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João Carlos Martins dá show no Femusc

Quinta, 02 de fevereiro de 2012

 

Um dos maiores nomes da música clássica brasileira e internacional, o pianista e maestro paulista João Carlos Martins, de 71 anos, subiu pela primeira vez ao palco da Sociedade Cultura Artística (Scar) de Jaraguá do Sul na noite de terça-feira, durante o Festival de Música de Santa Catarina. Grande especialista e intérprete da música de Johan Sebastian Back, o repertório fechou com uma apresentação emocionante do Hino Nacional, que foi aplaudida de pé pela plateia.
Responsável pela Fundação Bachiana, organização não governamental que promove um trabalho de inclusão social através da música, Martins destacou a importância de democratizar o gênero erudito, levando-o a todas as pessoas e lugares. Ele também se impressionou com a estrutura da Scar e com a qualidade musical do Femusc, que prossegue até sábado, 4. "Aqui só tem gente do bem e muito competente", afirma.
A talento de Martins pela música despontou quando ele ainda era menino, ao ganhar um piano do pai. Aos oito anos, venceu um concurso para executar obras de Back, superando o primeiro de tantos outros desafios que estavam por vir. Por diversas vezes, Martins viu-se privado de seu contato com o piano, como quando sofreu um acidente e um assalto que o fizeram perder parte dos movimentos das mãos.
Mas a paixão incontrolável pela música fez com que ele não desistisse e criasse um estilo único de tocar. Martins utiliza os dedos que pode em cada mão e procura memorizar nota por nota das composições por causa da dificuldade em virar as páginas da partitura. Um exemplo que serve de inspiração aos músicos mais jovens e que demonstra a dedicação do maestro ao universo musical.
Abaixo você acompanha a entrevista que o maestro e pianista concedeu ao Anexo.

Anexo - A sua rotina de concertos é bastante extensa. Quantas apresentações o senhor fez no ano passado?
João Carlos Martins - No ano passado foram 204 concertos, 30 dias e 30 noites dentro de um avião e 125 noites em hotéis. Mas procuramos fazer música com amor, não só nos grandes teatros brasileiros e do mundo, mas também nas comunidades carentes.

Anexo - O senhor conduz um projeto social muito importante. Quantas crianças estão tendo aulas de música através da Fundação Bachiana?
Martins - Hoje o projeto atende 2.200 crianças, com o objetivo de formar mil orquestras jovens no País em dez anos. São 13 núcleos que levam a música clássica às comunidades, em São Paulo, Votuporanga (SP), Guarulhos (SP), Suzano (SP), Cariacica (ES), Colatina (ES) e Contagem (MG) e a sede da fundação será inaugurada no dia 1º de março, em São Paulo.

Anexo - Como o senhor avalia o cenário da música clássica no Brasil? Ainda está muito elitizada?
Martins - Se todos os artistas fizessem o que faz o Alex Klein (diretor artístico do Femusc e oboísta), o que eu faço e o que faz o Arthur Moreira Lima (pianista que também está envolvido em projetos sociais), a arte estaria em um patamar totalmente diferente. É preciso popularizar a música clássica, para que pessoas de todas as classes sociais a conheçam e possam apreciá-la. Os artistas não devem ficar em torres de marfim, mas levarem a música a todos os segmentos. Eu sempre digo que só se faz música com disciplina de atleta e alma de poeta.

Anexo - Recentemente o senhor participou da gravação de um CD do Chitãozinho e Xororó, que une a música erudita com a sertaneja. O senhor acredita que a união desses dois estilos pode ajudar a popularizar a música clássica?
Martins - Eu acredito que sim, que a tendência é a música clássica se popularizar cada vez mais. Esse tipo de trabalho (gravação do CD) e o que eu fiz com a Vai-Vai (em 2011, Martins foi homenageado pela escola de samba e desfilou no Carnaval) corresponde a 2% das atividades que eu faço, mas nesses 2% o buxixo é tão grande que acaba atraindo a atenção para a música clássica. A gravação do CD foi para as pessoas de nariz empinado verem a força da música sertaneja e para o público da música sertaneja conhecer o universo da música clássica.

Anexo - Como a música ajuda na formação do ser humano?
Martins - Eu acho que a música une gerações, povos. Através da música não existe disputa, mas uma relação de solidariedade, porque ela trabalha para o bem, nunca para o mal.

Anexo- O que precisa ser feito para que as crianças e jovens tenham acesso à música desde cedo, ajudando a formar novos talentos?
Martins - Acredito que a volta da música às escolas como atividade complementar a partir do ano que vem será muito importante para isso. Mais de 15 mil escolas brasileiras já se cadastraram para o ensino de música e acredito que daqui quatro ou cinco anos poderemos ver o que essa mudança significou no País. Eu acredito que com amor, paixão e determinação, o Brasil um dia poderá ocupar a mesma posição que a China, onde a música está em primeiro lugar para a inclusão social.

Anexo - A sua história é um exemplo de superação e paixão pela música. O senhor costuma contá-la para servir de estímulo aos musicistas mais jovens?
Martins - Não só conto, mas também faço palestras motivacionais para músicos. Eu costumo dizer que a gente tem de esquecer as mágoas do passado e não perder a esperança no futuro.



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