Fernando Tureck, 32 anos, natural de São Bento do Sul, filho do ex-prefeito Genésio Tureck (in memorian) e da ex-vice-prefeita Mariazinha Tureck, médico clínico geral, com formação pela PUC do Paraná e residência na Unifesp - Universidade Federal de São Paulo. Filiado desde 2009 ao PMDB, partido que preside e pelo qual é pré-candidato a prefeito de São Bento do Sul, Fernando destaca, nesta entrevista, como está o período pré-eleitoral e fala sobre coligações, nominata para vereadores, reivindicações da comunidade e ação do Ministério Público Federal contra a administração Magno Bollmann.
EVOLUÇÃO – Dando continuidade à série de entrevistas com presidentes de partidos políticos de São Bento do Sul, conversamos com o presidente do PMDB, Fernando Tureck, também pré-candidato à prefeitura de São Bento do Sul. Tudo bem? Como está, Fernando? Como está esse período pré-eleitoral?
FERNANDO TURECK – Estamos bastante satisfeitos com o andamento do processo desde 2009, quando ingressei no PMDB e quando iniciamos um processo de reestruturação do partido, ao lado do Osmar Telma e dos vereadores. Com esse processo, foi iniciada também a busca de novas lideranças para o PMDB se reoxigenar. Esse foi um trabalho muito interessante de se fazer. Conseguimos fortalecer o PMDB e preparar o partido para disputar e ter condições de ganhar a próxima eleição.
EVOLUÇÃO – Além de ser filho do ex-prefeito Genésio – que, segundo a opinião popular, foi um grande prefeito –, que outra ligação você tem com a política?
FERNANDO TURECK – Sem dúvida nenhuma, o gosto pela política nasceu em casa. Eu lembro quando era pequeno – ficava na frente de casa entregando santinhos e até fazendo algumas “pesquisas” para ver o andamento da campanha. Isso despertou o gosto pela política. Quando iniciei na Medicina, acabei de uma vez por todas me jogando na política. Digo isso pelo seguinte. Dentro da Medicina, sentimos uma situação muito angustiante, que é receitar algum medicamento e o paciente não conseguir comprá-lo, seja por falta de dinheiro ou por não existir no Posto de Saúde. Quando se pede algum exame, o paciente retorna dois, três ou quatro meses depois sem ter conseguido fazê-lo. São situações que não ocorrem apenas aqui, mas no Brasil inteiro. Isso gera muita angústia e faz com que tenhamos vontade de participar de maneira mais decisória, ou seja, tendo mais poder de decisão para mudar essa situação. O fato de meu pai ter sido um grande prefeito sem dúvida nenhuma abre portas. Foi assim que conheci o (deputado federal) Mauro Mariani, que conheci o (ex) governador Luiz Henrique (da Silveira). Eles confiaram em nós para estarmos frente a este processo de reestruturação do partido. Do momento em que meu pai foi prefeito até hoje, a cidade cresceu e o eleitorado mudou. Atualmente, dois terços da população têm menos de quarenta anos. Então, são pessoas que não tiveram tanto convívio com ele. Nós, do partido, temos consciência de que a história do meu pai não é suficiente para ganhar uma eleição – e estamos trabalhando em cima disso. O que quero dizer? A história do meu pai abre portas, mas será a partir da minha maneira de trabalhar, de expor ideias, que vamos ganhando um espaço maior.
EVOLUÇÃO – Em 2009, quando você assinou a ficha de filiação no PMDB, lá no Jeep Clube, o sentimento era um. Agora que a campanha está se aproximando a cada dia que passa, o sentimento é outro, certo?
FERNANDO TURECK – Sem dúvida nenhuma. Em 2009 iniciamos essa caminhada no evento de filiação. Marcaram presença quase mil participantes. Participaram diversas lideranças estaduais do PMDB, como o (então) vice-governador Eduardo Pinho Moreira, o (então) prefeito de Florianópolis, Dário Berger, o Mauro Mariani, o Antonio Aguiar, os prefeitos da região. Era uma experiência nova naquele momento. A partir daquele momento, visitando as pessoas, trabalhando junto às associações de moradores e conhecendo toda a cidade, pudemos ver que as coisas realmente mudaram. O que não mudou, porém, é aquele sentimento de 2009: trabalhar pela cidade, fazendo uma política idealista, de transformação, algo concreto pela cidade.
