A presidente Dilma Rousseff inicia nessa semana uma rodada de reuniões com centrais sindicais, empresários e conselho político. O foco é reforçar a necessidade de medidas para garantir o crescimento econômico do País. A estratégia para esses encontros está sendo discutida neste momento entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma. Mantega antecipou seu retorno a Brasília, que estava previsto para a tarde. Entre as medidas que o governo estuda, mas ainda depende de uma série de circunstâncias, está a redução da rentabilidade da caderneta de poupança. Os estudos do governo estão concluídos e a avaliação está apenas na definição do timing para a divulgação da proposta. Na quinta-feira, Dilma se reúne com líderes governistas e partidários, que formam o conselho político. Em seguida, ela se reunirá com sindicalistas e participará da posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, marcada para as 11 horas. Os sindicalistas já estão em Brasília e participam da reunião da Mesa Permanente de Negociação, com o ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho. No início da tarde, às 15 horas, Dilma se reunirá com empresários. O discurso é mais uma tentativa de estimular os empresários a não desistirem de investir no País. Sem esses investimentos, o ritmo de crescimento da economia pode mesmo confirmar as previsões mais pessimistas. Embora a situação do Brasil esteja distinta dos países europeus, um agravamento da crise na zona do euro, com mais países sendo arrastados para a recessão, força o governo brasileiro a buscar saída para o aumento da produção e do fortalecimento do mercado interno, com uma maior demanda por parte dos consumidores. Embora o governo trabalhe com a expectativa de um crescimento de 4,5%, a sondagem do mercado revelada na pesquisa Focus, divulgada na segunda, estima um crescimento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão oficial do Banco Central considera uma atividade econômica ao ritmo de 3,5%. Momento político Esse é o momento ideal para a presidente Dilma colocar claramente o que pretende como resultado de sua política econômica. Ela desfruta de uma elevadíssima popularidade que dá amparo à intensidade de suas posições contrárias à alta dos juros e dos spreads bancários. No pronunciamento que fez em comemoração ao Dia do Trabalho, a presidente não poupou críticas aos bancos e reforçou a necessidade de o País ter uma taxa de câmbio compatível com as condições macroeconômicas do País. Como se trata de uma matéria polêmica e que depende do apoio do Congresso para sua aprovação, o governo precisa eliminar as barreiras políticas e desconstruir o discurso da oposição de que está alterando o rendimento da poupança, como fez o ex-presidente Collor. Paralelamente, Dilma mantém no ringue as instituições financeiras, que na avaliação da presidente podem abrir mão de parte de sua taxa de administração para baratear o custo dos empréstimos. Apesar disso, o governo se preocupa em não desestruturar o mercado financeiro, principalmente os fundos de investimento que, com a redução dos juros, perdem atratividade. Ainda não se percebe uma migração forte dos recursos dos fundos para a caderneta de poupança, mas uma queda mais acentuada das taxas de juros obrigará a uma redução da tributação dos fundos. Essas questões estão sendo discutidas cuidadosamente. Como disse a presidente, "cada dia com sua agonia". A senha para novas mudanças na economia, no entanto, foi reforçada com a sinalização do Banco Central, na semana passada, de que os juros podem continuar caindo. Como tudo o que o governo faz tem um planejamento e estratégia de ação, agora chegou a vez do Planalto definir o passo seguinte para elevar o nível de poupança do País, para atrair novos investimentos e manter o mercado de consumo em alta, já que a conquista de mercados externos está prejudicada pelo movimento recessivo da Europa. Fonte: Estado de São Paulo |