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28ª JORNADA SUL-BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA ENCERRA COM ÊXITO

Segunda, 23 de abril de 2012


 
  Florianópolis -    Cerca de 350 participantes de diversos estados brasileiros, países da América do Sul, França e Estados Unidos prestigiaram a 28ª Jornada Sul-Brasileira de Cirurgia Plástica, de 19 a 21 de abril, no Majestic Palace Hotel, em Florianópolis. O evento promovido pela direção nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), com organização da seccional catarinense, teve como tema central Face e Nariz, mas também foram discutidos outros assuntos atualmente em evidência, como o uso clínico de células-tronco, a polêmica das próteses de silicone, complicações cirúrgicas, perícia e propaganda médica.
     A agenda de mesas-redondas, conferências, videodemonstrações, cursos, apresentação de trabalhos científicos e exposição de produtos e serviços proporcionou uma intensa atualização sobre operações estéticas e reparadoras, com especial atenção ao segundo tipo. Apesar de 73% das 629 mil intervenções plásticas realizadas anualmente no Brasil terem fins estéticos, conforme pesquisa do Instituto Datafolha, o evento enfatizou o caráter reparador, ou seja, a função de corrigir ou minimizar em adultos e crianças quadros de malformação congênita e sequelas ocasionadas por doenças e acidentes. “A ideia era dar mais visibilidade a este aspecto, que é o objetivo original da cirurgia plástica”, diz Zulmar Accioli, presidente da SBCP-SC e desta edição do encontro, realizado em sistema de rodízio nos três estados do Sul, desde 1984.
     Um dos convidados internacionais, o doutor em medicina Steven Dayan, referência em cirurgia de nariz nos Estados Unidos, veio ministrar curso e fazer demonstração em vídeo sobre rinoplastia avançada, além de proferir a conferência “A Ciência da Beleza”. O nariz e o rosto todo são a região do corpo mais difícil para operações plásticas porque detém o maior número de traços da identidade do indivíduo e ainda por concentrar o mais complexo conjunto de músculos, glândulas e nervos – responsáveis pela mecânica dos órgãos que induzem à percepção de praticamente todos os sentidos e exercem as funções da fala, respiração e alimentação.
 
Células-tronco e propaganda médica
     A cientista francesa Lina El Kassar também esteve presente como conferencista. PhD em medicina, ela desmistificou o uso de células-tronco não só na cirurgia plástica, mas na medicina em geral, contrariando os apregoados procedimentos clínicos tidos como inovadores por este método. “Não existe nenhum tratamento reconhecido, com exceção do transplante de medula óssea para a cura de leucemia e linfoma, o que não configura novidade, pois o material já contém célula-tronco”, explica Accioli. “Somente agora os pesquisadores pensam em testar na retina e no coração humanos, mas isso vai demorar mais uma ou duas décadas. É o futuro, porém ainda longínquo”, sentencia.
     Casos assim, que podem gerar propaganda enganosa, foram assunto de uma conferência sobre ética médica, proferida pelo primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Corrêa Lima, que expôs a consolidação das resoluções da entidade. No caso da cirurgia plástica, reafirmou o que já estava previsto pelo CFM, como a proibição da promessa de resultados e da exibição de fotos comparativas de pacientes já operados pelo próprio cirurgião ou colegas, como também a não recomendação da simulação em computador. A novidade para toda a classe é que os médicos terão agora dois números de registro: o já existente cadastrado no CFM e o Registro de Qualificação da Especialidade (RQE), que deverá constar nos receituários, cartões e em toda a identificação profissional.
 
Próteses de silicone
     Uma das reuniões mais aguardadas foi a que tratou da suspensão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da venda de próteses de silicone nacionais e importadas fabricadas a partir de 21 de março. A decisão do governo federal se deveu aos casos de rompimento de cápsulas das marcas francesa Poly Implant Prothese (PIP) e holandesa Rofil, que continham silicone industrial misturado ao produto padrão permitido. Ambas já estavam proibidas de entrar no País, desde 2010, quando se verificou o problema. O assunto tomou conta do noticiário internacional ano passado quando algumas delas se romperam, pondo em alarde milhões de pacientes pelo mundo que implantaram tais marcas.
     O primeiro esclarecimento é: as próteses de silicone não têm um tempo de vida útil determinado, mas recomenda-se a reavaliação médica depois de 10, 15 anos de uso. Agora, se a pessoa que recebeu o implante notar alguma alteração, tranquilamente, retona ao seu cirurgião para verificar se houve ruptura e, em caso positivo, efetua a troca. O problema não se localiza no rompimento em si, mas no tipo de material contido. E não há necessidade de substituição preventiva, nem mesmo para quem usa PIP e Rofil.
     No Brasil, estima-se que 19,5 mil mulheres tenham implantado estas marcas. A atitude inicial em relação às pacientes foi autorizar a cirurgia para a troca das próteses rompidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos convênios médicos, haja vista que estes mesmos produtos foram chancelados pelo Anvisa quando não podiam, já que o Ministério da Saúde não dispõe de um órgão capacitado para realizar as medições e certificá-los. Ficou determinado, então, que os testes serão feitos pelos mesmos laboratórios que aprovam preservativos e luvas cirúrgicas.
     Na manhã do dia 19 de abril, exatamente na data de abertura da Jornada e do encontro para discutir o assunto, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados reuniu-se em audiência pública com membros da Anvisa, das sociedades brasileiras de Mastologia e Cirurgia Plástica para esclarecer a situação no País. O secretário-geral da SBCP, Dênis Calazans Loma, representante da entidade na ocasião, partiu de Brasília para Florianópolis com a garantia do diretor adjunto da Anvisa, Luiz Roberto Klassmann, de que “não haveria desabastecimento”.
     Conforme o governo, além dos lotes anteriores a 21 de março que estão estocados nas clínicas, em breve começarão a entrar no mercado os produtos com selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), normalizando a demanda de encomendas. Enquanto isso, “está sendo construído na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), junto ao Laboratório de Técnica Operatória do Hospital Universitário, o primeiro laboratório de biomecânica do País, onde serão testados todos os tipos de prótese, feitos com qualquer material”, conta Accioli, que também é professor na instituição.
 
