Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
Facebook Jornal Evolução       (47) 99660-9995       Whatsapp Jornal Evolução (47) 99660-9995       E-mail

Feriadão: belezas e perigos nas alturas

Segunda, 16 de abril de 2012

Monte Crista foi procurado por centenas de caminhantes no final de semana da Páscoa

 

Clique para ampliar
Aventura, que leva horas, exige preparo e também equipamentos adequados (Fotos Elvis Lozeiko/Evolução)
  

Na madrugada da Sexta-Feira Santa – 6 de abril –, um grupo de dezessete pessoas saiu de São Bento do Sul em excursão rumo a Garuva/SC, onde está localizado o Monte Crista, formação rochosa que chega a quase mil metros acima do nível do mar. Cercado pela Mata Atlântica, o local é bastante frequentado principalmente nos feriadões – no da Páscoa, visitar a montanha já se tornou praticamente uma tradição para muita gente. Neste último final de semana, exatas 496 pessoas preencheram a ficha cadastral no ponto de partida para a aventura. “Fora os penetras”, comentou o agricultor Harry Nagel, que cobra o valor simbólico de R$ 3,00 para que os aventureiros passem pela ponte por ele construída no início da caminhada. Os penetras, no caso, são aqueles que preferem passar pelo rio mesmo para iniciar a aventura, sem pagar a taxa.

A excursão são-bentense chegou com o dia clareando, por volta das 6:00. O último grupo a chegar no acampamento central da montanha atingiu o ponto por volta das 16:00. Ou seja, foram necessárias dez horas, entre caminhadas e paradas estratégicas, seja para refeições, para fotografias, para abastecer-se de água ou mesmo para descansar. Os caminhantes mais preparados chegam a fazer o trajeto – de 9 km – na metade do tempo ou em menos tempo ainda. Parte do trecho é composta por trilhas que teriam sido construídas ainda no século 18 pelos jesuítas. A página oficial do Estado de Santa Catarina afirma inclusive que o local abriga ruínas da Capela Jesuíta de Santo Inácio, “um conjunto histórico inexplorado, cercado de lendas que aguçam a curiosidade e o espírito de aventura”.

  

Clique para ampliar
Aventura dos integrantes da excursão são-bentense iniciou ainda de madrugada, com a caminhada começando por volta das 6:00
 

 

Clique para ampliar
(Foto Divulgação)
 

 

Clique para ampliar
Dependendo das condições climáticas, do alto do acampamento central é possível avistar a Baía da Babitonga
 

MISTICISMO E LIXO

Há historiadores que afirmam que o conquistador espanhol Álvar Núñes Cabeza de Vaca e sua equipe passaram pela região antes mesmo dos jesuítas – por volta de 1545. Mas o que mais existe em relação ao Crista são lendas. Entre elas, talvez a mais conhecida: que os jesuítas teriam escondido panelas de ouro a salvo de piratas marítimos – do alto do morro, em dias limpos, é possível avistar, além de Joinville, a região de Caiobá (no Paraná), Itapoá e São Francisco do Sul. Do acampamento principal é possível ver a Baía da Babitonga – dependendo das condições do tempo. Quase no final da caminhada rabiscos que formariam um mapa intrigam os visitantes. Em vários trechos da aventura no Crista existem inúmeras nascentes e cascatas, com água bastante limpa e fria – principalmente em dias não tão quentes. As riquezas naturais na área são várias, com destaque para a flora, com várias espécies dificilmente vistas por aí.

Desde 2005 voluntários da Asssociação Joinvilense de Montanhismo (AJM) atuam no local em períodos de maior movimento para orientar os trilheiros. “A montanha tem um certo misticismo”, destacou Ademir Sgrott, diretor ambiental da AJM. Há relatos de bússolas que teriam parado de funcionar ou que simplesmente teriam ficado “perdidas” nas regiões mais altas. Policiais ambientais também têm marcado presença no local. Uma das preocupações, além da segurança do público, é também a questão do lixo. Consta que de uns tempos para cá os frequentadores estão mais conscientes – prova disso é que as lixeiras localizadas no ponto de partida da aventura estavam abarrotadas no final da tarde de domingo.