EVOLUÇÃO – Como está a relação com os integrantes do seu partido? Já há um consenso em relação ao seu nome? Comenta-se – e por isso estamos perguntando – que até o ex-prefeito Fernando Mallon não seria tão favorável ao seu nome.
FERNANDO TURECK – Um partido grande é formado por diversas lideranças. O PMDB é um partido que também teria outros nomes para disputar a prefeitura. Temos o ex-prefeito Fernando Mallon, temos todos os nossos vereadores, temos o ex-presidente Osmar Telma, temos o Pedro Ivo (Diener), temos o Sérgio Celeski. Enfim, poderíamos fazer uma lista com dez ou quinze nomes em condições. Houve um entendimento dentro do partido de que o momento seria mais favorável à minha candidatura. Hoje o partido está coeso em torno do meu nome. Ontem (terça-feira 24) estive reunido com o ex-prefeito Fernando Mallon e ele reiterou o apoio à minha candidatura. Acredito que não haverá nenhuma desavença e nenhuma disputa interna em relação a isso.
EVOLUÇÃO – E as tratativas para coligações?
FERNANDO TURECK – O senador Luiz Henrique sempre diz que política não fazemos sozinhos – e que a política faz parte do processo eleitoral. O PMDB não abre mão, de maneira alguma, da cabeça de chapa. O partido tem quase dois mil filiados, já teve três prefeitos e vive um bom momento, como indicam as pesquisas. Ou seja, jamais vamos abrir mão da cabeça de chapa. Estamos conversando com partidos que fazem parte da oposição para tentarmos chegar a um consenso e montarmos uma chapa capaz de ganhar a prefeitura. Se não houver coligação, iremos de chapa pura – quanto a isso, não há problema nenhum. Estamos abertos a conversas? Sem dúvida nenhuma! Mas não abrimos mão da cabeça de chapa, de maneira nenhuma.
EVOLUÇÃO – E a nominata para candidatos a vereador?
FERNANDO TURECK – Estou muito animado com os nomes. Temos uma lista grande de pré-candidatos. Estamos fazendo um processo para conseguirmos espalhar os candidatos por toda a cidade, de maneira que todos os bairros tenham candidatos a vereador. Quanto a isso, estamos muito tranquilos. Para maio, estamos preparando um encontro apenas com os pré-candidatos a vereador, para que possamos tratar de algumas questões específicas da estratégia de campanha. Com os nomes que já estão definidos, temos confiança de que o PMDB consegue eleger pelo menos três vereadores.
EVOLUÇÃO – A política mudou e o eleitorado mudou, como você mesmo disse. O eleitor está mais atento a propostas que possam realmente ser concretizadas – e não às velhas e maléficas promessas de campanha. O que há nesse sentido? Já existe um plano de governo? Está sendo montado?
FERNANDO TURECK – Estamos construindo um plano de governo baseado nas reuniões que estamos fazendo nos bairros. Um plano de governo não pode ser feito com duas ou três pessoas trancadas numa sala. É preciso fazê-lo conversando com os moradores, conversando com lideranças, etc. Não podemos prometer coisas milaborantes. Não podemos prometer coisas que não existem. Precisamos de um plano de governo baseado naquilo que a comunidade realmente necessita. Esse trabalho de ir aos bairros buscar informações é muito gratificante, porque as pessoas se sentem muito valorizadas. Essa é uma maneira de trabalhar do PMDB que marca a história do partido. O PMDB sempre teve a tradição de fazer um governo mais aberto. O slogan do meu pai, inclusive, era “A Prefeitura de Portas Abertas”, porque ele permitia que todos chegassem na prefeitura, que todos dessem sugestões, que todos participassem. É essa maneira participativa de trabalhar que queremos trazer de volta. Falando nas propostas de campanha, sabemos que o eleitorado está muito maduro. Faço questão de repetir nas reuniões e nas entrevistas a órgãos de imprensa que queremos fazer uma campanha baseada em propostas. Não queremos que a campanha seja uma troca de acusações entre dois ou três partidos, com agressões. Não é essa situação do Ministério Público (Federal) em relação ao (prefeito) Magno (Bollmann) que vai mudar a nossa maneira de trabalhar. Sabemos que as acusações são sérias, são graves, mas temos a confiança de que o Ministério Público vai investigar e vai tomar as devidas providências. Queremos continuar a nossa linha de trabalho com propostas e ideias.
