Toda vez que o pronto-socorro do Hospital Municipal São José, com capacidade para atender a 43 pacientes ao mesmo tempo, alcança a demanda de cem, a atuação do setor é restringida.
Isso ocorreu pelo menos seis vezes nos últimos 12 meses – está sendo assim desde segunda-feira. Foi quando a direção do hospital decidiu que o setor, que já lida com demanda acima da capacidade em dias normais, deveria priorizar pacientes de urgência e emergência. Ou com “risco de morte”, como diz a placa informativa ao público.
O pronto-socorro começou o final de semana com 71 pacientes internados e amanheceu a segunda-feira com 107 pacientes. Na noite de segunda, reduziu para 96 e, terça, para 82. Ainda assim, a emergência estava superlotada, com gente sendo atendida pelos corredores e “internada” em cadeiras e macas.
Os profissionais do hospital fazem um apelo à população: pedem para quem estiver com sintomas brandos procurar postos de saúde e pronto-atendimentos. Casos considerados menos graves não têm sido atendidos – a recomendação é que sejam encaminhados para outras unidades de saúde.
O diretor-presidente do hospital, Tomio Tomita, informou na terça-feira que o pronto-socorro está há duas semanas com demanda muito superior à capacidade. Segundo ele, a medida foi tomada como prevenção para o típico aumento de atendimentos durante o feriado de Carnaval, no dia 21.
— Médicos e enfermeiros estão cansados e precisam estar preparados para o feriado—, justificou ele, que afirma que a situação “é sazonal”.
O descontentamento dos funcionários com o trabalho acima da capacidade foi expressado em um manifesto entregue às secretarias da Saúde do Estado e do município no dia 24 de janeiro. A principal reclamação é de que a falta de médicos no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt sobrecarrega o São José.
Como das outras vezes, as cirurgias eletivas, que são agendadas e exigem internação do paciente, foram suspensas na tentativa de combater o número excessivo de pacientes na emergência. Secretarias de Saúde das cidades da região Norte de Estado foram alertadas sobre a situação do hospital, que é referência no tratamento de vítimas de acidente de trânsito.
Para o enfermeiro supervisor Hamilton Correia Vargas, o problema não é falta de médicos para a capacidade do pronto-socorro. Mas, quando a demanda ultrapassa o número de leitos, a situação fica crítica: falta espaço físico para acomodar tantas pessoas.
O pronto-socorro também acaba por receber pacientes de outros setores, que apresentam falta de leitos.
— Faz muitos anos que não há aumento no número de leitos em Joinville—, avalia o enfermeiro.