Toda brincadeira – ou quase toda brincadeira – tem um fundo de verdade, sabemos. Ao ver um jovem adentrar uma sala sem cumprimentar ninguém, um senhor de meia idade comentou: “Antigamente as pessoas diziam ‘bom dia’, sabia?”. Sorriso amarelo do jovem, que então se corrigiu, mais pelo puxão de orelha do que pela própria consciência: “Está bem. Bom dia, pessoal”. Pois parece que “antigamente”, há bem pouco tempo na verdade, certos hábitos eram comuns entre as pessoas – inclusive o hábito de dizer um bom dia. Com o tempo, algumas coisas foram se perdendo. Não apenas um simples cumprimento, mas gestos como ceder o lugar a uma pessoa mais velha no ônibus, respeitar a vaga de um deficiente físico no trânsito, devolver o que não lhe pertence, agradecer a um gesto de gentileza... e por aí vai.
Já que estamos às vésperas da Páscoa, que seja também um tempo de ressurreição de hábitos tão simples quanto primordiais à convivência humana, como estes citados – que andam tão em falta no nosso dia a dia, tornando essa mesma convivência cada vez mais difícil e artificial. Muitos se vangloriam por estarmos vivendo a tal “Era da Informação”, por termos chegado ao Século XXI, mas esquecem que pequenas contribuições à sociedade humana podem significar – e significam! – no mínimo respeito e amor ao próximo. Afinal, se “antigamente” era assim, por que hoje não pode ser?