 

Clique para ampliar
Região detém grande riqueza hídrica mas conta com pouca lenha à disposição dos visitantes (Foto Divulgação)
 

 

Clique para ampliar
 

 

PREPARO E “SABONETEIRA”

A grande maioria dos aventureiros do feriadão de Páscoa subiu na sexta-feira e retornou no domingo. Portanto, duas noites no local, que possui pouca lenha disponível. Assim, aconselha-se que os caminhantes levem fogareiros para o preparo de alimentos – ou os levem semipreparados. Há quem leve diferentes tipos de roupas – uma para a caminhada propriamente dita, outra para a noite (pode esfriar repentinamente e a neblina é uma constante) e outra apropriada para a chuva. Aliás, a chuva também pode apresentar surpresas desagradáveis, pois os rios da região enchem rapidamente e dificultam – quando não tornam impossível – a volta dos caminhantes. Um ponto conhecido como “saboneteira” fica mais liso ainda, evidentemente, em tais condições, sendo necessário tomar muito mais cuidado – especialmente na descida, normalmente feita em quatro a seis horas.

Apesar de todo o aparato necessário para a aventura, recomenda-se não carregar muito peso, pois há locais bastante íngremes, em que a caminhada se torna praticamente uma escalada. Assim, um preparo físico razoável é recomendado. Mesmo com todo o encanto e com toda a beleza, a falta de preparo físico – e mesmo psicológico – pode fazer com que a pessoa desista. Os trechos feitos com pedras constituem-se de degraus às vezes altos, o que aumenta a necessidade de preparo. Relatos apontam a semelhança destes caminhos com os encontrados na Trilha Inca do Peru.

Se o território que um dia pertenceu a tal civilização conta com várias obras de engenharia feitas com pedras – para regar a plantação, por exemplo –, a montanha catarinense tem pelo menos uma obra bem definida, mas pela própria natureza: conjunto de pedras lembra a forma de um homem sentado, chamado de “Guardião do Crista”. Outra pedra, bem maior, localizada pouco depois da metade do trajeto, é utilizada como mirante, oferecendo uma vista espetacular aos aventureiros.

 

Clique para ampliar
Jovem de 27 anos foi resgatada pelo helicóptero Águia da PM na manhã de domingo
  

MACA IMPROVISADA E RESGATES

Mesmo com todas as maravilhas existentes, uma aventura no Monte Crista também apresenta seus riscos, evidentemente. Três jovens de São Bento do Sul – que não estavam na excursão – acabaram se perdendo na mata no sábado, sendo resgatados pelo helicóptero da Polícia Militar apenas na manhã de domingo, quando o tempo abriu e permitiu que os policiais subissem com a aeronave. Eles foram encontrados no “pé” da parte mais alta do monte. O caso mais sério, porém, aconteceu com uma das participantes da excursão. A moça de 27 anos apresentou sinais de hipotermia (temperatura corporal abaixo do normal) após ter passado um longo período dentro de um rio na tarde de sábado. Ela desmaiou em uma trilha e praticamente parou de respirar em alguns instantes, sendo necessária a realização de respiração boca a boca.

Outros aventureiros ajudaram nos primeiros socorros, inclusive oferecendo uma colcha térmica para reaquecê-la. Um profissional da área de saúde que estava acampando ouviu uma das conversas, via telefone celular, com o Corpo de Bombeiros de Garuva e se dispôs a ajudar também, deixando todos pelo menos um pouco mais tranquilos com o “diagnóstico” que fez e com as informações que repassou. Como as condições climáticas não permitiam a chegada do helicóptero Águia, uma maca foi improvisada e ela foi levada – já um pouco melhor – ao acampamento, ficando em repouso até a manhã de domingo, momento em que a aeronave passou a sobrevoar a região. Novos contatos via telefone celular e acenos dos aventureiros são-bentenses indicaram o local em que ela estava. A jovem foi levada pelos policiais para o Hospital São José, em Joinville, e retornou para São Bento do Sul no domingo à noite.

 

RECOMENDAÇÕES

O capitão Alessandro José Machado, da 2ª Companhia do Batalhão de Aviação da Polícia Militar, destaca que as pessoas que desejam praticar aventuras como a realizada no Monte Crista, além de bem preparadas fisicamente, devem “levar equipamentos adequados”, como bússola ou GPS. “Que evitem bebidas alcoólicas e drogas”, disse. “Também é importante estar com alguém experiente nas trilhas”, pediu. Outro cuidado necessário é com a alimentação, frisou o capitão. “Nem sempre o helicóptero está à disposição”, explicou. Nesses casos, conforme o policial, seria necessário fazer contato via 190 ou 193 (bombeiros) para fazer o resgate por terra. É principalmente no feriadão de Páscoa que tais ocorrências são registradas no Monte Crista. “Todo ano socorremos alguém lá”, explicou. (Por Elvis Lozeiko)



Comente






Conteúdo relacionado





Inicial  |  Parceiros  |  Notícias  |  Colunistas  |  Sobre nós  |  Contato  | 

Contato
Fone: (47) 99660-9995
Celular / Whatsapp: (47) 99660-9995
E-mail: paskibagmail.com



© Copyright 2025 - Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
by SAMUCA