Celso Blues Boy nasceu em Blumenau há 56 anos e foi criado no Rio de Janeiro. Há cerca de 15 anos, escolheu viver em Joinville, onde encontrava traquilidade e estrutura. Além da fazer amigos, ele também convidava músicos da região para acompanhá-lo nas turnês pela região Sul.
O músico morreu às 8h50 desta segunda-feira, em casa. A pedido de Celso, seu corpo não foi velado. Ele foi encaminhado para Blumenau, onde será cremado.
Marcelo Rizzatti, guitarrista que tocava com Celso nas turnês no Sul.
"Eu me lembro de quando comprei o disco "Celso Blues Boy 3", tinha todos os vinis dele. Mas nunca tinha conversado com o Celso até encontrar com ele para o primeiro ensaio. Foi meio surreal. Pra mim, ele era disparado o melhor guitarrista do Brasil."
Parfitt Balsanelli, baixista que tocava com Celso nas turnês no Sul.
"Tocamos pouco mais de dois anos com ele. Além da contribuição na música, ele era uma figura. As viagens pareciam sala de aula e ele gostava disso: para o Celso, parecia obrigação passar o que ele tinha aprendido durante a carreira. É uma lacuna que não tem como substituir, ficou um buraco na música nacional."
Rafael Vieira, baterista que tocava com Celso nas turnês no Sul.
"Foi uma baita experiência tocar com ele. O Celso era muito regrado e objetivo, com ele não tinha enrolação. A gente sentia, naquela época, que ele já estava meio debilitado, mas na hora de tocar ele levantava a galera. Ele nos tratava como iguais e nunca ficava nervoso, a não ser quando algo dava errado — como na vez em que estávamos viajando, a janela do carro quebrou e todas as guitarras dele caíram na rua."
Roger Robleño, cineasta, era amigo e começou a gravar um documentário sobre a história do rock nacional com Celso.
"Conheci o Celso há quase 20 anos, antes de ele vir morar em Joinville. Ele escolheu a cidade porque queria um lugar tranquilo, mas que tinha aeroporto. Às vezes, ele me falava 'vamos lá buscar um amigo no aeroporto', nós chegávamos e era o Luiz Melodia. Esses caras vinham visitar ele aqui, passavam o dia na casa dele. O Celso adorava o Piraí e uma cervejinha. Ele brincava dizendo: a cerveja me salvou do alcoolismo."
Cleiton Profeta, músico e dono da loja de instrumentos Circus Musicalis, que Celso freqüentava.
"Ele sempre vinha comprar instrumentos na minha loja e era um cara muito legal, virou meu amigo. O Celso foi um divisor de águas na música do Brasil, ele era contemporâneo do pessoal dos anos 1980, como Legião, Cazuza, mas enquanto esse pessoal foi pro new wave, ele quis buscar a raiz do rock, com o blues. Com isso, trouxe uma sonoridade diferente pra nossa música."
Gustavo Steingraber, amigo e dono do Taberna Music Hall, onde Celso se apresentou algumas vezes em Joinville.
"Ele vai fazer muita falta, o nome dele vai ficar gravado na história da música. Era um cara que abria o jogo e quando estava num lugar era sempre o centro das atenções. Onde estivesse, todo mundo prestava atenção nas histórias dele."
Os joinvilenses Marcelo Rizzatti, Rafael Vieira e Parffit Balsanelli formaram a banda de apoio do músico na região Sul durante cerca de dois anos
Foto:Cleber Gomes / Agencia RBS