O JN no Ar está em Santa Catarina. Nos quatro últimos anos do ensino fundamental, foi o estado que obteve os melhores índices do Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
A equipe esteve em duas escolas muito diferentes entre si e viu que aprender e passar de ano não pode ser uma batalha apenas do aluno, a escola, a família e o professor são muito importantes e fazem diferença.
O grupo saiu de Brasília em direção a Navegantes. Chegaram ao primeiro destino pouco depois das 23h. Antes do amanhecer, pegaram a estrada para São Bento do Sul. Duas horas de viagem pela BR-101.
São Bento do Sul tem 74 mil habitantes e eles podem se orgulhar do desempenho dos alunos dos anos finais do ensino fundamental de uma escola. O Ideb registrado no local é o mais alto do estado.
O indicador vem crescendo desde 2005 na escola e chegou a 6,2 entre os alunos dos anos finais do ensino fundamental.
Em uma escala até 9, a escola alcançou nível 7 em português na Prova Brasil. Isso indica que os alunos conseguem se aprofundar em textos narrativos e tratar a informação de formas diferentes. Em matemática, em uma escala até 12, o nível foi 7. No colégio, os alunos têm que resolver os problemas com as quatro operações e equações de primeiro grau.
A escola funciona em um prédio da Congregação dos Maristas, mas o currículo é determinado pelo MEC. A direção diz que não faz nada diferente. Apenas cobra compromisso, do aluno e da família. E comemora.
"Estamos todos muito felizes porque é a conquista de uma equipe. É uma direção que está a frente, mas tem uma equipe maravilhosa de uma escola que nós damos a nossa vida a essa escola”, comemora a diretora da escola, Zuleica Voltolini.
César Ferreira de Almeida Santos cursa a 6ª série e reconhece o trabalho da escola.
"Tenho que melhorar, porque tenho que estudar mais português e em todas as matérias, prestar atenção, aproveitar que eu estou em um colégio bom", diz ele.
Uma escola limpa, organizada, onde não falta material escolar. Tudo isso contribuiu para que a parceria aluno e professor dê certo. A taxa de aprovação está em 98,7%.
As crianças entendem a importância da disciplina.
"De vez em quando eu levo uns puxões de orelha, mas faz bem também", fala João Vitor Kneubuehler, aluno da 6ª série.
Já a 150 quilômetros do lugar, uma realidade bem diferente.
A escola Irene Romão, em Navegantes, tirou a pior nota da rede estadual entre alunos dos anos finais do ensino fundamental. O Ideb que estava em 4, caiu para 3.
A diretora Telma dos Santos explica que muitas crianças não ficam o ano inteiro na escola e algumas faltam para ajudar os pais nos negócios do ramo da pesca. Mesmo assim, tomou um susto.
"Fiquei surpresa. Pensei que talvez não tivéssemos conseguido tanto, mas que tivéssemos alcançado algum crescimento. Fiquei surpresa".
Os próprios alunos reconhecem que está faltando compromisso com o aprendizado, não só por parte deles. Dizem que as famílias andam distantes do que é ensinado dentro do colégio. Assim, buscar notas boas vira um desafio maior ainda.
“Nós, como escola, ficamos muito felizes quando o pai vem até a escola, se preocupa com o desempenho dos filhos. Isso tem ocorrido pouco”, comenta a professora Úrsula Garcia.
A repetência aumentou. Foi criada uma turma especial para os alunos que não passaram de ano. É o caso da Elisabete Malaquias, que agora quer mudar.
"Eu agora estou pensando em não ficar mais na oitava série do jeito que eu estava fazendo, não reprovar mais a série e sim passar para frente, porque futuramente eu quero fazer faculdade”.
No laboratório, poucos computadores. Alguns foram danificados, segundo a direção, pelos próprios estudantes. Os novos já chegaram, mas ainda não foram instalados.
O professor de ciências Luís Augusto Xavier lembra que mesmo diante de uma nota ruim, não se pode desistir. Escola é oportunidade.
"A gente tem que tentar buscar todos eles e acreditar que ninguém é um caso perdido. Acreditar nisso e buscar todos eles”.
A secretaria de Educação informou que os computadores ainda não foram instalados por problemas burocráticos, mas que isso vai ser feito nos próximos dias.
Nesta quinta-feira (16), o JN no Ar vai viajar para Alagoas, o estado que apresentou o pior Ideb do país. O tempo de voo será de 2h 55.