Por enquanto não há indicativos da participação de funcionários públicos catarinenses (Foto: Daniela Xu) As empresas catarinenses Multiban, de Palhoça, na Grande Florianópolis, e Sanicri, de Criciúma, no Sul, são suspeitas de fazer parte de um esquema de fraude aos cofres públicos na locação de banheiros químicos em eventos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As irregularidades seriam a atuação em forma de cartel em concorrências públicas e o superfaturamento de valores. Outras três empresas do RS também são investigadas na mesma ação, que mobiliza o Ministério Público dos dois Estados e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do RS e SC.
Houve monitoramento telefônico sobre empresários suspeitos. O MP do RS estima que, juntas, as cinco empresas investigadas teriam dado rombo de R$ 15 milhões aos cofres públicos nos últimos quatro anos.
Na segunda-feira, promotores cumpriram mandados de busca e apreensão nas empresas em Palhoça e em Criciúma expedidos pela Justiça gaúcha. De acordo com o promotor Alexandre Graziotin, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) em Florianópolis, documentos foram apreendidos nas empresas e serão repassados a promotores do RS que concentram a investigação.
Contrato para diversas prefeituras do Estado
Graziotin disse que a apuração identificou que as empresas catarinenses fizeram contratos de locação de banheiros químicos a mais de sete prefeituras no Estado. Entre elas figuram as de Florianópolis, Joinville, Itajaí, Camboriú, São Francisco do Sul, Araranguá e Balneário Gaivotas.
Conforme o MP, a fraude consiste na apresentação de propostas como sendo de diferentes empresas, montando uma competição, quando, na verdade, todas as concorrentes ou pertencem ao mesmo grupo familiar, ou estão acordadas entre si para determinarem os vencedores.
O promotor Graziotin disse que por enquanto não há indicativos da participação de funcionários públicos catarinenses. De acordo com o promotor do RS, Ricardo Herbstrith, nas cidades onde ocorria a fraude a locação de cada banheiro químico custava cerca de R$ 55 por dia. Nos municípios onde não havia atuação do cartel, a diária não passava de R$ 25. Os crimes investigados são de formação de quadrilha e de fraude à licitação.
A investigação pretende descobrir também a dimensão dos supostos danos aos municípios catarinenses. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de SC informou que isso é possível com a comparação de contratações públicas e não públicas feitas nas cidades por essas empresas.
Contraponto
O que disse a empresa Multiban, de Palhoça:
O DC conseguiu contato com o gerente geral da empresa, Lincoln Lenoch. Ele afirmou que desconhecia a investigação e que por isso a empresa não iria se manifestar por enquanto. Ele comentou apenas que a empresa de Palhoça e uma de Caxias do Sul que também é investigada são empresas distintas.
O que disse a empresa Sanicri, de Criciúma:
O DC não conseguiu contatar nenhum representante da empresa por telefone nesta segunda-feira.
DC