relacionamos com os outros. A nossa dignidade humana é a de ser interlocutores e parceiros de Deus e dos outros. Nesta linha, não há maior dignidade que a de Jesus, no qual Deus esposou indissoluvelmente a nossa humanidade e a cada um de nós. É o que ensina a Gaudium et spes: “Por sua encarnação, o Filho de Deus uniu-Se de algum modo a todo ser humano”. O casamento não existe somente para a perpetuação da espécie, isto é, para a ‘geração da prole’. Nem existe apenas para a satisfação de varias necessidades, ou seja, para atender à chamada ‘necessidade de ajuda’. Não é também expediente para superar a nossa não completeza e vencer a solidão, quer dizer, para resolver a ‘necessidade de companhia’. O casamento, na verdade, só encontra a sua expressão plena no amor absoluto por Deus, no qual cada um realiza a si mesmo. Neste sentido, é possível entender a importância que a Igreja atribui à monogamia. Na verdade, um amor que não for total e fiel não seria reflexo do amor de Deus; aliás, não seria amor. Por isso, o modelo de relação esposo-esposa é o de Cristo pela Igreja. Um modelo que sempre pode e deve ser imitado, mas nunca será alcançado! A segunda passagem evangélica refere-se aos ‘pequenos’, que, com os pobres e os pecadores, são os destinatários principais do Reino oferecido por Jesus. Com as crianças nos braços, Jesus compara o Reino de Deus aos pequeninos: “o Reino de Deus é de quem é como elas”. Há um entendimento profundo entre Jesus e as crianças, Jesus chama-as para que venham até ele, as abraça, impõe as mãos sobre elas e as abençoa. Os discípulos missionários não conseguem perceber esta cumplicidade entre Jesus e as crianças. A criança é símbolo de uma relação ‘nova’, autêntica, consigo mesmo, necessária para se entrar no Reino. A criança é pobre e recebe tudo com a maior tranquilidade. Por si mesma sendo nada, é aquilo que os outros fazem dela, com a maior naturalidade. Lançando nos braços de quem a acolhe, escancara sua condição de filho, aceita pelos outros e por ela mesma como única possibilidade de vida. Somos essencialmente filhos. Recebemos como dom de amor tudo o que temos e somos inclusive o próprio Deus. Senão, simplesmente não somos. Ninguém dá o que não tem, e ninguém tem o que não recebe! Iludem-se os que, como os mestres da Lei e os fariseus, pensam ter por terem conquistado e merecido.
08/10/12 – Seg: Gl 1,6-12 – Sl 110 – Lc 10,25-37
09/10/12 – Ter: Gl 1,13-24 – Sl 138 – Lc 10,28-42
10/10/12 – Qua: Gl 2,1-2.7-14 – Sl 116 – Lc 11,1-4
11/10/12 – Qui: Gl 3,1-5 – Sl 1 – Lc 11,5-13
12/10/12 – Sex: Est 5,1b-2; 7,2b-3 – Sl 44 – Ap 12,1.5.13a.15-16a – Jo 2,1-11
13/10/12 – Sáb: Gl 3,22-29 – Sl 104 – Lc 11,27-28
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