Joinville - Saúde precária, superlotação nas celas, vigilância insuficiente, gestão falha. “O Presídio Regional de Joinville pede socorro.” Foi esse o apelo do juiz da Vara de Execução Penal de Joinville, João Marcos Buch, em sessão ordinária na Câmara de Vereadores nesta quarta, que também contou com lideranças das polícias Civil e Militar.

Além de criticar a política de administração da unidade pelo Governo do Estado, o juiz defendeu que Prefeitura e vereadores se mobilizem para contornar os problemas mais urgentes do presídio, que tem 1.150 internos onde deveria haver cerca de 650.

A falta de um ambulatório para atendimentos médico e odontológico foi apontada como a deficiência mais grave – todo detento do presídio precisa ser escoltado até uma unidade de saúde quando há necessidade de consulta.

João Marcos Buch sugeriu que, assim como a Câmara usou verba própria para a construção da Ponte Charlot, poderia também destinar os mesmos recursos à instalação de um ambulatório para os presos. A criação de uma comissão específica na Câmara para avaliar as necessidades do presídio também foi proposta pelo juiz.

O argumento é de que, apesar de o setor penal ser de responsabilidade do Estado, há uma fatia da população de Joinville no presídio. 

— Pelo menos 80% dos detentos são joinvilenses. Isso já bastaria para chamar a atenção do Município. Lamentavelmente, não tenho visto o Executivo de Joinville agir. O que acontece é um jogo de empurra que terá reflexos sentidos pela família e poder público —, criticou.

A falta de uma Casa do Egresso, como são chamados os espaços próprios para a assitência de presos colocados em liberdade, foi alertada como outra pendência do setor penal em Joinville. Buch ainda comparou o Presídio Regional ao Complexo do Carandiru, exemplo do fracasso do setor penal, implodido há dez anos em São Paulo. 

— Talvez as urnas não cobrem, mas a história vai cobrar —, refletiu o titular da 3ª Vara Criminal.