EVOLUÇÃO – Você falou que tem ido aos bairros. Quais são os principais pleitos da população, pelo que você percebe?
FERNANDO TURECK – Independente do bairro em que vamos, a questão mais batida sempre é a saúde, principalmente em relação ao atendimento primário. A comunidade se queixa muito em relação ao número reduzido de consultas, em relação ao horário do atendimento dos postos. Sem dúvida, a saúde é a principal questão. Não é por eu ser médico que vou bater mais na área de saúde. Independente da profissão do prefeito, a saúde sempre tem que ser uma prioridade. Por ser médico e por ter um conhecimento maior, teremos que ter um olhar com mais carinho para essa área. Tenho conversado muito com o Eduardo Bussmann, que é médico especialista em Medicina Comunitária e participou do Conselho de Saúde de Joinville, de São Bento, de Porto Alegre. Ele tem uma grande visão e um grande conhecimento nessa área. Tenho trocado muitas ideias com ele e ele tem sugerido várias informações para colocarmos em um plano de governo.
EVOLUÇÃO – Não sabemos se é mais fácil fazer essa pergunta a um governista ou a um oposicionista: que avaliação pode ser feita da administração Magno Bollmann?
FERNANDO TURECK – Foi um governo eleito com a grande expectativa de que faria uma série de mudanças, mas que acabou não as concretizando. Houve essa expectativa, mas não houve realização. Sempre digo que, independente do que estão fazendo, isso não muda o nosso trabalho. O trabalho deles vai ser julgado em outubro, pelas urnas. Temos que apresentar as nossas propostas e trabalhar em cima disso. A avaliação do governo deles será feita pelas urnas.
EVOLUÇÃO – Foi falado agora há pouco sobre o caso envolvendo a administração municipal e o Ministério Público Federal. É um caso que preocupa, porque não envolve apenas o nome de um governante, mas, sim, do Município como um todo. Já houve até uma sessão da Câmara de Vereadores depois dessa notícia e não ocorreu nenhuma manifestação dos vereadores do PMDB. Isso não deixa de ser uma estratégia?
FERNANDO TURECK – Os três vereadores do PMDB (Adriane Ruzanowsky, Lírio Volpi e Luiz Sieves) participaram como secretários da última administração do partido. Eles têm um grande conhecimento em gestão pública e sabem que esse momento tem que ser encarado com responsabilidade. As denúncias são sérias e eles têm consciência disso. Eles estão aguardando maiores informações do Ministério Público e da prefeitura para tomar as devidas providências.
EVOLUÇÃO – Nesse final de semana alguns cartazes teriam sido espalhados pela cidade, praticamente antecipando o julgamento do prefeito Magno Bollmann. Como você vê essa situação?
FERNANDO TURECK – Eu não cheguei a ver nenhum desses cartazes, mas garanto que não foi nada que tenha partido de mim ou do PMDB. O PMDB não tem essa filosofia de trabalho e não compactua com isso. Por coincidência, ontem (terça) conversei com alguém com quem tenho uma grande amizade, um familiar do prefeito Magno Bollmann, e garanti que esse tipo de coisa não partirá do PMDB. O que vamos fazer é aguardar o pronunciamento do Ministério Público. Esse tipo de coisa – cartazes, factóides, etc – não vai partir da gente.
EVOLUÇÃO – Muito bem, teríamos inúmeros outros temas para levantar, mas ainda é apenas uma pré-candidatura. Certamente, quando o seu nome for oficializado como candidato pelo PMDB, voltaremos a conversar. Assim, por favor, faça suas considerações finais.
FERNANDO TURECK – Agradeço ao jornal Evolução pelo espaço – para podermos divulgar nossas ideias. Convido a todos os filiados e a todos os simpatizantes: que participem das reuniões, que se engajem no crescimento e na estruturação do partido nestes sessenta dias que faltam para as convenções.