A facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) está por trás dos principais e mais violentos ataques a caixas eletrônicos com dinamite em SC. A organização — que nasceu nas cadeias de São Paulo, responsável por rebeliões, atentados e assassinatos de policiais e de pelo menos um juiz em SP — seria a fornecedora de armamento pesado nas ações em Santa Catarina, afirma a Deic.
A primeira prisão de caixeiros catarinenses integrantes do PCC em SC foi sábado, no Litoral Norte, na mais importante operação policial contra a onda de explosões em Santa Catarina até agora.
Policiais da Deic são unânimes ao afirmar que esta é a quadrilha mais perigosa e organizada presa até agora. Pelo armamento pesado que usam, por deixar as armas em locais separados antes e depois das ações, pela cautela com o equipamento, pela utilização de rádio copiando a frequência da polícia, pelo caminhar e posicionamento tático, pela forma como fazem a segurança de área e o modo de carregar e manejar os fuzis.
— Nunca foi descartada a participação de militares ou policiais nos ataques. Se não são, tiveram treinamento com alguém que soube ensinar bem — observou a delegada da Deic, Ana Ramos Pires.
O bando leva o nome de seu líder, José Luís Freitas, um dos cinco assaltantes presos na Operação Caixeiros, desencadeada no Litoral Norte de SC, na madrugada de sábado pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A ação contou com cem policiais de todas as divisões da Deic e da Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Brusque, Itajaí, Joinville e Balneário Camboriú, além da delegacia de Piçarras e de quatro equipes do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope). A operação foi organizada assim que os mandados de busca e apreensão chegaram, na semana passada. A quadrilha era investigada pela Deic há cinco meses.
Foram presos cinco dos sete membros do bando. O líder Freitas, os irmãos dele Jocemar de Freitas e Orlando Teske, Jonatan Rafael Fischer e Elias Santos Moraes. As prisões foram em Barra Velha e Itajaí, na casa dos criminosos. Foram apreendidos dinamite, armas restritas das Forças Armadas e das polícias, miguelitos (pregos usados para furar pneus), uniforme militar, e coletes. Teske foi alertado por seus cães quando os policiais se aproximaram. Ele tentou fugir, foi baleado na troca de tiros, hospitalizado e transferido para o Presídio em Joinville, onde deu depoimento.
Elias foi liberado no sábado por falta de provas e o restante ficou detido na Deic até ser transferido para o sistema prisional. Todos têm passagem pela polícia por assalto, furto e porte ilegal de arma. Uns estavam com mandado de prisão em aberto. Freitas estava com uma preventiva. Ele teria baleado dois PMs. Teske e Jonatan foram presos em flagrante. O primeiro por tentativa de homicídio, desobediência e porte ilegal e Jonatan por receptação de carro roubado e uso de documento falso.
Dois carros roubados foram encontrados com a quadrilha. Um deles teria sido usado no ataque a Nova Trento, em 7 de abril. A quadrilha é suspeita de atuar em, pelo menos, seis ataques: de São Pedro de Alcântara, São João Batista, Porto Belo, Pomerode, Rio dos Cedros e Araquari (Posto Sinuelo).
Sobre o futuro dos ataques, o delegado da Deic, Claudio Monteiro é enfático:
— Enquanto houver ataque, nós vamos responder com ações contundentes.