Produção: Patrimônio cultural em audiovisual

Projeto aprovado pelo Simdec resultará em cinquenta unidades de DVD Full HD

Filmagens estão em andamento em São Bento do Sul, para posterior edição e finalização (Fotos Elvis Lozeiko/Evolução)

Neste ano, um dos projetos aprovados pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura de São Bento do Sul (Simdec), a lei de incentivo local, foi proposto pela JCI – Junior Chamber International, entidade mundial que reúne jovens líderes com idades entre 18 e 40 anos. O projeto prevê a produção de cinquenta unidades de DVD (Full HD 16:9), contendo vídeo com cerca de sete minutos sobre o Patrimônio Cultural Material e Imaterial de São Bento do Sul – não apenas de imóveis tombados, mas de outros também, como o coreto da praça Getúlio Vargas. A JCI tem outros trabalhos sobre o tema já realizados, ambos através do Simdec. Em 2010, foram confeccionadas placas de identificação nos prédios tombados pelo patrimônio histórico. Em 2011, foi lançado o “Guia dos Patrimônios Materiais”, uma publicação com distribuição gratuita.

A filmagem dos imóveis já está em andamento. Nesta semana, na terça-feira, Evolução acompanhou um pouco o trabalho na área central de São Bento do Sul. Representante da empresa vencedora da concorrência para produzir o vídeo (a X4, de São Paulo), Christian Targa está contando com o apoio de profissionais locais, como Leandro Friedrich e Tom Cajaty, da Vi! Produções, e a jornalista Juana Dobro, por exemplo. A captação de imagens está sendo feita com câmeras fotográficas que permitem filmagem em Full HD. “Um dos objetivos é mostrar a interação que existe com esses imóveis”, explica Christian. Para isso, estão sendo feitas tomadas com o movimento do trânsito e de pedestres no entorno dos imóveis.

Prédios históricos são alvo do trabalho que conta com apoio da lei de incentivo local

TOMADAS INTERNAS

Em alguns prédios, como o da Escola de Música Donaldo Ritzmann, o do Museu Municipal Dr. Felipe Maria Wolff e o da Sociedade de Atiradores 23 de Setembro, também foram feitas tomadas internas. “Não queremos mostrar apenas as construções”, detalha Christian. O roteiro da produção está a cargo da jornalista Juana Dobro. O vídeo também terá trilha sonora. “A princípio, será de Vivaldi, porque ele tem uma música para cima, alegre e dinâmica”, constata Christian. Após as filmagens, o trabalho de edição, que será realizado em São Paulo, deve levar entre três semanas e um mês. Ao todo, as filmagens devem chegar a seis horas de duração. Em alguns trechos do vídeo, será feito um trabalho de edição para deixar o movimento de veículos e pedestres em alta velocidade.

Christian Targa já tem outros trabalhos feitos em São Bento do Sul. Além do recente workshop de cinema em celular e câmera fotográfica, ele já produziu o clipe oficial da música “Santa Ignorância”, da banda de punk rock são-bentense “Rejects S.A.”, e o documentário “88”, sobre a suposta presença nazista em São Bento do Sul. Para Tom Cajaty, da Vi! Produções, o trabalho que está em andamento servirá para “resgatar uma questão cultural”, abrindo, inclusive, mais espaço para a produção audiovisual em São Bento. Tom acredita que, com o vídeo, será possível à comunidade conhecer um pouco mais da história local e atentar para detalhes das construções históricas.

Christian Targa (esq.) e Leandro Friedrich, nas tomadas realizadas na última terça-feira, na região central

UM PRODUTO CULTURAL

A diretora de Turismo do governo municipal, Cristiane Nenevê da Silva, considera o trabalho “um projeto bem interessante”, pois o mesmo poderá ser utilizado também como  produto cultural para expor a turistas e mesmo para atraí-los, além de servir para conhecimento da comunidade local. “Que as pessoas saibam que tudo isso é um patrimônio delas próprias”, ensina. A diretora de Patrimônio Histórico e Cultural de São Bento do Sul, Ivana Lampe, por sua vez, destaca que o projeto “vai atingir objetivos além dos que já estão previstos”.

Para Ivana, a partir do momento em que a comunidade tem um conhecimento maior, “é mais fácil ela se sentir pertencente à cidade”. São Bento do Sul tem mais de cinquenta imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico Estadual – e quatro estão em fase de tombamento pelo Patrimônio Histórico Nacional. Para que um imóvel seja tombado, explica Ivana, existe “todo um contexto envolvido” – e não apenas o fato de o mesmo ser antigo, por exemplo.

Evolução ouviu também dois representantes da JCI – Simone da Silva, presidente, e Lucas Grossl, diretor de Negócios e coordenador do projeto. Conforme eles, a ideia seria apresentar o trabalho em setembro, mês de aniversário de São Bento do Sul, mas, como o mesmo está adiantado, existe a possibilidade de o lançamento ser feito antes. O projeto da JCI prevê, através de uma linguagem simples, explicar o que é o patrimônio cultural material/imaterial e por que é importante preservá-los.

Lucas Grossl e Simone da Silva, da JCI, entidade proponente do projeto

ALUNOS SÃO PÚBLICO-ALVO

O público-alvo do projeto são alunos das quartas séries do Ensino Fundamental da Rede Municipal, que estudam, neste ano letivo, a história local. A JCI também disponibilizará o material livremente nas redes sociais e em páginas oficiais de São Bento do Sul, como www.saobentodosul.sc.gov.br e www.turismoemsaobento.com.br. Serão disponibilizadas vinte e seis cópias para a Secretaria Municipal de Educação, onze para a Fundação Cultural, uma para o Departamento de Comunicação Social, uma para o Gabinete do Prefeito, uma para o Departamento de Turismo e uma para a Câmara de Vereadores.

A riqueza histórica-arquitetônica de São Bento do Sul realmente chama a atenção de visitantes. No último final de semana, por exemplo, o professor doutor Vilmar Rodrigues Moreira, da Escola de Negócios da PUC de Curitiba, fez os seguintes comentários após passar pelo Centro e fazer algumas fotografias: “Percebi que há muitos prédios históricos bem conservados, reinando um estilo tipicamente europeu – é tudo bem organizado e limpo”. Vilmar declarou que a região central de São Bento lembrou “algumas pequenas cidades” que ele visitou na Alemanha. Ele afirmou que pretende retornar à cidade para passar pela área central com mais tempo para apreciar – e registrar – o cenário. (Por Elvis Lozeiko)