Trabalhos científicos e residentes
     Foram trazidos ao evento 28 trabalhos científicos inéditos sobre os mais diversos aspectos da cirurgia plástica. São experiências sobre a maneira de operar e o uso de recursos que aprimoram ou facilitam a atividade profissional, oferecendo benefícios maiores para o paciente. Somente na Jornada Sul-Brasileira e no Congresso Brasileiro há a apresentação destes relatos. E também apenas nas edições sul-brasileiras que ocorre o Encontro de Residentes do Cone Sul. Pelo 12° ano, reuniu médicos-residentes desta especialidade, atuantes em hospitais e clínicas de países que compõem o bloco.
 
Revista
     Os anais da 28ª Jornada Sul-Brasileira de Cirurgia Plástica reúnem 55 artigos científicos oriundos de diversos estados da Federação, em especial da região Sul. O volume deste ano, de número 41, tem cerca de 200 páginas e foi editado pelo cirurgião plástico Jorge Bins-Ely. Foram distribuídos 300 exemplares da publicação durante o evento e também enviados a bibliotecas de escolas de medicina. A revista é indexada no LILACS, o mais importante e abrangente índice da literatura científica e técnica da América Latina e Caribe.
     A maioria dos trabalhos foi apresentada pelos próprios autores durante a Jornada, sendo dois deles premiados como os melhores do evento – uma novidade instituída nesta edição: na categoria Cirurgia Plástica Restauradora, Tiago Sarmento, de São Paulo, levou o Prêmio Rodrigo d’Eça Neves. E na categoria Estética, Osvaldo João Pereira Filho, de Florianópolis, ficou com o Prêmio João Francisco do Valle Pereira. Cada um recebeu R$ 1 mil. Evandro Parente, Stella Abdalla e Vilberto Vieira, cirurgiões de Florianópolis, formaram a banca avaliadora.
 
Homenagens
     A SBCP prestou homenagem a seis personalidades na sessão solene de abertura. Pela contribuição ao desenvolvimento desta especialidade médica, respectivamente no Estado e no País, o diretor científico da regional catarinense, João Francisco do Valle Pereira, e o diretor-geral do Departamento de Eventos Científicos da entidade nacional, Níveo Steffen, do Rio Grande do Sul. Farid Hakme, do Rio de Janeiro, ganhou reconhecimento da categoria como presidente de honra da Jornada. Jorge Bins-Ely e Rodrigo D’Eça Neves, ex-presidentes da SBCP-SC, foram surpreendidos e também agraciados com placas pela dedicação à atividade, especialmente como professores.
     E o deputado federal Paulo Roberto Bornhausen, atual secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, pela proposição da Lei n° 9608 de 18/02/1998, aprovada em seu primeiro mandato na Câmara Federal. A conhecida Lei do Serviço Voluntário regulamentou a prestação de ofício espontâneo no País, permitindo que estudantes, profissionais (muitos médicos inclusive) e a população em geral exercessem o voluntariado sem os impedimentos implicados na legislação trabalhista vigente.
 
Ação humanitária
     A SBCP, em conjunto com o Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário (HU/UFSC), realizou uma ação humanitária dia 18, operando gratuitamente 20 portadores de câncer de pele. Uma equipe de dez médicos, formada por cirurgiões do próprio hospital e por convidados da SBCP, atendeu pacientes já pré-selecionados de diversas localidades do Estado. Esta atividade social tradicionalmente ocorre na véspera de congressos, jornadas e encontros realizados pela SBCP durante o ano no País.
 
 
Balanço
     A diretoria da SBCP-SC comemora o sucesso desta edição da Jornada, que foi a que reuniu mais participantes em 28 anos de história, aproximadamente 350. “O comentário geral foi que Florianópolis é a melhor cidade do Brasil para fazer eventos, por causa da infraestrutura, a proximidade entre os locais onde eles ocorrem e de hospedagem, além de toda a beleza natural e atrativos turísticos”, comenta o presidente Zulmar Accioli. “Isto credencia a cidade como candidata a sede do Congresso Nacional da SBCP em 2016”, finaliza.
 


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