No artigo anterior vimos os métodos básicos de aquecimento passivo dos edifícios e salientamos que as técnicas citadas poderiam comprometer o conforto térmico dos ambientes no verão. Vimos que nos períodos frios, deve-se buscar o aproveitamento máximo da insolação, utilizando-se da correta orientação solar e de grandes aberturas, bem como promover o correto isolamento para evitar entrada de ar frio. Já nos períodos mais quentes, é importante prever proteção contra a insolação bem como favorecer a ventilação. Mas como chegar a este equilíbrio?! Podemos resumir de forma bastante simples: as mesmas grandes aberturas que trarão a radiação solar no inverno, promoverão a ventilação necessária quando abertas, no verão. E através de cálculos dos ângulos de incidência solares, serão previstas proteções que irão barrar a radiação solar apenas no verão.
A ventilação de um ambiente é entendida como a troca de ar interno por ar externo, e pode ser feita por meio da ação dos ventos ou pela diferença de densidade do ar. A ventilação por ação dos ventos promove a movimentação do ar através do ambiente e, quando as aberturas são posicionadas em paredes opostas, temos o que se chama “ventilação cruzada”, que é quando algumas aberturas funcionam como entradas de ar e outras funcionam como saídas de ar. A ventilação por diferença de densidade do ar é conhecida por “efeito chaminé”, e é quando o ar quente, que é menos denso, sobe e “puxa” o ar frio, que por ser mais denso, penetra pelas aberturas e ocupa seu lugar. Para proporcionar este “efeito chaminé’, deve-se prever aberturas em locais mais baixos, que permitam a entrada do ar e aberturas em locais mais altos, próximos à cobertura, para a saída do ar.
Com relação às proteções solares, podemos citar suas formas mais simples que são as varandas e beirais. Mas através de cálculos especializados, é possível prever uma proteção que fará com que toda a radiação solar entre pelas aberturas no inverno, mas sejam barradas completamente no verão. Para tanto, faz-se necessário conhecer o caminho do sol, bem como seu ângulo de incidência. Para nosso clima, as fachadas que mais necessitam de proteção no verão são a norte e a oeste – esta que recebe o sol por mais tempo e com maior intensidade. Já com relação ao ângulo de incidência, sabe-se que no verão o sol incide mais verticalmente enquanto que no inverno é quase que lateralmente. Com estes dados, é possível calcular proteções que respeitem este ângulo e promovam uma barreira apenas na época necessária. Estas proteções comumente são os brises ou quebra-sóis, que podem ser feitos de inúmeros materiais e acionamentos. A vegetação também é extremamente útil: pode-se utilizar uma árvore que perca as folhas no inverno, permitindo a passagem do sol, mas que fique cheia no verão, bloqueando a passagem das radiações.
Não podemos deixar de salientar que existem inúmeras técnicas e estratégias. Citamos apenas as mais básicas e usuais.